A inadimplência não dá trégua e pode ser uma pedra nos sapatos de consumidores e lojistas na reta final de 2023? O indicador da CDL Porto Alegre (CDL-POA) registrou o reaquecimento dos atrasos. O economista-chefe da CDL-POA, Oscar Frank, projeta o que vem por aí:
Minuto Varejo – A inadimplência é dura na queda?
Oscar Frank – Uma das formas de avaliar esta questão diz respeito ao percentual de famílias que não tem perspectiva de pagar nenhuma parte das dívidas em atraso nos próximos 30 dias. Esse indicador nos dá justamente a ideia de persistência da situação da inadimplência, cujo patamar em agosto somou 2,4%, segundo a Fecomércio-RS. O nível é bastante baixo se analisarmos a série histórica desde 2010. Muito embora o dado seja positivo, entendo que a questão ainda requer cautela.
MV – O Desenrola 2 vai melhorar o cenário até o Natal?
Frank – Acredito que ajude, mas não é capaz de provocar sozinho uma mudança estruturalmente positiva para o Natal. É melhor se preparar para prós (inflação arrefecendo e baixa taxa de desemprego) e contras (a própria inadimplência em patamares elevados). A queda do juro ajuda, mas o impacto é sentido com defasagem pela economia real.
MV – Lojista com contas em atraso: o que fazer?
Frank – Ter bem mapeado o fluxo de caixa é absolutamente vital. O primeiro passo é focalizar na solução dos compromissos que mais estão comprometendo o resultado (financeiro ou operacional). Na receita, priorize as vendas que geram mais caixa para quitar débitos mais urgentes. Os bancos podem baixar o custo do crédito, mas isso vai acontecer de forma mais perceptível só em 2024.
Fonte: Jornal do Comércio | Coluna Minuto Varejo – Patrícia Comunello