Banco Central eleva a SELIC pela 7ª vez consecutiva e mantém velocidade do aumento.
Em comunicado oficial, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu de forma unânime aumentar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual, elevando a SELIC para 10,50% a.a.
Esse é o sétimo aumento consecutivoda taxa de juros, que já subiu 3,25 p.p. desde o final de abril.
Em um curto comunicado oficial, o Banco Central acrescentou que optou “nesse momento” pela elevação de 0,5 ponto. A ata da reunião, a ser liberada na próxima semana, pode dar mais indicações se o atual ciclo de aumentos continuará no mesmo ritmo, ou se a autoridade encaminha seu encerramento.
O aumento ocorreu acima das expectativas, tanto no mercado como um todo quanto das instituições que mais acertam suas previsões.
A próxima decisão sobre a taxa de juros ocorrerá em 26 de fevereiro.
Fonte: FOCUS/Banco Central do Brasil Elaboração: NI/CDL Porto Alegre
(SELIC em % a.a., IPCA em var. % acumulada em 12 meses)
Fontes: IBGE; FOCUS/Banco Central do Brasil Elaboração: NI/CDL Porto Alegre
Considerações da Assessoria Econômica
Conforme o gráfico acima, a inflação fechou 2013 em 5,91%. Apesar do compromisso assumido pelo Banco Central em trazê-la para 4,5% a.a., a inflação não se aproxima da meta desde 2009.
O grande problema está na expansão continuada dos gastos públicos para incentivar a demanda, ao invés de aplicar tais recursos em investimentos que permitiriam a ampliação da capacidade produtiva. Desde jul/2011 o superávit primário é constantemente menor, mesmo com as alterações contábeis do Governo para atingir a meta estipulada.
Há também um problema adicional: a instabilidade no mercado de câmbio implicará fatalmente em repasse no aumento dos preços dos importados.
Para o final de 2014, a mediana do mercado espera taxa de juros em 10,5% a.a., cenário que implicaria ainda em um encerramento do ciclo nesse momento. Entretanto, após a última decisão esse cenário parece pouco provável. Nossa avaliação é que a SELIC deve ficar próxima a 11%, podendo até mesmo ser mais alta.
Entretanto, a pressão sobre o Banco Central em função do calendário eleitoralpode fazer com que os próximos aumentos sejam parcelados: um aumento de mais 0,25 p.p. até fevereiro, sendo interrompido até o fim das eleições, quando a SELIC voltaria a subir.
Nesse sentido, nossa análise aponta que:
- a SELIC deve permanecer relativamente estável ao longo da maior parte de 2014;
- isso representa um incentivo ao consumo no curto prazo e, portanto, não deve atrapalhar o Varejo ao longo de 2014;
- entretanto, como o cenário externo ainda não está totalmente definido, em função do ritmo da retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos, um eventual aumento mais forte do câmbio pode provocar juros ainda mais altos;
- além disso, como o comportamento dos gastos públicos não é sustentável no longo prazo será necessário um ajuste nas contas do governo, penalizando o crescimento futuro, provavelmente a partir de 2015 em função do calendário eleitoral.