Apesar da enchente, a prévia do PIB do Rio Grande do Sul fechou o primeiro semestre com crescimento de 4,1% e com avanço de 2,6% no acumulado de 12 meses, desempenhos bem superiores à média nacional. O Índice de Atividade Econômica Regional do Rio Grande do Sul (IBCR-RS) é calculado pelo Banco Central e divulgado antes do Produto Interno Bruto (PIB), feito pelo IBGE.
O ano começou com expectativa de safra cheia após dois anos de estiagem. Grande parte já tinha sido colhida. Porém, o Estado enfrentou a enchente em maio, que fez o segundo trimestre de 2024 recuar 2,1% sobre o primeiro.
Com o tombo de 8,2% em maio, junho certamente teria resultados muito positivos, como o avanço mensal do IBCR-RS de 7,5%, ainda que o patamar matenha-se abaixo de abril. A oscilação maior foi na indústria, que despencou na enchente, disparou no mês seguinte, mas ainda não retomou ao patamar anterior. Varejo e serviços se mostram mais resilientes, mas a preocupação do economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, é de que seja um “voo de galinha”, ou seja, apenas um efeito positivo rebote, mas que não se sustente no prazo mais longo.
– O consumo das famílias seguirá como mola propulsora, fruto do mercado de trabalho aquecido, dos impulsos fiscais e da resiliência do crédito, mas com uma desaceleração no segundo semestre – avaliou Frank, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, também ponderando sobre o efeito negativo dos gargalos logísticos da cheia, com problemas em rodovias e o aeroporto fechado.
Os auxílios sociais dos governos tendem a minguar nos próximos meses. Então, é importante chegar mais recurso de estímulo a empresas e que empreendedores sintam-se seguros em investir no Rio Grande do Sul, estimulando emprego e renda, aspecto no qual a coluna tem batido dia sim, outro também.
Reconstruir um RS melhor
Após uma longa e necessária sequência de apontamentos dos problemas enfrentados pela indústria e pelo comércio antes e depois da enchente, a 5ª edição do Painel RBS provocou os seus painelistas a opinar sobre como ajudar o Rio Grande do Sul. Ao lado, pontos destacados da fala de cada um. Você pode conferir na página 11 a cobertura do debate e saber como ouvi-lo na íntegra.
PAULO HERRMANN, FIERGS (INDÚSTRIA)
Disse que a entidade está se movimentando para dar mais suporte a dezenas de milhares de pequenas indústrias gaúchas. Fábricas com equipamentos obsoletos, pouca inovação e perda de talentos estão entre os pontos que visivelmente inquietam o CEO, que destacou, por exemplo, o conhecimento que 500 pesquisadores do Senai-RS podem levar aos pequenos negócios.
RAFAEL GOELZER, FEDERASUL
Deu ênfase ao Reconstrói RS, oportunidade para comunidades do Estado buscarem recursos para reconstruir o que precisam. Atualmente, há 10 pontes sendo reerguidas no Interior. A iniciativa do Instituto Ling avalia as propostas com a maior agilidade possível. Goelzer vê espaço para ampliar a atuação do programa, que aceita pedidos e que está aberto a doações.
VILSON NOER, FAGV (VAREJO)
Há décadas no comando de entidades varejistas, defende o associativismo. Provocou empreendedores do Interior a integrarem entidades de seus setores para se fortalecerem. Relembrou batalhas vencidas pela união empresarial, como a derrubada de projetos para aumentar impostos. Também vê associações como espaços para trocar conhecimento.
Fonte: Zero Hora | Coluna Giane Guerra