CDL POA Talks: Desafios para a economia e o varejo no segundo semestre de 2021

CDL POA Talks: Desafios para a economia e o varejo no segundo semestre de 2021 

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JUNHO, 2021

Notícias

A CDL POA realizou nesta terça-feira (29), a primeira edição do CDL POA TALKS, uma série de lives, transmitidas no canal da Entidade no Youtube, que visa apresentar conteúdos qualificados do setor com uma abordagem dinâmica. O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, foi o primeiro convidado do evento online e apresentou quais são os próximos desafios para a economia e o varejo neste segundo semestre de 2021. No momento em que investir no negócio e buscar soluções é absolutamente fundamental para as empresas, o convidado apresentou medidas concretas para a dinamização das empresas. Conheça os principais pontos de sua participação.  

PIB do Brasil e do Rio Grande do Sul  

No início de sua palestra sobre os desafios para a economia no segundo semestre de 2021, Oscar Frank, lembrou que a retomada tem sido desigual entre as atividades econômicas. O economista destacou a variação do PIB do Rio Grande do Sul em relação ao do Brasil, desde o início da pandemia. Observou que no 1º trimestre de 2020, além do impacto da pandemia, o RS sofreu com uma estiagem severa, que reduziu o PIB local a -13,5% no segundo trimestre do ano passado. Já ao final de 2020, houve uma recuperação a partir dos incentivos do Governo Federal. No 1º trimestre de 2021, o resultado do PIB gaúcho apresentou resultado melhor que a o da média brasileira, porque além da normalização da safra de grãos, houve um ganho expressivo da rentabilidade dos produtores do campo, determinados não só por receitas em elevação puxadas por demandas externas aquecidas, como também por um câmbio convidativo para a exportação e por custos que ainda não haviam sido afetados pelo dólar mais alto. Essa combinação fez com que o PIB do RS ficasse em 4%, quando o Brasil cresceu 1,2%. Os resultados do 1º trimestre apontam que o Brasil já conquistou um PIB semelhante ao pré-pandemia e o Rio Grande do Sul atinge 2,2% acima no nível pré-pandemia.  

Recuperação heterogênea  

Ao olhar para a recuperação dos setores da economia, Frank ressaltou como esse processo se deu de forma heterogênea. A partir de dados nacionais, mostrou que o setor de serviços foi muito mais afetado que o da indústria e o da agropecuária. Ao abrir mais os subsegmentos que compõem os serviços, o economista destacou que alguns foram ainda mais afetados, por dependerem mais de interação social, como é o caso de administração, educação e outros serviços (hospedagem, turismo, gastronomia) que respondem por aproximadamente 30% do PIB. O economista acredita que a retomada do segundo trimestre deva ser puxada por estes segmentos, que estão se abrindo com o controle da situação sanitária, propiciada, especialmente, pela vacinação. Já a indústria obteve crescimento de 1,9% no período entre o 4º trimestre de 2019 e o 1º trimestre de 2021, puxado pela indústria de transformação e pela realocação de gastos das famílias para bens duráveis. Já a agropecuária cresceu 5,8% no mesmo período.   

Resultados do varejo  

Ao analisar as vendas do comércio varejistas no Rio Grande do Sul, Frank mostrou que dentro do varejo também se aplica a heterogeneidade entre os segmentos, durante o período de pandemia. Em uma análise do volume de vendas do comércio varejista no estado, nos últimos 12 meses, os dados mostram que hipermercados, fármacos e cosméticos foram os itens que sofreram menos impacto, por suas características necessárias à sobrevivência e ao bem-estar. Dos segmentos que cresceram no período, destaque para os materiais de construção, móveis e eletrodomésticos, puxados pelo comportamento das pessoas, que passaram a ficar mais tempo em casa e sentiram a necessidade de melhorarem seus espaços. Por outro lado, o economista lembrou que outros serviços como vestuário, calçados, tecidos entre outros forma impactados negativamente no período, por serem setores em que os consumidores conseguem realizar cortes em seus orçamentos sem grande prejuízo do 

bem-estar. O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, ressaltou que serão justamente estes segmentos que puxarão o crescimento para o 2º trimestre de 2021, robustecendo a retomada econômica. 

