Possibilidade de reduzir gastos com mão de obra e instabilidade na economia abrem espaço para salto.
Os dados fazem parte da mais recente divulgação do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), organizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Possibilidade de reduzir gastos com mão de obra e instabilidade na economia abrem espaço para esse salto, segundo especialistas.
O RS abriu 6.885 postos com carteira assinada sob regime de trabalho intermitente de janeiro a setembro. O montante significa 3.702 vagas a mais do que o observado no mesmo período do ano passado. No país, o cenário é diferente, com desaceleração na criação de postos.
O trabalho intermitente prevê a prestação de trabalho não continuada. Ou seja, o contratante aciona o empregado de acordo com a demanda. E o trabalhador recebe conforme dias e horas trabalhados.
Especialistas opinam
Pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (SP), José Dari Krein avalia que o avanço do modelo está ligado à redução de custos. Esse movimento ocorre em um mercado desorganizado, com excedente de força de trabalho, salários baixos e rotatividade, conforme Krein.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que o cenário econômico dos últimos anos também ajuda a explicar o salto do trabalho intermitente no Estado em um ambiente onde a média nacional desacelera. Com alguns tombos na atividade, esse tipo de regime acaba sendo uma alternativa menos onerosa, segundo o especialista:
– Os últimos anos no Estado foram difíceis. Tivemos duas estiagens extremamente graves.
Economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e especialista em mercado de trabalho, Lúcia Garcia diz que a dinâmica econômica atual também ajuda a explicar a alta dos intermitentes:
– As pessoas conseguem emprego, têm renda, mas esse valor está cobrindo dívidas, e não gerando consumo. O empresário que vende produtos ou serviços para a massa trabalhadora não tem expectativas promissoras. E, sem isso, não contrata.
Fonte: Diário Gaúcho