Vetores de desenvolvimento do crédito: Cadastro Positivo e Open Banking

Vetores de desenvolvimento do crédito: Cadastro Positivo e Open Banking

26

MAIO, 2021

Notícias

Pesquisa recente do Instituto Locomotiva mostrou que 10% dos brasileiros não tinham conta em banco em janeiro de 2021, enquanto 11% sequer realizaram transações em dezembro de 2020. Um ano antes, a soma dos percentuais supracitados era de 29%.

Acreditamos que a distribuição do Auxílio Emergencial e a manifestação dos primeiros efeitos do Cadastro Positivo (CP), responsável pela extração do histórico de adimplemento dos agentes, são hipóteses capazes de ajudar na explicação do fenômeno. De acordo com o Banco Central (BC), o referido mecanismo, criado a partir de 2019, também originou uma queda relevante nos spreads bancários – diferença entre a taxa praticada na ponta final e o desembolso necessário para a captação do dinheiro – para as modalidades pessoais não consignadas com score no CP. A tendência é de que os resultados futuros evoluam de forma ainda mais promissora, diante da incorporação das estatísticas relacionadas às empresas de telecomunicações e de prestação de eletricidade e gás.

Outra ferramenta com enorme capacidade para expandir o mercado é o chamado “open banking”. Nesse arranjo, mediante consentimento explícito, os usuários (PF’s ou PJ’s) poderão compartilhar dados financeiros por meio de plataformas digitais. A ideia é estimular a concorrência entre os provedores de crédito, propiciando a diminuição de barreiras à entrada através da partilha de distintas informações, incluindo o fluxo de caixa, gastos com cartão e investimentos. Por conseguinte, espera-se o crescimento da oferta de recursos e da qualidade no fornecimento de determinados serviços aos demandantes, como empréstimos e aplicações.

No caso específico do comércio varejista, cremos que a estrutura viabiliza condições extras de financiamento e de parcelamento, o que afeta favoravelmente o processo de recuperação de dívida e as provisões para devedores duvidosos. Consequentemente, haverá capital adicional disponível para inovação e ganhos de competitividade.

A utilização de um API – tecnologia por trás do sistema em consideração – gera novas fontes de receita. Segundo estudo da Universidade de Boston (The Impact of APIs in Firm Performance), a previsão é de que a adoção dessa interface aumente em 10,3% o valor de mercado da firma. Além disso, o modelo permite avanços significativos no atendimento personalizado, citado por 37% de um levantamento como o fator mais importante para estreitar laços com os bancos (The Psychology of Personalization in Banking).

Por fim, o aprimoramento do canal de crédito traz, pelo menos, dois grandes benefícios do ponto de vista macroeconômico: (1) diversificação de alternativas e barateamento dos juros; e (2) incremento da potência da política monetária, possibilitando ao BC atingir seus objetivos com ajustes mais suaves na Taxa SELIC, ou seja, com volatilidade reduzida.

*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

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Data

26 maio 2021

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