Vestuário sofre a maior queda de vendas entre os segmentos do varejo durante a pandemia

Vestuário sofre a maior queda de vendas entre os segmentos do varejo durante a pandemia
09
SETEMBRO, 2020
Notícias
Os resultados do segundo trimestre, a partir de dados abertos, de cinco grandes varejistas brasileiras do vestuário deixam claro os estragos causados pela pandemia. O sentido é oposto ao indicado pelo Banco Central para o sistema financeiro. De acordo com análise da Boa Vista Serviços, parceira de negócios da CDL Porto Alegre, e dos balanços publicados em 2020 por Lojas Renner, Riachuelo, Marisa, Hering e Soma, houve uma queda nas vendas de cerca de 70%, em média (Renner -73,3%; Riachuelo -70,4%; Marisa -72,5%; Hering -67%; Soma -7,1%), em comparação ao segundo trimestre de 2019.

Enquanto os dados do Banco Central apontam uma leve redução da inadimplência, nestas empresas foram observadas altas no percentual inadimplente sobre a carteira de crédito e na provisão para devedores duvidosos (o que pode indicar que um número pior ainda está por vir) e uma redução na carteira de crédito das mesmas por volta dos 20% (Renner -18,3%; Riachuelo -17,5%; Marisa -24,7%; Hering -19,2%; alguns dados do Grupo Soma ainda não estão disponíveis em função da abertura de capital recente).

As vendas sofreram queda nas cinco empresas e, como já era esperado, o impacto das medidas de isolamento social sobre os resultados do segundo trimestre foram muito maiores em comparação com o primeiro trimestre em razão do tempo que elas perduraram em cada um dos períodos.

Ao contrário do que foi verificado nos grandes bancos, que renegociaram os prazos e condições com seus clientes e, por conseguinte, empurraram o impacto da pandemia sobre a inadimplência para o futuro, estas empresas sofreram com isso já no primeiro momento. A situação serve de alerta para aquilo que pode acontecer nos próximos trimestres, como ressaltaram, também, os presidentes dos grandes bancos quando perguntados sobre essa questão após a divulgação de seus respectivos balanços.

Para o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o distanciamento social afetou os resultados das grandes varejistas em uma proporção colossal. “Creio que o segundo trimestre tenha sido o fundo do poço, de modo que, já a partir do terceiro, deverá haver uma recuperação dos indicadores financeiros”, destaca. O economista ressalta, ainda, que a flexibilização das quarentenas, a estabilização do mercado de trabalho e os auxílios emergenciais do governo federal sustentarão esta retomada.

Enquanto outros setores varejistas compensaram a redução das vendas nas lojas físicas com as vendas online, os varejistas do setor de vestuário não tiveram a mesma capacidade de substituição das vendas, até por conta do tipo de produto comercializado. Com o comércio nas lojas físicas já praticamente regularizado em todo o País, os próximos trimestres mostrarão a capacidade de retomada das vendas dessas empresas.

Por outro lado, as empresas de varejo de móveis e eletrodomésticos turbinaram as vendas online e ganharam força durante a pandemia. Os dados de empresas que trabalham tanto com lojas físicas quanto varejo online mostram que este segmento, que já era por muitos apontado como uma tendência irreversível a se consolidar, ganhou força e antecipou diversas etapas do processo devido à pandemia. Os números da Magalu e da Via Varejo, por exemplo, deixam isso muito claro.

As vendas online foram responsáveis por reverter a queda observada nas vendas das lojas físicas, uma vez que os produtos desse setor possuem uma maior penetração no varejo online em datas como a Black Friday, por exemplo, e com plataformas digitais bem mais desenvolvidas. Além disso, em termos de inadimplência, os números são bem melhores do que aqueles apresentados anteriormente. Vale ressaltar, ainda, que a inadimplência da Via Varejo mostrava sinais de recuo no mês de julho, caindo para um nível de aproximadamente 9,0% de acordo com os próprios dados da empresa.
 

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A CDL Porto Alegre reafirma seu compromisso em acolher as necessidades dos varejistas, auxiliando-os a transpor os entraves da disseminação do coronavírus. A Entidade tem a convicção de que a unidade do setor fará grande diferença neste momento tão delicado e de apreensão para todos. Com a atenção e a disponibilidade de cada empresário, para fazer a sua parte, o setor sairá ainda mais forte desta crise.

 

Data

09 setembro 2020

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