Webinar da Anlab conversa com Granado e Yuool e discute caminhos para o varejo


Webinar da Anlab conversa com Granado e Yuool e discute caminhos para o varejo

09


MAIO, 2020

Notícias

Para as empresas, independentemente do tempo de existência, a velocidade das decisões para atender melhor o cliente é o que importa no enfrentamento à Covid-19

O varejo tem muita história, antigo ou recente existem muitas formas de sucesso. Mas um dos segredos está na compreensão do consumidor final. Duas empresas, opostas na maior parte dos seus atributos, contam como têm enfrentado a crise decorrente da pandemia causada pelo coronavírus. Em um webinar promovido pela AnLab, em parceria com a CDL POA, Sissi Freeman, diretora de vendas da Granado e Phebo, e Eduardo Glitz sócio da Yuool, contam como tem sido operar seus negócios nestes últimos meses. O que será que uma empresa com 150 anos de história e outra com apenas dois anos têm em comum? Velocidade em tomar decisões e não ter medo de errar são algumas dicas dadas pelos convidados. Confira como foi o bate-papo mediado pelo experiente executivo e educador Luiz Secco:

 

Sissi Freeman | Diretora Granado e da Phebo

Com seus 150 anos, a Granado já passou por duas guerras mundiais, pela gripe espanhola e muitas outras crises. Fundada por um português, a empresa foi comprada em 1994 pelo pai de Sissi, o inglês Christopher Freedman, pela terceira geração dos fundadores. Com reconhecimento da família imperial, utilizando ingredientes naturais, foi sempre uma marca muito carioca e com uma forte memória afetiva. Hoje, com cerca de 80 lojas em todo o Brasil e operação também na Europa, a grife se reinventa a todo instante. O atacado representa 75% do negócio, e o varejo promove um maior mix de produtos.

A partir de março, a empresa viu os seus pedidos crescerem acima do normal, por se tratar de itens essenciais, e as equipes tiveram que se adaptar ao home office, com todas as lojas sendo fechadas. Sissi conta que clientes do atacado chegaram a realizar pedidos que, normalmente, representaria a quantidade para um ano em uma semana. A empresa vinha sentindo a crise desde janeiro, pois já ocorriam problemas com o fornecimento de alguns insumos que vinham do Exterior. Uma das primeiras atitudes foi criar um time de gerentes para a gestão da crise, em seguida, mudar todo o planejamento de investimentos para o ano.

Decisões que eram anuais passaram a ser semanais, as vendas migraram todos os esforços para o online. A fábrica continuou em operação e foram estabelecidas todas as precauções sanitárias para o funcionamento, e também a produção de perfumes mudou para álcool em gel. Além disso, a empresa realizou diversas doações. Hoje, as lojas ainda não abriram, mas estão sendo preparadas para receber os clientes com protocolos específicos, como marcação de pisos, máscaras e treinamento. Em relação aos funcionários das lojas, a empresa adotou as medidas governamentais para dar suporte e evitar demissões. Sobre o e-commerce, Sissi destaca que veio para ficar, ela conta que é possível notar pessoas comprando pela primeira vez. Atacado, supermercados, farmácia e e-commerce estão acima do normal em algumas categorias. A Granado acabou voltando para o seu core business, que são os itens essenciais, mas agora em, em um segundo momento, quer mostrar mais seu portfólio.

Sobre as metas, estão conseguindo atingi-las, sendo que abril ficou um pouco abaixo, mas, segundo a gestora, nada que afete a saúde financeira da empresa. Um novo termo utilizado na linguagem dos negócios está sendo muito usada nestes novos tempos, ‘pivotar’, que significa dar uma guinada e mudar rapidamente todas as estratégias do negócio. E isto realmente aconteceu na Granado, alguns lançamentos foram acelerados e outros foram deixados de lado, pois não faziam mais sentido no momento.

Durante o webinar, os shoppings foram colocados em pauta, e, para Sissi, eles têm sido melhores nas negociações e mais fáceis de gerencias durante a pandemia. Já as lojas de rua têm dado mais trabalho. Outro desafio para a empresa é a subida do dólar, já que muitos insumos são importados, pois, não é momento para aumento de preços. Em geral, a empresa espera um segundo semestre mais quente nas vendas e sabe que a retomada será difícil, com um replanejamento total das atividades. As vendas online e a logística de entregas são um desafio. A Granado tem apostado no formado em que as lojas são utilizadas como centro de distribuição, e as entregas realizadas de forma alternativa, como os serviços da Rappy ou Uber.

