Fique bem informado – 26 abr

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

PIB: o prognóstico para 2021 interrompeu sete semanas consecutivas em queda, avançando de +3,04% para +3,09%. Acreditamos que uma das razões que podem ter justificado esse movimento é o Índice do Banco Central (IBC) de atividade, cujo desempenho de fevereiro em relação a janeiro (+1,7%), na série com ajuste sazonal, superou, e muito, o consenso averiguado pela Bloomberg (+0,9%). Outra hipótese diz respeito aos números recentes da imunização da população contra a COVID-19, fortalecendo o cenário de flexibilizações adicionais ao funcionamento dos negócios antes do que o imaginado.

Preços e Taxa SELIC: o IPCA calculado para 2021 moveu-se de +4,92% para +5,01%, apenas 0,24 ponto percentual a menos do que o limite máximo de tolerância estabelecido para 2021 (+5,25%). Conforme a FGV, o IGP-M do segundo decênio de abril subiu +1,17%. Entendemos que a ausência de pressões oriundas do comportamento da cotação cambial e das commodities avaliadas na moeda americana contribuíram para conter seu aumento.

Agora, as previsões acusam que a Taxa SELIC fechará 2021 em 5,50% ao ano, ao contrário dos 5,25% antecipados em 16/04. A mudança ocorreu, especificamente, no que tange ao valor esperado para dezembro, de modo que a elevação saiu de 0,25 ponto percentual para 0,50. Cremos que o objetivo fundamental é ancorar as expectativas inflacionárias para 2022 – hoje 0,1 ponto percentual acima do alvo de 3,50% –.

Déficit primário: o orçamento do governo federal para 2021 finalmente foi aprovado, com corte de parte das emendas parlamentares e com a criação de gastos com programas emergenciais não sujeitos à meta fiscal. Ademais, vale ressaltar que a arrecadação de impostos da União teve recorde para o mês de março, a despeito do endurecimento das medidas de distanciamento social nesse ínterim.

Comentários acerca do panorama – Bradesco

Apesar da diminuição da ocupação hospitalar, que tem permitido um processo gradual de reabertura dos empreendimentos, a prévia da confiança dos empresários industriais registrou novo recuo em abril, influenciado pela percepção da situação corrente. A tendência é de que a produção de bens e serviços no segundo trimestre caia, voltando a crescer do terceiro em diante.

Mesmo com as restrições de mobilidade no mundo, os indicadores seguem apresentando resiliência, como o Índice de Gerente de Compras (PMI) da Zona do Euro, que acelerou de 52,8 para 53,7 pontos no setor privado (contemplando os ramos secundário e terciário). Todavia, existem BC’s ao redor do planeta preocupados com o recrudescimento dos preços, como o do Canadá e da Rússia.

Apontamentos sobre a conjuntura econômica

Nível de atividade: o Índice do Banco Central (IBC) para o Brasil expandiu +1,7% em fevereiro relativamente a janeiro, após o ajuste sazonal. Consequentemente, o produto está +2,3% acima de um ano atrás, ou seja, antes da imposição do distanciamento social. O comércio ampliado (+4,1%) e os serviços (+3,7%) progrediram no intervalo de tempo em questão, ao passo que a indústria recuou (-0,7%). Por sua vez, o Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas, acusou incremento de +1,4%. Enquanto o ramo secundário encolheu -0,4%, o terciário subiu +1,4%.

No Rio Grande do Sul, a elevação do IBC foi ainda mais expressiva no período: +4,0%. Embora os indicadores setoriais a respeito do varejo, serviços e parque fabril tenham performado aquém da média nacional (+2,2%, +1,9% e -1,1%, respectivamente), a agropecuária foi o destaque, alavancada pela rentabilidade oriunda da venda da soja. Assim sendo, a série histórica atingiu seu pico, superando em +3,2% o recorde prévio, em novembro de 2013.

Na nossa visão, os resultados do primeiro bimestre surpreenderam positivamente, pois, na virada do calendário, diversas medidas da União de amparo à oferta e à demanda não haviam sido renovadas. Contudo, a magnitude das políticas foi tão significativa que seus efeitos continuaram a exercer influência em 2021, incluindo o uso da poupança acumulada das famílias decorrente da forte injeção de liquidez e a estabilidade provisória dos vínculos de trabalho garantida pelas ações específicas de preservação da ocupação.

Comentários adicionais: o governo federal finalmente resolveu o imbróglio referente ao orçamento de 2021, oportunizando a volta do Benefício Emergencial de Emprego e Renda (BEm) e o PRONAMPE.

As estatísticas atinentes à evolução da COVID-19 mostraram inflexão nos últimos dias, revertendo a tendência ascendente. Conforme os cálculos da FIESP, os grupos prioritários devem estar imunizados ao fim de junho, totalizando 42% da população vacinada no Brasil. A estimativa é de que, em outubro, o percentual alcance 95,5%. Entendemos que o abrandamento da pandemia será fundamental para viabilizar a recuperação do crescimento.

 

Data

26 abril 2021

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