PIB tem bom segundo semestre em 2013: 1,49% sobre o trimestre anterior

Dados divulgados hoje pelo IBGE confirmam um segundo trimestre de expansão na economia brasileira:

  • crescimento de 1,47% na comparação com o 1º trimestre de 2013, descontados efeitos sazonais;
  • na comparação com o 2º trimestre do ano passado o crescimento foi de 3,28%;
  • +1,94% no acumulado em quatro trimestres;
  • Em 2013, o PIB acumula 0,98% de crescimento;

Desagregando o desempenho por setor produtivo, a tabela abaixo mostra que:

  • O Comércio cresceu 1,73% sobre o 1º trimestre de 2012, já descontados os efeitos sazonais – foi o segmento com melhor desempenho dentro do setor de Serviços, cujo crescimento foi de 0,76%;
  • A Indústria de Transformação também apresentou bom desempenho (+1,74%), um cenário bem diferente do 2ª trimestre de 2012, quando caiu 2,1%;
  • Entretanto, o bom resultado da Indústria como um todo foi bastante influenciado pela Construção Civil, que apresentou forte crescimento de 3,79%;

Pelo lado da Despesa o destaque está nos Investimentos produtivos, que mantiveram um ritmo de crescimento bem acima dos últimos anos: 3,6% sobre o 1º trimestre, representando 20,19% do PIB – a maior taxa de quase 2 anos.

Um destaque negativo é o Consumo das Famílias com expansão de apenas 0,3% sobre o 1º trimestre, mas com acumulado de 2,2% em 2013.

Os dados para o PIB do Rio Grande do Sul, de responsabilidade da FEE, serão divulgados dia 09 de setembro.(em var. % real)

Fonte: IBGEElaboração: AE/CDL POA.

(em var. % real trimestre sobre igual trimestre ano anterior)

Fonte: IBGEElaboração: AE/CDL POA.

Considerações da Assessoria Econômica

O resultado do 2º trimestre foi muito bom, especialmente quando consideramos as manifestações políticas do fim do trimestre (junho), e os resultados negativos de inflação, bem como o desempenho mais moderado do Varejo no país.

É importante destacar, no entanto, que embora seja um 2º trimestre melhor que 2011 e 2012, ele está em linha com o ritmo de crescimento do Brasil antes de 2004, conforme o gráfico abaixo (à direita).

O período de 2004-2008 foi um dos melhores momentos da economia mundial em 20 anos, favorecendo a economia brasileira por algumas características:

  • produções de commodities desejadas pela China;
  • abundância de recursos para investimento pela política monetária americana menos restritiva;
  • políticas fiscal e monetária direcionadas para atingir metas de inflação e gastos internamente.

Nesse cenário, o mercado de trabalho dentro do Brasil se aqueceu e, com isso, o Varejo e o comércio em geral puderam crescer a um ritmo mais forte: 4,9% ao ano, em média. Entretanto, essa conjuntura parece ter se esgotado.

O cenário atual aponta:

  • crescimento chinês será mais fraco (7,7% contra uma média de 10,6% entre 2001 e 2010);
  • menor injeção de dólares na economia mundial pela política monetária americana;
  • poucos investimentos em produtividade realizados pelo Brasil no passado;

Assim é natural que o país volte ao ritmo de crescimento dos anos pré-2004.

Com isso, naturalmente, o Varejo crescerá de forma mais moderada, a uma média entre 2,4% e os 4,9% dos últimos 10 anos. Isso decorre do maior acesso a crédito às famílias hoje na economia brasileira.

Ademais, o Brasil perdeu a oportunidade de aproveitar a abundância de recursos externos para investimentos. Ao invés de incentivar investimentos produtivos com contratos mais atraentes ao investidor o governo optou por contratos que garantissem uma renda mínima para o setor público ou por políticas de incentivos a algum setores escolhidos pelo governo, a chamada política de “campeões nacionais”.

Chama atenção os empréstimos do BNDES para investimento aumentarem 191,9% nos últimos 6 anos, sem que o investimento produtivo do país tenta crescido em ritmo próximo a esse (apenas 42,4%). Em um país onde os grandes projetos de investimentos são financiados pelo BNDES, em função do alto custo do empréstimo via bancos privados, isso nos leva a hipótese de que esses recursos foram utilizados para outros fins: financiamento de fusões e aquisições, aplicações em caixa, aplicação em proteção cambial (hedge), etc.

Para crescermos mais precisamos voltar a investir em capital e educação. Não é mais possível aumentar a produção contratando mais trabalhadores, como ocorreu em 2004, pois não há um grande contingente de pessoas desempregadas. Além disso, é necessário controlar a inflação para que o mercado de trabalho aquecido não gere pressões ainda maiores sobre salários, o que afeta os custos das empresas e pode prejudicar ainda mais a produção no futuro.

Dado o andamento atual da economia e as restrições de produção que exemplificamos acima acreditamos que devemos crescer ao redor de nossa tendência antes de 2004. Nossa projeção para o crescimento do PIB em 2013 é de 1,85%.(em var. % 2ºT/2013 contra 2ºT/2007)

Fonte: IBGE; Banco Central do Brasil; Ipeadata. Elaboração: AE/CDL POA. OBS: Empréstimos deflacionados pelo IPA-OG Produtos Industriais p/ jun/13.

(em var. % dos 2º trimestres sobre igual período ano anterior)

Fonte: IBGEElaboração: AE/CDL POA.

Assessoria Econômica
Gabriel P. Torres – Economista
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(51) 3017-8048   (51) 9158-6552

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Data

30 agosto 2013

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