Destaques Econômicos CDL POA

Avaliação do Novo CAGED – abril de 2022

CONSIDERAÇÕES PARA O BRASIL:

→ Em abril, as admissões excederam os desligamentos em 196.966;
      • Resultado superior ao consenso dos entrevistados pela Reuters (170.655);

ANÁLISE PARA O RIO GRANDE DO SUL:

→ O RS gerou 8.939 postos no período;
      • Por um lado, o número ultrapassou, e muito, aquele registrado em igual janela de 2021 (-2.409);
              › À época, ainda sofríamos com as restrições aos negócios impostas pelo distanciamento social;
      • Por outro, houve desaceleração ante março;
              › A partir da utilização da série histórica com a metodologia antiga do CAGED entre 2007 e 2019, é possível constatar uma dinâmica característica de moderação do saldo em abril em relação aos três primeiros meses do ano.

Saldo do CAGED – por CNAE 2.0 – Rio Grande do Sul
(em unidades)

Fonte: Ministério do Trabalho.
Elaboração: AE/CDL POA.

Exame por categorias:

→ A construção civil criou 1.923 vagas;
      • Vale lembrar que o segmento reage com defasagem aos ciclos da economia e da Taxa SELIC;
      • Conforme a abertura dos dados, destaque para os serviços especializados, principalmente instalações elétricas (+596);
              › Logo, a fotografia sinaliza que os ofícios estavam concentrados nos estágios avançados dos empreendimentos, e menos na edificação (+300);
      • Por sua vez, as obras de infraestrutura (+699) se beneficiam dos ganhos de caixa do estado, reforçado por conta de medidas de contenção de despesa e do incremento da arrecadação, somadas às privatizações;

→ A melhora do quadro sanitário, viabilizando a retomada das atividades presenciais, contribuiu para aquecer a demanda dos seguintes nichos:
      • Varejo de vestuário (+477);
      • Alojamento e alimentação (+1.016) e educação (+1.069) no setor terciário;

→ No caso da agropecuária (-1.810), a estiagem, que prejudicou a safra de grãos, acentuou a queda sazonal do recorte;
      • É provável também que a falta de recursos para crédito tenha afetado o plantio de inverno;

Comentários adicionais:

→ Ao mesmo tempo em que os efeitos das políticas de preservação dos vínculos deixaram de existir, as transferências oriundas da União se intensificaram;

Quais as perspectivas para o futuro?

→ A tendência é de arrefecimento, sobretudo ao longo do segundo semestre;
      • Aumentos da base de comparação naturalmente dificultam a sustentação das altas do estoque de mão de obra;
      • Ademais, o fim dos impactos benignos das ações do governo, os preços e juros elevados, o cenário eleitoral incerto e o panorama externo conturbado representam desafios.

Indicador de Inadimplência da CDL Porto Alegre em mai/22

RESULTADOS PARA MAIO/22:

→ De acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista Serviços S.A. – a maior disponível para o Rio Grande do Sul –, o percentual de pessoas físicas com algum tipo de limitação em crédito, cheque ou protesto somou 29,0% no RS e 31,3% em POA no encerramento de maio de 2022;
      • Ambos os números superaram o total nacional: 28,0%;
      • Nossas estimativas sinalizam que a população adulta (acima de 18 anos) inserida nessa condição é de 2,598 milhões no estado, e de 365,0 mil na capital gaúcha;

ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA:

Indicador de Inadimplência da CDL Porto Alegre
(Em %)

Fonte: Boa Vista SCPC.
Elaboração: AE/CDL POA.

DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRAGEM CONFORME A PROBABILIDADE DE INADIMPLÊNCIA NOS PRÓXIMOS SEIS MESES (JUNHO A NOVEMBRO DE 2022):

Rio Grande do Sul:

→ Altíssimo risco: score (pontuação) entre 2 e 154: 15,0%;

→ Alto risco: score entre 155 e 365: 16,9%;

→ Médio risco: score entre 366 e 529: 9,8%;

→ Baixo risco: score 530 e 747: 26,3%;

→ Baixíssimo risco: score entre 748 e 1000: 31,5%;

→ Sem classificação: 0,5%;

COMENTÁRIOS:

Os últimos dados mostram uma interrupção da tendência de crescimento verificada para o RS recentemente. Entendemos que a razão que ajuda a explicar o fenômeno diz respeito à liberação de recursos decorrente do Programa Renda e Oportunidade do governo federal. Assim sendo, duas das políticas principais – adiantamento do 13º de aposentados e pensionistas do INSS e autorização do saque parcial do FGTS – começaram a vigorar a partir do fim de abril.

PERSPECTIVAS PARA O FUTURO:

As medidas de injeção de liquidez provenientes da União devem continuar surtindo efeito no curtíssimo prazo. Além disso, a recuperação dos segmentos não essenciais após o pior momento da COVID-19 e a robustez da retomada da ocupação constituem fatores positivos. No entanto, o cenário prospectivo para o segundo semestre é negativo, por conta da deterioração do balanço financeiro das famílias. Em primeiro lugar, a inflação segue pressionada, o que retira poder de compra dos salários dos trabalhadores. Por sua vez, o ciclo de elevação da Taxa SELIC ainda não acabou, de modo que o balizador dos juros de diversas linhas de empréstimo atingirá patamar inédito desde 2015-2016. Vale destacar também a permanência da dificuldade relatada pelos empresários no acesso a insumos e suprimentos, o que contribui para gerar repasses de custos até a ponta final e, da mesma forma, impede uma aceleração da criação de vagas de emprego. O conflito entre Rússia e Ucrânia e os lockdowns na China representam elementos adicionais de preocupação, em função dos seus impactos sobre o encarecimento dos preços.

