Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Produto Interno Bruto: projeção para 2022 diminuiu de +0,36% para +0,28%, valor bem aquém da média global (+4,89%), conforme estimativa do FMI construída em outubro de 2021. Somado aos desafios conhecidos, o aumento de casos da variante Ômicron constitui risco adicional no comprometimento das perspectivas domésticas, sobretudo no curto prazo. Ainda que as evidências preliminares apontem para menos complicações sobre a saúde humana, cremos que a atividade já sente os efeitos da disseminação do vírus, através da redução das horas trabalhadas via dispensa de colaboradores infectados ou que registram os sintomas.

IPCA: embora o prognóstico para o índice em 2022 tenha permanecido o mesmo (+5,03%), o número antevisto para 2023 caiu de 3,41% para 3,36%. Julgamos que a causa da revisão está atrelada ao arrefecimento da pressão de demanda sobre a inflação, em função da queda da expectativa de crescimento para o ano que vem (de +1,80% para +1,70%).

Taxa SELIC: o patamar computado para dezembro subiu de 11,50% para 11,75% ao ano. Ao longo da semana passada, tivemos a divulgação da minuta da última reunião do Federal Reserve (BC dos EUA), que trouxe uma visão mais dura do que a esperada no que se refere ao ciclo de elevação dos juros e de retirada dos estímulos promovidos pela autoridade monetária americana. Consequentemente, os agentes de mercado compreenderam que esse cenário exigirá um esforço extra do COPOM para sustentar a atração de capitais provenientes dos investidores internacionais.

Fiscal: é fundamental constatar que a melhora dos resultados das contas públicas apresenta componentes conjunturais de grande relevância, incluindo: (1) o impacto do incremento dos preços sobre a arrecadação; (2) a alta das commodities – e da cobrança derivada dos royalties de petróleo, por exemplo; (3) a retomada após a recessão verificada em 2020; (4) o congelamento dos salários dos servidores até dezembro; (5) a suspensão das dívidas dos estados com o governo federal. Para 2022, além da autorização de novos gastos via PEC dos Precatórios, a receita deve sofrer com a desaceleração da geração de renda.

Análise da produção industrial brasileira em novembro de 2021

→ O volume de bens fabricados pelo ramo secundário no território nacional caiu 0,2% em novembro em comparação com o período imediatamente anterior, após o ajuste pela sazonalidade, de acordo com o IBGE;      
            → Tal desempenho veio abaixo do consenso das instituições sondadas pela Refinitiv (+0,1%);
            → Patamar de hoje é o menor desde junho do ano passado, e encontra correspondência com nível semelhante ao verificado em fevereiro de 2004;

→ Entendemos que, além de gargalos estruturais, o recorte vive uma situação conjuntural complexa:
            → Segue a disrupção logística mundial;
            → Os preços no atacado, apesar de alguma desaceleração nos últimos meses, continuam pressionados em janelas de tempo maiores;
            → Impactos da materialização do ciclo de elevação da Taxa SELIC sobre a atividade econômica;
            → Incertezas com as perspectivas para o futuro, mais notadamente eleições e desequilíbrios fiscais;

→ Outros riscos no cenário são:
            → Possível aumento superior ao projetado das taxas de juros internacionais;
            → Desdobramentos da variante Ômicron sobre o funcionamento dos negócios no curto prazo, causando diminuição das horas trabalhadas;

→ Julgamos que a procura externa deverá ser a alternativa fundamental para ajudar a categoria em 2022, em função da expectativa de permanência da retomada global e da tendência de manutenção da depreciação cambial;

Atualização sobre a conjuntura internacional

→ O Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) publicou a ata da última reunião, realizada nos dias 14 e 15 do mês passado;

→ De acordo com a minuta, o ciclo de aperto monetário pode acontecer de forma antecipada ou num ritmo mais intenso do que o esperado;
            → Dez dos 17 membros com poder de voto projetavam, à época, três majorações de 0,25 ponto percentual cada, levando os juros de 0 a 0,25% para 0,75% a 1,00% ao ano no encerramento de dezembro;
            → Hoje, algumas casas de análise já trabalham com quatro incrementos da magnitude supracitada no período, como o BTG Pactual;

→ Determinados participantes também mencionaram a possibilidade de que a injeção de liquidez (moeda) oriunda da expansão do balanço do FED seja revertida (runoff) assim que o aumento do balizador do custo do crédito começar, diferentemente de outras oportunidades;
            → Vale lembrar que o tapering em curso envolve a redução da quantidade de recursos adicionalmente colocados nos mercados, e não a sua retirada;

→ No nosso entendimento, os comentários sinalizam para uma preocupação notável com o panorama relativo aos preços;

→ Acreditamos que o cenário descrito pelo FED e as ações de política derivadas do diagnóstico constituem desafio extra para o Brasil em 2022.

Data

10 janeiro 2022

Compartilhe