A dificuldade de comunicação, já que a dupla de clientes franceses mal entendia ou falava inglês (português nem pensar), não foi problema, disse o gerente da filial da Paquetá Esportes, Felipe Costa. “Até temos um vendedor que fala inglês e outro que entende, mas nesse caso funciona mais a mímica”, descontrai Costa. Preços promocionais atraem mais — sejam estrangeiros ou não, o que provoca falta momentânea de alguns modelos e tamanhos.
“Estamos repondo, mas, às vezes, não dá tempo. E a ordem é não deixar sobrar nada no estoque”, justifica o gerente. O bancário Marcos Sartori Fantinel queria camiseta do Brasil para presentear a esposa, mas não achou tamanho. “Já tenho a minha, agora vou atrás de outra loja, já é a segunda que entro”, conta. A concorrência para disputar o freguês está no lado de fora da loja, na calçada, com o camelô Carlos André da Silva, que oferta camiseta da seleção a R$ 50,00 e, após uma pechinchada, vende a R$ 30,00.
“O turista acha caro. Holandês foi o que mais comprou”, detecta Silva. Na Rua dos Andradas, lojas que não oferecem artigos sobre Copa estavam vazias no fim da manhã de quarta-feira, dia de jogo entre Holanda e Austrália, mas nos pontos com produtos temáticos o movimento era intenso. “O que mais sai é camiseta, e não importa o país. Já vendemos quase mil unidades desde o dia 14, e estamos repondo todo dia”, garante a gerente da POA Fashion, localizada na Rua dos Andradas, Aldonira Carvalho.
A servidora pública Tatiana Pereira comprou uma camiseta do Brasil a R$ 13,00 para a filha, depois que colegas de trabalho apareceram com os modelos. “É para minha filha ir à Fan Fest”, conta. Antes do Mundial, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) estimou que o fluxo de 200 mil visitantes irrigaria em R$ 230 milhões somente em gastos no comércio. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA) calculou em R$ 101 milhões, e colheu R$ 8 milhões no primeiro fim de semana da disputa, que teve França e Honduras. Era para ser R$ 19 milhões.
Nos três primeiros confrontos na Capital, a movimentação ficou em R$ 60 milhões. “A expectativa era uma, mas não atingimos não”, avisa o gerente do Popcenter, o camelódromo da Capital, Felipe Glimm. Vende quem tem item associado ao tema, lembra Glimm, a partir de apuração entre parte dos 800 lojistas do empreendimento. O gerente cita que o movimento se intensifica em véspera de jogo e no dia seguinte, despedida de quem veio de fora. “Foi assim com holandeses e australianos”, lembrou Glimm.