No coração da transformação digital do varejo, a South Summit Brazil 2025 revelou um cenário onde inteligência artificial, conectividade e relação humana são aliados estratégicos. Os principais especialistas globais apresentaram dados concretos e cases revolucionários que estão moldando o futuro do setor.
A Revolução das Vendas com IA: Dados que impressionam
Gustavo Ribas (K Fund) revelou que o Brasil já representa 30% do market share global em soluções de IA para vendas, com crescimento 47% acima da média mundial. O diferencial está na abordagem que combina automação inteligente com desenvolvimento humano: enquanto sistemas otimizam processos de CRM e antecipam objeções, os vendedores ganham tempo para focar no relacionamento. A segunda onda da IA comercial, agora em curso, vai além da eficiência – usa análise preditiva para treinar equipes em tempo real, criando profissionais que entendem tanto de dados quanto de emoções.
Os resultados falam por si: empresas que adotaram esse modelo híbrido alcançaram redução de 40% no ciclo de vendas e aumento de 35% na conversão. “A tecnologia eliminou tarefas repetitivas, mas amplificou o valor do toque humano”, explicou Ribas. O caso brasileiro prova que o futuro das vendas não está em escolher entre máquinas ou pessoas, mas em usar a primeira para potencializar o que a segunda faz de melhor – construir confiança e entender necessidades não declaradas.
Experiência do Cliente: Quando Dados Encontram Propósito
Felipe Caroé (4all) demonstrou como dados bem aplicados transformam interações comerciais em momentos memoráveis. “Ao decifrar padrões de comportamento, criamos experiências tão personalizadas que se tornam nosso principal diferencial competitivo”, explicou. Seu case revelou que empresas que usam análise preditiva para antecipar necessidades dos clientes alcançam 72% mais engajamento.
Xavier Agusti (CaixaBank) trouxe o contraponto crucial: “Tecnologia sem propósito é apenas ferramenta”. Ele destacou que as organizações líderes são movidas por curiosidade genuína – não apenas por implementar novidades, mas por questionar como cada inovação pode servir melhor às pessoas. “Nosso sistema de pagamentos por reconhecimento facial, por exemplo, nasceu da obsessão em eliminar atritos, não apenas da vontade de ser high-tech”, revelou.
E-commerce 2025: A Era da Personalização Radical
Dirceu Corrêa Jr. (Postmetria) e Alejandro Vazquez (Nuvemshop) destacaram que o consumidor moderno prioriza valores e autenticidade, com 78% dispostos a pagar mais por marcas transparentes em seus processos. Grandes empresas estão migrando para vendas diretas, abandonando marketplaces – 63% das marcas premium já operam lojas próprias, reduzindo custos em 40% e aumentando a retenção em 2,5x. A IA permite personalização em escala, criando jornadas únicas para cada cliente, mas o diferencial está em usar esses dados para aprofundar conexões humanas, não substituí-las.
A fronteira entre físico e digital desaparece: 89% das compras começam em um canal e terminam em outro. Lojas com integração perfeita entre online e offline têm retenção três vezes maior. O futuro do e-commerce é relacionamento contínuo, onde a venda é só o primeiro passo. Empresas que adotam essa visão crescem 47% mais rápido, provando que tecnologia e humanização, juntas, são o novo padrão de sucesso.
O Lado Humano em um Mundo de IA
Felipe Calbucci (Total Pass) trouxe uma reflexão poderosa ao compartilhar o legado de seu avô, comerciante que repetia: “O freguês é quem manda”. Em um mundo cada vez mais digital, ele alertou que o excesso de interações mediadas por IA está gerando um paradoxo: “Automatizamos processos, mas isolamos pessoas”. Dados apresentados mostram que 61% dos consumidores ainda preferem atendimento humano mesmo em transações digitais.
Calbucci defendeu que “a IA excelente é invisível” – deve funcionar como alicerce que libera tempo para o que realmente importa: conexões autênticas. Seu caso prático revelou que equipes comerciais que usam IA assistiva (para relatórios e análises) conseguem dedicar 40% mais tempo a interações significativas com clientes. “Não se enganem: algoritmos informam decisões, mas só relações humanas criam fidelidade”, concluiu, lembrando que em um mundo de máquinas, “ser genuinamente humano virou o maior diferencial competitivo”.
