Inflação, juros e a crise brasileira

Inflação, juros e a crise brasileira

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ABRIL, 2017

Economia

O comportamento da inflação nos últimos meses tem sido atípico para essa década, justamente por estar bem controlada. Março teve o menor IPCA no acumulado em 12 meses desde agosto de 2010 e a expectativa atual é a de que Abril tenha a menor inflação desde dezembro de 2009, nessa mesma base de comparação. Se as perspectivas se confirmarem, 2017 terá a inflação abaixo da meta depois de sete anos consecutivos acima dela.

Com a inflação controlada, abre-se espaço para a queda da taxa de juros, com a expectativa da Selic batendo 8,5% para o final desse ano (ela já caiu mais um ponto percentual nesse mês). A grosso modo, os juros representam o preço do dinheiro e a inflação representa a desvalorização do mesmo. Quanto mais rápido ele desvaloriza, maior será o valor cobrado por uma instituição financeira para emprestá-lo, de modo que o preço cobrado pelo empréstimo (juros) nunca fique abaixo da desvalorização do dinheiro (inflação). Por isso, manter a inflação sob controle é sempre benéfico para os investimentos do país. O nível de preços controlado gera um melhor controle de fluxo de caixa não só para as empresas, como também para os consumidores, que conseguem gerir melhor o seus rendimentos.

Sairemos da crise quando nosso produto interno voltar a crescer, mas isso é diferente de estarmos recuperados dela

Até agora, o melhor efeito direto da crise no país foi, provavelmente, essa forte pressão de queda de inflação e de juros. Com uma criação de um cenário mais favorável à recuperação da economia, ela torna-se mais viável e mais próxima. Já existem outros sinais de melhora no país, como aumento da confiança e desaceleração da queda do produto e da produção, que apontam para a saída da crise ainda neste ano. No entanto, sair da crise é diferente de estarmos completamente recuperados. Sairemos da crise quando nosso produto interno voltar a crescer, mas isso é diferente de estarmos recuperados dela. Sairemos mais fortes e mais experientes dessa crise, com um país mais organizado para os anos cruciais que teremos a frente.

Acesse as colunas do Economista Victor Sant’Ana.

*VICTOR SANT’ANA É ECONOMISTA DA CDL PORTO ALEGRE E POSSUI GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS E MESTRADO EM ECONOMIA APLICADA PELA UFRGS.

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Data

26 abril 2017

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