O efeito safra no RS

A economia do RS teve, no primeiro semestre, os piores e os melhores resultados do país no monitoramento do Banco Central. Mas como isso? Depende da base de comparação.

Em junho, o Índice de Atividade Econômica Regional do Rio Grande do Sul (IBCR-RS) recuou 2,7% sobre maio. Considerando o segundo trimestre todo, caiu 0,6% sobre o primeiro trimestre de 2021. Foram os resultados mais negativos do país. Só que são quedas sobre bases altas – resultado de uma safra muito boa.

– Há um processo natural de acomodação da atividade, uma vez que a base de comparação estava muito alta, por conta dos efeitos da safra de grãos sobre a atividade – pondera Oscar Frank, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), que faz uma compilação dos dados do Banco Central.

Tanto que no acumulado do primeiro semestre, a economia gaúcha cresceu 12%, o maior avanço do país. Em 12 meses, o IBCR-RS avançou 5,8%, o segundo melhor resultado da pesquisa. Essas comparações, por sua vez, são em cima de uma base baixa. Além da pandemia, o Rio Grande do Sul enfrentou a estiagem no ano passado. Uma ótima safra na comparação com um período de seca provoca esses crescimentos. A agropecuária, individualmente, tem um peso menor na economia. No entanto, ela gera um efeito em cascata, que movimenta indústrias e serviços.

Já o setor de serviços cresceu nos últimos meses, mas em cima de um período em que vários dos segmentos dele sofreram bastante com a restrição de circulação. O varejo aumentou bem as vendas após a reabertura de março, mas teve queda em junho. Já a indústria, que estava crescendo bem no final de 2020, patina para engatar avanços em 2021 devido à falta de insumos e à disparada nos custos.

Fonte: Jornal Zero Hora – Coluna Giane Guerra – Edição impressa em 23/08/21.

Data

23 agosto 2021

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