Cenários 2021 mostra transformações dos negócios e pede cautela para o próximo ano


Cenários 2021 mostra transformações dos negócios e pede cautela para o próximo ano

09


NOVEMBRO, 2020

Notícias

Na noite desta terça-feira (8), a CDL POA promoveu o Cenários 2021, com transmissão ao vivo e gratuita pelo YouTube.  O evento mostrou um panorama econômico para 2021 e apresentou modelos de negócios que atravessaram 2020 com sucesso. Com o intuito de ajudar os participantes a enfrentar os desafios futuros, palestraram o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank; a diretora de Operações da Lojas Renner, Fabiana Taccola; a proprietária da Lojas Energy, Jamila Vergara; o CEO da Lojas Quero-Quero, Peter Furukawa; e o vice-presidente de Marketing da CDL POA, José Roberto Resende.

Ao dar as boas-vindas, o presidente da CDL POA, Irio Piva, destacou que o desafiador ano de 2020 trouxe também importantes aprendizados. Para ele, o otimismo faz parte de todo comerciante. “Quem estiver enfrentando dificuldades, não desanime e conte sempre com a CDL POA, que trabalha para um varejo cada vez melhor e mais forte”, enfatizou o presidente.

Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, abriu a série de apresentações. Com a palestra “Cenário econômico e panorama de 2021”, Frank fez uma análise de como a pandemia afetou a economia nos contextos do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo. Em seguida, com sólido embasamento, o economista-chefe da CDL POA fez algumas previsões para 2021. Segundo ele, não se via uma crise econômica global desta envergadura desde a Segunda Guerra Mundial. O PIB (Produto Interno Bruto) de nove em cada 10 países irá fechar 2020 no negativo. Nos Estados Unidos, houve uma deterioração das contas públicas a partir da queda de arrecadação e do aumento dos gastos. Além disto, há um risco muito alto de que a segunda onda da pandemia traga ainda mais efeitos negativos.

No Brasil, ao longo de 2020, o comércio conseguiu performar melhor do que a indústria e o setor de serviços. Segundo Frank, o setor contou com os programas de sustentação de renda do Governo Federal e algumas ações como o delivery, por exemplo, ajudaram. Segundo dados da Cielo, drogarias e farmácias, supermercados e lojas de materiais de construção se beneficiaram com a realocação de gastos derivada do isolamento social. Por outro lado, os setores não essenciais, como vestuário, bares e restaurantes, sofreram uma queda muito grande. No mercado de trabalho, 11 milhões de pessoas estão sem ocupação no País e este impacto foi maior no Rio Grande do Sul.

Para o futuro, o economista prevê uma recuperação gradual e lenta da economia gaúcha e, dependendo do cenário do agronegócio em 2021, o PIB gaúcho pode não recuperar o que perdeu em 2020. De acordo com Frank, a indústria deverá performar pouco, mas melhor que 2020; a agropecuária deverá ser resiliente. Para 2021, a inflação deverá se acomodar, na meta de 3,75%, controlada com juros baixos. O câmbio deve fechar 2021 a R$ 5,10. O crescimento contratado do PIB será com uma alta de 2,3%, a depender dos avanços, como as reformas econômicas, diminuição da burocracia, melhoria do capital humano, além da continuidade da retomada econômica e do cenário internacional.

Fabiana Taccola, diretora de Operações da Lojas Renner S.A.

A diretora de Operações da Lojas Renner S.A., Fabiana Taccola, apresentou o case de superação da empresa, considerada um ecossistema de moda e lifestyle. Segundo Fabiana, a cultura forte e o engajamento dos mais de 24 mil colaboradores foram essenciais. Assim que a crise se apresentou, a Renner tomou medidas baseadas em quatro pilares: 1) preservação da saúde e da vida; 2) preservação dos empregos; 3) preservação da saúde financeira; e 4) apoio aos hospitais e comunidades. A executiva ressaltou que a digitalização já havia sido iniciada e foi fundamental para o momento, que contou com um projeto estratégico de soluções inovadoras para acompanhar e superar as restrições do momento.

Essas medidas, segundo Fabiana, transformaram a Renner em um grande ominichannel, a partir de ações como ‘Ship from Store’ (colocar os estoques das lojas físicas no e-commerce); venda por WhatApp; ‘self check-out’; pagamento digital nas lojas; prateleira infinita; retirada na loja física; produção de conteúdo; entre outras. Como desafios para 2021, estão a continuação do desenvolvimento do ecossistema de moda e lifestyle a partir de matéria-prima da indústria brasileira, a retomada do crescimento, a consolidação a partir dos diferenciais competitivos e o ganho de produtividade.

Jamila Vergara, proprietária da Lojas Energy

A convidada Jamila Vergara, proprietária da Lojas Energy, com filiais em São Jerônimo, Charqueadas e Butiá, mostrou como foi o enfrentamento da pandemia em um pequeno negócio. Apesar de estar no segmento de vestuário, um dos mais impactados, a empresária lançou mão de soluções inovadoras e conseguiu reinventar seu negócio. Em sua receita de sucesso, já estavam, desde antes da pandemia, o foco no cliente e o ambiente acolhedor.