 

Eduardo Glitz | Sócio Yuool

A Yuool é uma marca de calçado produzido a partir da lã merino, uma raça de ovino originária do sul de Portugal. O principal atributo do produto é o conforto, tanto em maleabilidade quanto no quesito térmico. O nome Yuool significa: urbano, jovem, descolado e lã. Na Itália, a empresa encontrou o fornecedor do tecido, e a produção do sapato fica no Rio Grande do Sul. Toda a cadeia de vendas e estoque são digitais, pois, pelos custos de produção, não seria viável financeiramente a criação de lojas físicas.

A partir de esforços iniciais, criou-se uma rede de fãs de forma orgânica e, no primeiro ano, o produto vendeu três vezes mais do o esperado. A seguir, as vendas também começaram a acontecer na Europa, por meio do fornecedor italiano. A base cresceu com um trabalho com influenciadores digitais, pois, para comunicar o conforto, a comunicação se dá pela narrativa da experiência. Em uma recente parceria com a rede de shoppings Iguatemi, estava se iniciando um trabalho de lojas temporárias, que já estava em prática no Iguatemi JK, em São Paulo. Segundo Glitz, quem coloca um Yuool no pé, compra. A meta para este ano é triplicar o que cresceram no ano passado.

A crise provocada pela pandemia do coronavírus acontece justamente quanto a empresa acaba de nascer, ano passado teve um ano incrível, e estava já pensando em abrir lojas. Agora, encerrou-se todo esse ciclo. Glitz conta que, no início da pandemia, sentiu um impacto muito forte no movimento online, estavam acostumados a receber ente 60 e 100 pedidos por dia, e, na primeira semana da pandemia, houve dia que não receberam nenhuma compra. Era hora de agir, e rápido. Como empresários, tinham feito todas as análises possíveis e, a partir daquele momento, começaram a entender o cliente.

No início do distanciamento social, o cliente fica assustado. Pensando nisso, colocaram no ar uma nova campanha, que, se a compra e a entrega se dirigissem a uma pessoa querida, seria dado um desconto. O produto que sempre custou R$ 350,00 passou para R$ 270,00. A ação foi o maior sucesso de toda a história da empresa. O objetivo foi gerar conforto para as pessoas. A partir daquele momento, foi preciso entender o que as pessoas estão passando neste período. Hoje quem compra um par ganha quatro máscaras. Para o Dia das Mães, trabalhou-se uma bela embalagem de presente.

A fábrica ficou parada um tempo, mas já reabriu, e abril foi um mês de queda, com 55% do normal. O momento é entender a cabeça do cliente e com base nisso recolocar a campanha. O empresário afirma que o Dia das Mães foi melhor que ano passado e prevê que maio deverá ser melhor do que abril, talvez com 75% do que vinham fazendo. Glitz corrobora com os desafios do varejo tradicional, e diz que, quem estava preparado para o digital, teve uma oportunidade de colocar os planos em prática. A crise acelerou as tomadas de decisões difíceis. O lojista deve observar onde e quando o cliente tem uma boa experiencia na compra, quando sente prazer, e, qual é o momento em que não se está gerando nenhum valor. O empresário tem certeza de que o público não irá querer voltar para o velho, então, a digitalização deve entrar nos espaços em que o valor não está sendo gerado, por exemplo, filas, caixa, carregar as compras. O modelo de hoje quem decide é o cliente.

Toda o processo de digitalização não se faz da noite para o dia, então Glitz recomenda que o varejista utilize os meios que são disponibilizados hoje, ele não pode ficar estagnado. Toda a cadeia está aprendendo como será o novo normal, é a era de as pessoas se ajudarem e trabalharem para transformar seus pontos físicos em ativos. Agora é preciso ser veloz, sobrevive quem for maior ou mais rápido, as decisões são tomadas a toda hora.

 

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A CDL Porto Alegre reafirma seu compromisso em acolher as necessidades dos varejistas, auxiliando-os a transpor os entraves da disseminação do coronavírus. A Entidade tem a convicção de que a unidade do setor fará grande diferença neste momento tão delicado e de apreensão para todos. Com a atenção e a disponibilidade de cada empresário, para fazer a sua parte, o setor sairá ainda mais forte desta crise.

 

Data

09 maio 2020

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