OUTRAS CARACTERIZAÇÕES:

Renda presumida mensal daqueles que possuem restrição – Rio Grande do Sul:

→ De R$ 1.001 a R$ 1.400: 37,7%;

→ De R$ 1.401 a R$ 2.000: 15,8%;

→ De R$ 2.001 a R$ 3.000: 8,5%;

→ De R$ 3.001 a R$ 3.500: 22,1%;

→ De R$ 3.501 a R$ 4.000: 3,3%;

→ De R$ 4.001 a R$ 5.000: 11,9%;

→ De R$ 5.001 a R$ 7.000: 0,3%;

Mais da metade (53,5%), portanto, ganha menos do que 2 Salários Mínimos.

Avaliação dos indicadores de inflação às famílias em maio

Observações gerais:

→ O avanço do IPCA em maio (+0,47%) veio abaixo do consenso dos especialistas sondados pela Refinitiv (+0,60%);

→ No acumulado dos últimos 12 meses, a variação passou de +12,13% para +11,73%;

→ O índice de difusão – percentual das mercadorias e serviços em ascensão – caiu de 78,2% para 72,4%;
      • Embora retornando aos níveis de agosto de 2021, a estatística continua alta;

Análise dos principais grupamentos – comparativo entre abr/22 e mai/22:

→ Transportes: de +1,91% para +1,34%;
      • Passagens aéreas encareceram 18,3%, pois o querosene de aviação, reajustado em 18% em abril e 6,7% em maio, segue a lógica da política de preços praticada pela Petrobras, refletindo não só a cotação do petróleo como as flutuações da taxa de câmbio;
              › Além disso, também há um efeito de demanda reprimida por viagens;
      • Por sua vez, gasolina (de 2,48% para 0,92%) e etanol (de 8,44% para -0,43%) arrefeceram.

→ Alimentação e bebidas: de +2,06% para +0,48%;
      • O comportamento do tomate (-23,7%), da batata-inglesa (-3,9%) e da cenoura (-24,1%) pode marcar o início do processo de adequação entre oferta e procura de hortifrutigranjeiros;
              › Vale lembrar que, por um lado, o suprimento foi duramente prejudicado por problemas climáticos em importantes polos produtores;
              › Por outro, diversas medidas do governo vêm sendo adotadas para sustentar a renda real disponível dos consumidores;

→ Vestuário: de +1,26% para +2,11%;
      • A melhora do quadro sanitário propiciou a volta de muitas atividades presenciais, alavancando as transações pelos respectivos bens após um longo período em que a mobilidade diminuiu consideravelmente;

→ Saúde e cuidados pessoais: +1,77% para +1,01%;
      • Farmacêuticos subiram +2,51%;
              › Entendemos que o número espelha o fechamento das indústrias no auge da pandemia, afetando o fornecimento de matérias-primas e, consequentemente, os custos de fabricação;

→ Habitação: de -1,14% para -1,70%;
      • A causa diz respeito ao barateamento da energia elétrica (-6,27%), ainda como fruto da mudança da bandeira tarifária “escassez hídrica” – cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 kWh – para a verde, sem a incidência de recolhimento extra a partir de 16 de abril;

IPCA – Variação e influência por grupos
(Em var. % e pontos percentuais)

Fonte: IBGE.
Elaboração: AE/CDL POA.

Desempenho das vendas do varejo em abril de 2022

Variável analisada: faturamento corrigido pelo IPCA. Fonte: IBGE / PMC.

ESTATÍSTICAS DO RIO GRANDE DO SUL:

→ A revisão abrupta da leitura do comércio restrito gaúcho em março chama a atenção;
      • Crescimento sobre fevereiro passou de +1,6% para +9,7%, na série com ajuste sazonal;
      • Não há justificativa econômica que fundamente tamanha mudança;
      • Acreditamos na ocorrência de alguma falha no procedimento metodológico que permite gerar confrontos com o período imediatamente anterior por parte do IBGE;

→ No caso do conceito ampliado, nossa visão é de que esse é um retrato mais fidedigno da realidade;

 Volume de vendas do comércio varejista ampliado* – Rio Grande do Sul
(Variação % em relação ao período imediatamente anterior – com ajuste sazonal)
Fonte: IBGE. *Faturamento deflacionado.
Elaboração: AE/CDL POA.

      • Depois da queda em janeiro, em linha com o pico da variante Ômicron da COVID-19, os meses seguintes foram marcados por elevações;
              › Tanto os ganhos de mobilidade propiciados pela melhora do quadro sanitário desde fevereiro quanto o aumento das transferências do governo federal favoreceram a composição dos resultados;
      • A alta de abril superior a de março também é condizente com a evolução do cenário;
              › Vale lembrar que o programa Renda e Oportunidade, anunciado em meados de março, começou a liberar liquidez somente a partir de abril;
      • Além disso, o nível de transações se equipara ao patamar verificado no princípio de 2019;

INFORMAÇÕES SETORIAIS:

 Volume de vendas do comércio varejista* – Brasil e Rio Grande do Sul
(Em variações percentuais)
Fonte: IBGE. *Faturamento deflacionado.
Elaboração: AE/CDL POA.

→ Segmentos fortemente impactados pelo distanciamento social, como “tecidos, vestuário e calçados”, foram destaque;

→ Já determinadas categorias são mais sensíveis ao efeito da quebra das cadeias produtivas em comparação com outras, incluindo eletrodomésticos e informática;
      • A crise logística ainda existente ajuda a explicar os números negativos de ambos os ramos;

Data

13 junho 2022

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