Voltamos a crescer, e agora?

Voltamos a crescer, e agora?

14

DEZEMBRO, 2017

Notícias

A palavra que define a economia brasileira em 2017 é recuperação. Segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE), a recessão brasileira que começou no segundo trimestre de 2014 terminou no último trimestre de 2016. Com isso, foram 11 trimestres consecutivos de uma das crises mais profundas da história do país. Ou seja, foram quase 3 anos de encolhimento da economia.

Hoje, o panorama é completamente diferente. A confiança do consumidor tem mostrado recuperação. Ainda que o índice de confiança do consumidor da FGV tenha apresentado um patamar negativo no mês de novembro desse ano, ele cresceu 10,6% com relação ao índice de novembro do ano passado. A inflação está sob controle, com expectativa de fechar o ano em 2,9%, o que seria a menor inflação em um ano desde a instituição do sistema de metas de inflação. A taxa de juros está em um patamar baixo, com o menor valor histórico da Selic. Aliado a esses fatores, o emprego formal voltou a crescer, o que contribui também para a estabilização da massa de salários, o que se traduz no comércio em mais consumo decorrente da estabilidade econômica e do aumento da renda.

No Estado gaúcho, vemos uma situação um pouco mais complicada. Já voltamos a uma trajetória de crescimento, mas não em todos os setores. No último resultado divulgado, para o terceiro trimestre de 2017, o comércio foi o principal fator para que na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior a variação do PIB do RS ficasse em 0%. Tanto a indústria quanto a agropecuária apresentaram variação negativa (-2,2% e -6,6%, respectivamente), mas o setor de serviços cresceu 1,6% e ajudou a segurar a variação do produto em um patamar não negativo. Dentro dos serviços, a maior variação foi no comércio, que apresentou crescimento de 6,4% no período. No acumulado em 12 meses, o PIB gaúcho apresenta crescimento de 0,8%, sendo o segundo trimestre consecutivo de crescimento nessa base de comparação após 10 trimestres consecutivos (ou 2,5 anos) de queda.

As perspectivas para o futuro são promissoras. A retomada do nível de PIB que foi perdido na recessão ainda deve levar de 4 a 5 anos, aproximadamente. Mesmo assim, saímos mais fortes da crise e com uma melhor maturidade política, evidenciada pelas aprovações de reformas importantes para o crescimento sustentável a longo prazo do país. No entanto, ainda teremos muitos desafios pela frente. No RS, a crise das finanças públicas ainda levará algum tempo para ser solucionada. Desde a década de 1970, o governo gaúcho só fechou o ano com as contas positivas em 7 anos. Se mantivermos essa mentalidade de gasto maior que a receita, a situação do Estado será sempre insustentável e a crise das finanças públicas não será sanada. Assim como no orçamento doméstico, os gastos públicos não podem ser maiores que a receita por muito tempo. Precisamos de um ajuste fiscal nas contas públicas do Estado, que já deveria estar registrado no SCPC.

 

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*VICTOR SANT’ANA É ECONOMISTA DA CDL PORTO ALEGRE E POSSUI GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS E MESTRADO EM ECONOMIA APLICADA PELA UFRGS.

Data

14 dezembro 2017

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