Análise Boa Vista: inadimplência em alta continua pressionando o spread para cima - CDL POA

Análise Boa Vista: inadimplência em alta continua pressionando o spread para cima

Enquanto isso a concessão de crédito livre se manteve numa tendência de crescimento desacelerado

De acordo com os dados publicados pelo Banco Central, a taxa de inadimplência das famílias com recursos livres subiu de 6,20% para 6,28% entre os meses de abril e maio. A taxa continua numa tendência de crescimento desacelerado em relação ao ano passado, desde o início deste ano a taxa subiu 0,37 ponto percentual, no mesmo período do ano passado essa elevação havia sido de 0,89 ponto percentual. O indicador da Boa Vista de Registros de Inadimplentes tem antecipado esse movimento de desaceleração, a curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, se firmou nessa tendência nos dois últimos meses e agora aponta alta de 20,3%, a taxa de inadimplência, por sua vez, está num nível 19,4% maior em comparação ao resultado de doze meses atrás. A Boa Vista é parceira de negócios da CDL Porto Alegre. 

“O indicador da Boa Vista está bem alinhado à tendência que temos visto na taxa de inadimplência. Essa desaceleração já esperada no 2º trimestre e ela deve ser ainda maior no 2º semestre deste ano. A tendência para este ano, contudo, ainda é de alta, e apesar de terem sido verificadas duas quedas consecutivas no indicador na variação mensal, no ano, levando em consideração as três altas observadas de janeiro a março, o índice está maior e, provavelmente, essa sequência de quedas dará lugar, em breve, para algumas altas no índice. Isso até pode mudar ao longo dos próximos meses dependendo de como o ‘Desenrola’ avançar”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

A inadimplência em alta, naturalmente, tem pressionado o spread bancário para cima. Entre abril e maio ele subiu de 47,02 para 47,71 pontos percentuais. Foi isso que fez com que a taxa de juros média cobrada das famílias nas operações com recursos livres subisse 0,32 ponto percentual no período, passando de 59,60% para 59,92%. Na contramão, o custo de captação recuou mais uma vez, a segunda de forma consecutiva, de 12,58% para 12,21%. A concessão desses créditos subiu 7,0% na comparação interanual e se manteve numa trajetória de crescimento desacelerado, passando de um crescimento de 15,8% para 14,1%. Essas variações foram antecipadas de perto pelo indicador da Boa Vista de Demanda por Crédito do Consumidor referente ao segmento “Financeiro”, que havia apontado alta de 7,8% em comparação a maio do ano passado e que no acumulado em 12 meses aponta um crescimento de mesma magnitude.

“O custo de captação pode continuar recuando ao longo dos próximos meses, até porque é esperado que o Copom inicie o ciclo de baixa na taxa Selic em agosto. A ata da última reunião mostrou que o comitê estava um pouco dividido, havia dúvidas sobre uma sinalização mais clara de corte para a reunião agendada para agosto. Na dúvida, prevaleceu a cautela, mas o resultado do IPCA-15 pode ter sido o sinal de que o comitê precisava para dar início ao novo ciclo. O primeiro corte tende a ser mais tímido, de 0,25 ponto percentual, seguido por outro de 0,25 em setembro e outros dois de 0,50 em novembro e dezembro. Claro que isso, por si só, não deverá reverter a tendência de desaceleração na concessão, que deve fechar o ano em alta, mas numa magnitude inferior ao que se viu no ano passado”, conclui Calife.

 

 

Data

30 junho 2023

Compartilhe

Icone de telefone

Ligue e descubra a solução ideal para a sua empresa

51 3017 8000

Capitais e regiões metropolitanas
De segunda a sexta , das 9h às 18h.