Recentemente, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do governo federal, com base na PNAD, realizou levantamento da quantidade dos desocupados de longo prazo no território nacional. O tema é relevante pelo fato de que o contingente registra tendência de aumento, gerando diversos tipos de implicações para o mercado de trabalho e a renda.
Enquadra-se no conceito a mão de obra que está procurando uma vaga, sem lograr êxito no seu objetivo, há pelo menos 24 meses. Uma das características principais do grupo é a dificuldade em buscar recolocação, em função da associação positiva entre o tempo sem o exercício da profissão e a perda de capital humano. Ou seja, quanto maior é a duração do afastamento, menor é o contato com as técnicas e habilidades necessárias para o bom desenvolvimento de um ofício. Por conseguinte, o restabelecimento dos padrões anteriores a momentos de recessão apresenta resistência em voltar ao seu estado original.
De acordo com as estatísticas oficiais, houve incremento significativo entre 2014 e 2019 da variável em consideração (de 1,2% para 3,2%). Embora tenha ocorrido uma redução em 2020 (2,6%), a fração supera o o dobro da verificada em 2014, quando iniciamos uma trajetória de crescimento negativo, marcada pela crise institucional e da chamada “Nova Matriz” entre 2015 e 2016, e a pandemia do coronavírus: entre 2014 e 2020, o PIB per capita caiu 11,1%. É importante notar que os números se referem ao final do primeiro semestre de cada período, visando evitar a influência das contratações provisórias para a demanda de fim de ano.
O fenômeno exibe assimetria, pois incide entre os jovens de 17 a 29 anos (48,4% do total). Além disso, dentro desse subconjunto, grande parte possui baixa escolaridade, sendo que no máximo 80% tem apenas o ensino médio completo.
Entendemos que os dados retratam uma situação preocupante, e trazem consequências prejudiciais às perspectivas de retomada do nível de atividade brasileiro no futuro. O atual contexto ganha contornos ainda mais desafiadores por conta do fechamento das entidades educacionais desde o começo do distanciamento social, com retrocessos sobre a qualificação dos estudantes.
*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA
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