Desafios para a retomada  

Para a retomada, o economista apresentou 4 desafios principais da economia no 2º semestre de 2021: o primeiro deverá ser a crise hídrica; em segundo lugar, a dificuldade de acesso a insumos e a suprimentos por parte dos empresários e inflação pressionada; como terceiro desafio, destacou a reversão dos estímulos adotados nos países desenvolvidos para mitigar os impactos da pandemia; e, por fim, o quarto desafio configura-se pelo mercado de trabalho, um desafio tremendo, pois quanto mais tempo a pessoa fica desempregada, maior é o despreparo para a recolocação. 

Oportunidades para a retomada  

Por outro lado, Frank citou as oportunidades da economia no 2º semestre de 2021, representadas pelo ganho de tração da vacinação porque vai permitir a flexibilização do funcionamento das atividades e o aumento da confiança dos agentes econômicos; pelo boom de commodities e seus efeitos de encadeamento para outros setores como indústria e serviços; pelos juros ainda baixos (para padrões brasileiros). O economista esclareceu que a taxa real de juros é a taxa SELIC menos a projeção do IPCA em 12 meses – hoje a taxa está em 0%, mas chegou a ser negativa; e pela disponibilidade de poupança formada pelas famílias ao longo de 2020, devido à insegurança em relação à pandemia e ao auxílio emergencial, existe liquidez aguardando o momento de retomada.   

Medidas concretas para dinamizar as empresas  

Cadastro Positivo  

Após a apresentação do cenário econômico, o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, elencou medidas concretas que podem dinamizar as empresas. A primeira delas diz respeito ao Cadastro Positivo. Recentemente, o Banco Central lançou estudo empírico que mostrou que o Spread (diferença entre o que os bancos gastam para captar os recursos e aquilo que eles emprestam na ponta final) para os usuários sem as informações positivas de adimplemento era de 330% ao ano. Já o Spread para usuários com a informações de adimplemento (positivas) alcançou 299%, ou seja, uma queda relevante de – 31 pontos percentuais. 

O economista ressaltou que estes resultados devem ser ainda melhores a partir da inclusão de dados de telecomunicações, eletricidade e gás – que trarão uma grande carga de informações estatísticas que podem viabilizar informações positivas. “Nós acreditamos demais no cadastro positivo como instrumento que vai democratizar o mercado de crédito, que vai gerar queda da inadimplência, juros mais baixos, como foi verificado pelo Banco Central”, afirma.  

Mercado de antecipação de recebíveis – aperfeiçoamento da recuperação de crédito

Oscar Frank demonstrou que a recuperação de crédito no Brasil é pouco eficaz. A partir de uma pesquisa do Banco Mundial, para cada US$ 1,00 de uma execução de dívida, o Brasil consegue recuperar apenas US$ 0,18, uma das taxas mais baixas do mundo (a média é de 18%). Conforme se aumenta a eficácia da recuperação de crédito, os Spreads são menores. Isso se traduz em crédito mais barato, mas fácil e maior desenvolvimento. Ele citou as Normativas do Banco Central 4.734 e 3.952 que vão ao encontro de melhorar este cenário e destravar R$ 1,8 trilhão em crédito. E já geram efeitos benéficos sobre a economia.  

Além do Cadastro Positivo e do mercado de antecipação de crédito, o economista também citou a busca de ativação de antigos clientes e prospecção de novos, estratégia de cobrança de dívidas antigas e gestão adequada de estoques como outras soluções concretas que podem dinamizar as empresas no momento de retomada econômica. Frank ressaltou que a CDL Porto Alegre possui soluções adequadas que põem auxiliar em todo o processo. Disse ainda que o papel das Entidades Parceiras no interior do estado é fundamental para que as empresas possam encontrar as soluções mais adequadas.   

Frank resumiu o momento com um sentimento de otimismo cauteloso para o segundo semestre de 2021. Há desafios e oportunidade, a depender de cada um. “Não existe milagre, nós precisamos de reformas e cabe a cada um de nós buscar gerar esses conhecimentos e convencimento para que possamos buscar uma sociedade melhor e um patamar mais alto em termos de geração de renda”, pontuou. As dificuldades são uma realidade, no entanto, as empresas devem fazer seu dever de casa. Muitas vezes, são as próprias empresas que, por alguma falha, acabam perdendo uma quantidade de vendas muito significativa. Investir no negócio, buscar soluções é absolutamente fundamental, finalizou.    

 

Data

29 junho 2021

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