PIB do Brasil e o ciclo de recomposição dos estoques

PIB do Brasil e o ciclo de recomposição dos estoques

09

JUNHO, 2021

Notícias

De acordo com o IBGE, o PIB do Brasil subiu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 em comparação com os três últimos meses de 2020, na série com ajuste sazonal. O resultado surpreendeu positivamente o mercado, que esperava incremento de +1,0%. A partir da abertura das estatísticas oficiais, é possível avaliar as causas, além de traçar perspectivas a respeito do que aguardar para o futuro.

Pela ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo avançou +4,6%. Tal componente representa a diferença entre (1) os investimentos que objetivam a ampliação da capacidade produtiva e (2) a variação dos estoques no respectivo período.

Desde o início do distanciamento social, conforme o gráfico a seguir, houve uma considerável redução do segundo membro. Os dados sinalizam que a procura foi bem superior à oferta, de modo que o atendimento de uma parcela dos pedidos só ocorreu através do uso das reservas acumuladas pelos fabricantes no passado. O descompasso foi provocado pela combinação entre (1) disrupção de diversas cadeias diante das restrições ao funcionamento dos negócios e (2) políticas públicas de suporte aos rendimentos das famílias e aos empregos.

Porém, entre janeiro e março de 2021, o indicador aumentou R$ 84 bilhões. O processo de recomposição também é comprovada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma vez que o nível efetivo, cujo patamar estava notavelmente abaixo do planejado pelas firmas do setor em dezembro de 2020, já se encontrava adequado no terceiro mês do presente ano. As hipóteses que podem ajudar na explicação do referido fenômeno são: (a) insuficiência de consumo, em um intervalo de tempo marcado pela não renovação das medidas de apoio do governo federal e pela deterioração da ocupação; (2) dificuldade de acesso a insumos e suprimentos em distintos segmentos, fruto, entre outros motivos, da significativa ascensão dos custos determinados pelos preços das commodities em alta e da taxa de câmbio depreciada.

Visto que as evidências apontam para a normalização dos estoques, existe uma menor pressão sobre a produção. Ou seja, esse é um vetor que deve conter elevações mais expressivas da atividade econômica nas próximas leituras. Entendemos que o ambiente no curto prazo é desafiador em função da continuidade da pandemia, a despeito de algumas ações expansionistas aprovadas pela União recentemente. Dependemos, portanto, de reformas que destravem a geração de crescimento sustentado.

*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

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Data

09 junho 2021

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