Recomposta do susto, logo após o fechamento de suas lojas, Jamila contatou todos os seus clientes para prestar solidariedade e saber como estavam. A intensão não era vender, mas estabelecer contato e empatia. A empresária considera que seu negócio é ‘resolver os problemas dos clientes’ e, a partir disto, dedicou-se a alimentar seu site e suas redes sociais. As vendas foram realizadas em diversos canais e malas foram levadas nas casas dos clientes.

Parceria com infuencers locais e uma atuação ativa dos vendedores e da própria empresária foram a receita do sucesso para que a Energy terminasse o ano no positivo. “O cliente não quer ver mais fotos, ele quer ver a tua cara”, destacou. Para 2021, a empreendedora pretende estabelecer franquias e ampliar o seu negócio sem perder a qualidade no atendimento, sua marca registrada.

Peter Furukawa, CEO da Lojas Quero-Quero

O CEO da Lojas Quero-Quero, Peter Furukawa, iniciou sua apresentação destacando a importância do relacionamento e o vínculo do empreendedor com o cliente, demonstrados na palestra de Jamila. Sobre a Lojas Quero-Quero, Furukawa salientou que seu crescimento de 46% foi excepcional em 2020, “fora da curva”. Com abertura de 50 novas lojas, atingiu um modelo muito bom de ‘pay back’ com lojas pequenas e no interior, que hoje somam 400 unidades.

Para 2021, a expectativa é de que seja um ano muito desafiador e difícil. O interior gaúcho deve permanecer em situação melhor do que a Região Metropolitana, mesmo com a seca e a perda de produtividade, devido ao valor das comodities que estão em alta. Por outro lado, a Região Metropolitana deverá sofrer com a descontinuidade da ajuda governamental e, para Furukawa, o segundo semestre deverá ser mais preocupante. “No primeiro semestre ainda haverá a gordura, mas no segundo semestre poupança pode ser sido consumida”, destaca.

Segundo o empresário, a inflação está maior do que os índices mostram, especialmente para as classes C e D, devido ao aumento do preço dos alimentos. “A inflação é o pior dos impostos para as pessoas mais desvalorizadas”, aponta Furukawa. O próximo ano será desafiador porque não estão sendo feitos investimentos na produção de insumos, por parte da indústria, e o empreendedor está com medo e não está gerando mais empregos.

Para 2021, Furukawa pede pé no chão e prevenção. Cuidado com o crédito, pois ‘o varejo não quebra por margem, quebra por crédito’; atenção com o aumento das fraudes, que já são sentidas pelas Lojas Quero-Quero; e, principalmente, preservação do caixa com medidas como ‘não empatar o dinheiro estoques’ e negociar contratos com fornecedores, especialmente os aluguéis, que teve o IGPM ajustado em 25%. O empresário foi enfático ao dizer que não é possível pagar um aumento deste porte. A palestra terminou com o pedido de mais cuidado com a disseminação da Covid-19, pois o aumento de casos é real e, em sua empresa, são registrados de 10 a 15 novos caso por dia, entre os 6.500 funcionários.

José Roberto Resende, vice-presidente de Marketing da CDL POA

Fechando o ciclo de apresentações, o vice-presidente da CDL Porto Alegre, José Roberto Resende, traçou um panorama das palestras realizadas no evento. Destacou que a crise de 2020 é a maior da humanidade nas últimas décadas e os dados são chocantes em todo o mundo. Para 2021, o executivo vê muitas perguntas e poucas respostas. Não se sabe ainda quanto tempo irá durar a pandemia e, por isso, Resende convocou os empresários a pensar em seus modelos de negócio. Segundo ele, há modelos que são como uma âncora e outros como uma hélice, que impulsionam para frente.

Há de se cuidar com os modelos que ‘nadam contra a correnteza’, pois geram um esforço imenso para ficar no mesmo lugar. Segundo o vice-presidente, o bom negócio deve ‘ir a favor da correnteza’ e agilizar a operação. Ele também convocou os participantes a pensar em como estavam as empresas antes, durante e como estarão no pós-pandemia, pois o mundo também se transformou. A ideia é repensar e reinventar.

O evento foi encerrado pelo presidente da CDL POA, Irio Piva, que salientou ter as expectativas superadas. “Saio daqui hoje energizado, agradeço a todos que assistiram e quero dizer que tudo que fazermos na CDL POA é para tornar o varejo cada vez melhor e mais forte”, enfatizou. Para Piva, ouvir os palestrantes do evento ajudará na concretização de um 2021 melhor. Ao desejar um ano novo maravilhoso, reforçou o pedido para que os empresários não desanimem e contem sempre com a Entidade.

 

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Data

09 dezembro 2020

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