Destaques Econômicos CDL POA

Destaques Econômicos CDL POA 

14

JUNHO, 2021

Notícias

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

PIB: ao passar de +4,36% para +4,85%, o prognóstico para 2021 subiu pela oitava oportunidade seguida. Cremos que a mudança supracitada ainda repercute o movimento de reavaliação das estimativas derivada do acréscimo do produto no primeiro trimestre (+1,2%), cujo ritmo veio acima do conjecturado pelo mercado. Ademais, indicadores setoriais para o mês de abril excederam o consenso dos especialistas sondados pela Reuters: (1) as vendas do comércio varejista avançaram +1,8% contra março, após a correção pela sazonalidade, ao mesmo tempo em que o resultado esperado era de +0,1%; (2) o segmento terciário registrou +0,7% nessa métrica, enquanto o patamar aguardado somava +0,6%.

Considerando as últimas informações disponíveis, administração, saúde e educação públicas (-4,5%) e outros serviços (-9,5%), que englobam bares, salões de beleza, alojamento e alimentação, são as categorias que arcam com as maiores perdas desde o começo do distanciamento social. Ambas, dada a sua relevância (peso de 30% no total), são cruciais para a sustentação da retomada.

Inflação e Taxa SELIC: o IPCA antevisto para 2021 moveu-se de +5,44% para +5,82% entre 04 e 11 de junho. Trata-se, portanto, do décimo aumento semanal consecutivo. Parte da aceleração pode ser explicada pelo IPCA de maio (+0,83%), que acabou por superar o número coletado pelo Valor Data (+0,70%). Além disso, o IGP-DI apresentou incremento de +3,40% em igual janela, sobretudo pela influência do atacado (+4,20%).

Amanhã o Comitê de Política Monetária (COPOM) inicia sua reunião para a definição dos juros. De acordo com as negociações ocorridas na B3, os investidores calculam uma elevação de 0,75 ponto percentual (p.p) com probabilidade de, aproximadamente, 80%. Embora com possibilidade inferior (17,5%), as apostas em torno de uma majoração de 1,00 p.p. vêm ganhando sistematicamente força. Entendemos que um dos vetores cruciais que determinarão a velocidade e a intensidade do ciclo corrente diz respeito às expectativas do IPCA para 2022, que continuam a se desgarrar da meta de 3,50%.

Comentários acerca do panorama – Itaú

Os analistas revisaram a perspectiva do PIB nacional em 2021: de +5,0% para 5,5%. No que se refere ao desempenho trimestral, o segundo deve expandir +0,2% ante o período imediatamente anterior, e os demais +0,7% cada. Os fundamentos responsáveis pela dinâmica de curto prazo envolvem: (1) quadro sanitário, andamento de vacinação e grau de restrição ao funcionamento dos negócios; (2) crise hidrológica. Já para 2022, o cômputo é de +1,8%, diante da normalização do efeito estatístico e da poupança das famílias, da redução do crescimento global e do menor encarecimento das commodities.

No tocante à situação fiscal, as previsões relativas ao déficit primário e à dívida bruta estatal como proporção do PIB evoluíram positivamente, refletindo os dados de atividade benignos e a devolução adicional de recursos do BNDES para Tesouro. Por sua vez, a cotação cambial fechará o ano em R$ 4,75, em função do endurecimento do ajuste da Taxa SELIC e do comportamento dos artigos básicos, que ajudam nos fluxos de dólares pelo lado financeiro e comercial, respectivamente. A própria melhora nas contas do governo também é uma das causas, ao diminuir o prêmio de risco embutido nos empréstimos.

 

IPCA registra maior elevação em 25 anos para maio

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil avançou +0,83% no mês passado. Trata-se de um ritmo inédito no período desde 1996. Além disso, a estatística oficial do IBGE superou o consenso das instituições sondadas pela Refinitiv, de +0,71%.

De acordo com o IBGE, as nove grandes aberturas apresentaram crescimento. Três delas explicam quase 75% da majoração: “habitação” (+1,78%), “transportes” (+1,15%) e “saúde e cuidados pessoais” (+0,76%). No primeiro caso, a energia elétrica (+5,37%) repercutiu a piora da situação hidrológica e os reajustes promovidos em distintas praças. No segundo, a gasolina subiu (+2,87%) – embora a taxa de câmbio tenha se apreciado, cremos que a combinação entre a escalada do barril de petróleo e a redução na defasagem para os níveis praticados no exterior, conforme a CBIE, contribuíram para o resultado específico –. Já para o terceiro recorte, a principal influência se deveu aos produtos farmacêuticos (+1,47%), ainda reverberando, na visão da Assessoria Econômica da CDL-POA, o aumento dos medicamentos autorizado em 1º de abril.

De junho de 2020 até maio de 2021, o IPCA atingiu +8,06% – cômputo não verificado desde setembro de 2016 (+8,48%), e bem distante da tolerância máxima de 5,25% definida como meta anual.

IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre: o IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre galgou +1,04% – quarta colocação entre as 16 localidades averiguadas pelo IBGE. Nos últimos 12 meses, a variação na RM de POA totalizou +8,20%.

 

PIB do 1º trimestre de 2021 do Rio Grande do Sul: avaliação dos principais dados

Visão geral: conforme o DEE/RS, o nível de atividade gaúcho registrou majoração de +4,0% entre janeiro e março de 2021 em comparação com os três meses imediatamente anteriores, na série com ajuste sazonal. Tal variação supera, com folga, a estimativa do IBGE para o total do Brasil em igual métrica (+1,2%).

A abertura das estatísticas demonstra que a agropecuária exibiu acréscimo de +35,7%, atingindo patamar recorde. O segmento foi beneficiado não só pela normalização da safra de grãos, como também pelos ganhos de rentabilidade determinados pela atual conjuntura: preços internacionais das commodities elevados e desvalorização da taxa de câmbio no tocante à receita, ao passo que os custos da lavoura não haviam sido tão afetados pelo Dólar no momento dos gastos.

Os efeitos de encadeamento do panorama benigno no campo explicam parte do avanço da indústria (+3,8%), catapultando nichos relevantes como máquinas agrícolas e alimentos. Por sua vez, os serviços aumentaram +0,4%, ou seja, em ritmo idêntico à média nacional, enquanto que o comércio ficou praticamente estável (+0,1%). Houve, portanto, a conservação de uma enorme dicotomia entre as divisões.

Acreditamos, da mesma forma, que elementos presentes no cenário, incluindo: (1) juros baixos; (2) uso da poupança criada pelas famílias a partir do Auxílio Emergencial e das incertezas a respeito do futuro; (3) necessidade de recomposição dos rendimentos; e (4) aprendizagem dos agentes com o distanciamento social e com diminuição da mobilidade apresentam sua parcela de contribuição. Agora, o volume da produção local encontra-se +2,2% acima do verificado antes da pandemia, porém ainda -1,6% inferior ao pico alcançado entre abril e junho de 2013.

Em relação a 2020, a renda subiu +5,5%. Nessa base, o setor primário saltou +42,2%, sobretudo em função da soja e do tabaco. No que se refere ao ramo secundário, o incremento foi de +10,5%: além dos bens de capital, destaque para produtos de metal e borracha e plástico.

Já a categoria terciária cedeu 2,4%, muito por conta das restrições aos estabelecimentos que dependem de aglomeração, e onde alternativas como delivery e take-away tornam-se inviáveis pela própria natureza.

 

*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

Data

14 junho 2021

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