Qual a expectativa para a normalização das cadeias produtivas?

A disrupção das redes globais de insumos e suprimentos é uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo lado da oferta recentemente. De acordo com a Sondagem Industrial da FIERGS*, a escassez / alto gasto com matérias primas foi o principal problema acusado pelo parque fabril gaúcho, com 70% das respostas no levantamento do terceiro trimestre de 2021. Apenas para fins de exemplificação, a segunda alternativa mais apontada – elevada carga tributária – somou 33,2%. Naturalmente, o cenário descrito também reverbera nos consumidores, atuando para retirar o poder de compra dos salários.

Após o diagnóstico, cabe examinar até quando o gargalo em consideração pode perdurar. Nesse sentido, o banco Goldman Sachs detalha os vetores relevantes para monitoramento e as projeções para o alívio da situação.

1) Houve redução significativa de casos de COVID-19 no Sudoeste Asiático, ou seja, em nações fornecedoras para a China. No entanto, levará algum tempo até que o relaxamento das restrições às atividades nas respectivas localidades contribua para o acréscimo efetivo dos estoques, devido ao custo de ajustamento. Outro fator importante para atenuar os desequilíbrios é a continuidade do processo de redistribuição do crescimento entre setores: demanda por serviços em ascensão e menor procura por bens em decorrência dos ganhos de mobilidade da população.

2) Impacto do término das políticas de seguro desemprego nos Estados Unidos. Consequentemente, espera-se aumento do interesse da mão de obra em retornar ao mercado de trabalho nos próximos períodos, beneficiando segmentos essenciais para o incremento da capacidade das empresas.

3) Encaminhamento da fila dos portos americanos, cuja utilização encontra-se 25% acima dos patamares anteriores à pandemia. São cerca de 80 navios aguardando para descarregar nos maiores terminais da costa oeste: o prazo médio da operação está em sete dias, enquanto o padrão seriam dois. A sazonalidade favorável acontecerá nos primeiros meses do ano que vem, especialmente depois do Ano-Novo chinês, em fevereiro. Além disso, a previsão é de que os efeitos dos estímulos concedidos à economia em escala mundial arrefeçam, provocando queda das movimentações.

Portanto, diante das análises supracitadas, entendemos que a diminuição das adversidades não sobrevenha imediatamente. A perspectiva é de que uma melhora concreta ocorra somente a partir de julho de 2022.

*Dado que os entrevistados podem assinalar mais de uma escolha, os percentuais ultrapassam 100%.

Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

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Data

16 novembro 2021

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