O índice oficial de inflação do Brasil, o IPCA, fechou com aumento de 0,37% em maio, conforme dados divulgados há pouco pelo IBGE. Com esse resultado, em 12 meses o índice já acumula 6,5% de aumento, exatamente o limite superior da meta de inflação.
O resultado foi em linha com as expectativas do mercado para esse mês, que projetavam inflação com aumento de 0,38%.
Em Porto Alegre a variação foi maior, fechando 0,5% em maio. Em 12 meses, os preços em Porto Alegre já acumulam 5,9% de aumento.
Dentre os itens de maior variação temos:
- para o Brasil: Alimentos e bebidas (5,98%), Educação (6,54%) e Saúde e cuidados pessoais (3,98%);
- para Porto Alegre: Educação (5,96%), Alimentos e bebidas (4,47%) e Saúde e cuidados pessoais (4,06%);
Considerando o tipo dos preços e bens – livres e importáveis, livres e não-importáveis e monitorados pelo governo – as variações foram, aproximadamente:
- livres e importáveis: 0,23% em maio, fechando 6,4% em 12 meses;
- livres e não-importáveis: 0,5% em maio, e 8,7% no acumulado;
- monitorados: 0,29% em maio, e 1,1% no acumulado.
Lembramos que nessa classificação dos produtos por possibilidade de importação ou monitoramento dos preços, a categoria Livres não-importáveis é composta em sua maioria por Serviços.
Para os próximos meses, o mercado espera variação mensal de 0,3%, mas com o acumulado em 12 meses ainda próximo à banda superior da meta.
Fonte: IBGE; Banco Central do Brasil. Elaboração: AE/CDL POA.
(em var% acumulada em 12 meses)
Fonte: IBGE; Banco Central do Brasil. Elaboração: AE/CDL POA.
Considerações da Assessoria Econômica
Embora a inflação esteja no limite superior da meta (6,50%) não significa que as mudanças na taxa de juros não surtiram efeito. Conforme informamos na Nota Econômica nº 10 (18/04/2013), mudanças nos juros levam alguns meses para surtir efeito sobre os preços: estudos apontam uma defasagem de 3-4 meses, ou 5-6 meses.
Os dados devem ser lidos com atenção, especialmente considerando a última decisão do Banco Central:
- considerando exclusivamente na manutenção da inflação perto da meta, o aumento dos juros deveria ser maior;
- obviamente, combater a inflação apenas através dos juros também penaliza a atividade econômica;
- entretanto, há outros instrumentos que podem ajudar esse combate: no curto prazo, maior controle do orçamento público, atingindo de fato a meta fiscal – sem alterações contábeis;
- no longo prazo, destinação dos recursos do orçamento para investimentos – que aumentam a capacidade produtiva -, ao invés de alocação em custeio da máquina.
Outro ponto importante: o Banco Central precisa comunicar de forma clara seu objetivo, e agir de acordo com suas manifestações:
- se quiser a inflação perto de 4,5% esse ano, deverá comunicar isso e agir de acordo, aumentando mais os juros;
- se preferir não penalizar tanto a atividade econômica hoje, trazendo a inflação para perto de 5% e atingindo 4,5% no ano que vem, por exemplo, deverá comunicar que trabalha com essa meta alternativa.
Conforme demostrado pela experiência na maioria dos países que utilizam Metas de Inflação, quando o Banco Central comunica de forma clara o que deseja os resultados de suas ações são mais efetivos.
Por fim, lembramos que o cenário onde o Banco Central precisa escolher entre menos inflação ou mais crescimento econômico é resultado de dois fatores:
- o comportamento recente da instituição, que desde 2011 optou por não aumentar os juros muito embora os preços já estivessem crescendo acima do esperado;
- o aumento dos gastos do governo em um cenário onde o problema não era a demanda fraca, e sim a falta de oferta de produtos.
Quando, no entanto, o Banco Central age para manter a inflação perto da meta constantemente, essa escolha não precisa ser feita: a economia crescerá perto de seu limite produtivo sem gerar desvios da inflação.