Representantes dos lojistas pregam discurso mais positivo também do próprio governo Aplacar o medo com a insegurança pública e fortalecer o otimismo e confiança da população gaúcha. Com isso, também alavancar o consumo. Mote da campanha intitulada Reage RS – Não dê Voz e Vez ao Medo, lançada nesta quinta-feira, dia 1.º, na capital, por diferentes entidades do comércio e varejo em coletiva de imprensa na sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-POA). Distribuída em duas fases, uma em outubro e outra nos meses de novembro e dezembro, as peças publicitárias em diferentes mídias começam a ser veiculadas nesta segunda-feira, dia 5, abrangendo todo o Estado. “Nosso apelo é para que a população volte a transitar, para coibir o medo que se instalou na cabeça dos gaúchos, mas que não tem toda essa dimensão que dizem ter”, enfatizou o presidente da CDL-POA, Gustavo Schiffino, ao culpar a irresponsabilidade de alguns, em especial nas mídias sociais, pelo clima de terror instalado e que, segundo ele, não deriva apenas da crise política e econômica federal e estadual. “Mas a partir, principalmente, do parcelamento salarial dos servidores da segurança pública entre agosto e setembro. Que a segurança ficou fragilizada em função disso todos sabemos, mas grassaram nas mídias sociais inverdades”, disse ele, ilustrando para supostas ocorrências de arrastões e assaltos em pontos centrais da capital e região metropolitana. Como saldo, a forte queda na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) gaúchas, conforme dados de pesquisa da CDL-POA e da Federação das Associações Comerciais e de Serviços (Federasul). Em setembro, o ICF bateu em -42,14%, queda que atingiu todos os meses do ano e que, em agosto, havia sido de -34,59%. Outro ICF, mas do CDL-POA, e ainda em conclusão, estima a queda nos meses de setembro e agosto em -8,69% e -7,54%. Atingir o emocional
Para o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnistky, o Reage RS é fruto da insegurança emocional que envolve o cenário federal e estadual. “Estamos convivendo com um quadro que vem de cima para baixo, mas que talvez tenha a melhor expressão deste momento no Rio Grande do Sul. E se quebra esse emocional com atitude”, prega, assinalando que é hora de mostrar que vivemos de forma normal. “Não basta só aumentar o consumo, mas temos que apoiar o governo para que ele reaja e tenhamos os próximos três anos profícuos, com o Estado se recuperando”, defende. Já o presidente do Sindilojas-POA, Paulo Kruse, destaca que a estratégia solicitada à Secretaria da Segurança Pública foi aumentar o policiamento ostensivo em áreas conflagradas e também nos chamados corredores do consumo.
Mais de R$ 1 bilhão em perdas
A partir de uma queda real de 10% nas vendas entre agosto e setembro, o presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), Vilson Noer, não teve medo de dimensionar o tamanho das perdas ao setor. “Se tivermos em mente que o Rio Grande do Sul fatura em torno de R$ 8 bilhões no varejo por mês, em média, podemos dizer que nesses últimos meses perdemos mais de R$ 1 bilhão em venda”, exemplifica. Segundo ele, a cifra mesmo que expressiva, impacta não apenas no varejo, mas também no governo. “Pois há sinais claros de queda de arrecadação. Então, o que quero dizer é que o governo precisa virar esse jogo, já que ganhou o jogo dos aumentos de impostos. É hora de retomar agenda positiva”, alertou, destacando que o setor segue na luta para tentar derrubar a Diferença de Alíquota (Difa), também chamada de imposto de fronteira, e que atinge 85 mil micro e pequenas empresas optantes do Simples. “Está na pauta e não apagada. Aprovamos lei que derrubou a Difa, mas segue descumprida pelo Estado. E isso simplifica por demais a questão tributária não só do Estado, mas do empresário”, observou Noer.