Comunidades Digitais: O Novo Graal do Varejo
Orkut Buyukkokten, criador da rede social que marcou uma geração, fez uma análise contundente sobre o estado atual das plataformas digitais: “As redes sociais modernas se tornaram máquinas de ansiedade, privilegiando engajamento vazio em detrimento de conexões significativas”. Ele destacou como os algoritmos atuais promovem conteúdo polarizante para aumentar o tempo de tela, criando uma sensação crescente de isolamento mesmo em meio a milhares de seguidores.
Como antídoto, Orkut propôs um novo modelo baseado em três pilares: honestidade radical, moderação humana e propósito comunitário. “Precisamos de plataformas que meçam sucesso não em likes, mas em relações reais construídas”, afirmou. Seu caso prático mostrou que marcas que investem em comunidades nichadas com interações genuínas alcançam taxas de retenção 4 vezes maiores do que nas redes sociais tradicionais. “O futuro do varejo pertence às empresas que entenderem que não vendem para consumidores, mas para comunidades conectadas por valores compartilhados”, concluiu, defendendo que a próxima revolução digital será liderada por quem colocar pessoas antes de algoritmos.
O Marketing do Futuro: Quando Marcas Viram Ambas
João Branco (Efeito Vírgula) provocou a plateia com uma pergunta essencial: “Se sua marca desaparecesse amanhã, quem sentiria falta?” Seu argumento foi direto: “Marketing que parece marketing está morto”. Em um mundo saturado de mensagens publicitárias, as empresas precisam parar de vender e começar a servir – entender profundamente as necessidades emocionais e práticas de seu público. “Seu cliente não quer ser interrompido, quer ser compreendido”, afirmou, destacando que as marcas mais relevantes hoje funcionam como facilitadoras da vida cotidiana.
Rapha Avellar (BrandLovers) trouxe dados para embasar essa visão: 62% da economia global é movida por consumo influenciado, mas não por anúncios tradicionais – e sim por criadores de conteúdo que estabelecem relações de confiança com suas comunidades. “Estamos na era do marketing de afetos”, explicou, “onde grandes marcas estão aprendendo com microinfluenciadores a arte da conversa genuína”. O case apresentado mostrou como empresas que adotam essa abordagem humanizada conseguem taxas de engajamento 7 vezes maiores que campanhas tradicionais. No futuro, toda marca precisará escolher: será um logo ou uma causa? Um vendedor ou um aliado?
Varejo Híbrido: Onde Digital e Físico se Encontram
Monique Lima (Mimo Live Sales) explicou que “85% da Geração Z inicia sua jornada de compra nas redes sociais, mas 72% finalizam em lojas físicas quando a experiência vale a pena”. Esse comportamento redefine radicalmente o varejo, onde TikTok e Instagram se tornaram as novas vitrines digitais. “Não se trata mais de canais separados, mas de uma jornada contínua que exige consistência em todos os pontos de contato”, explicou.
Luiza Nolasco (WGSN) complementou com uma visão transformadora: “As lojas físicas não estão morrendo – estão se reinventando como palcos para experiências memoráveis”. Ela apresentou cases onde espaços físicos funcionam como estúdios de conteúdo ao vivo, oferecendo ao mesmo tempo produtos e material para redes sociais. “O cliente moderno não quer apenas comprar, quer participar da narrativa da marca”, destacou, mostrando como varejistas que adotam essa abordagem híbrida alcançam um aumento médio de 55% no valor do ticket. A fronteira entre online e offline desapareceu – o futuro pertence aos que dominam essa integração perfeita.
SHEIN: O Case que Redefiniu as Regras
Felipe Feistler revelou como a SHEIN está transformando radicalmente a indústria da moda através de três inovações disruptivas. A marca implementou um sistema de produção sob demanda que reduz em 78% o desperdício têxtil tradicional, respondendo em tempo real aos desejos dos consumidores. Seu algoritmo de IA analisa diariamente mais de 10 mil tendências globais, conseguindo traduzi-las em novas coleções em apenas 72 horas – um processo que levava meses nas redes tradicionais.
Mas a verdadeira revolução está em seu ecossistema inclusivo: a plataforma já conecta 30 mil microempreendedores a um mercado global, democratizando o acesso à moda. “Não estamos apenas vendendo roupas, estamos criando um novo modelo econômico”, explicou Feistler. Os números comprovam: enquanto o varejo tradicional cresce 3-5% ao ano, a SHEIN expande a taxas superiores a 100%, provando que agilidade, tecnologia circular e comunidade são o futuro do consumo consciente.
A South Summit Brazil 2025 encerrou com um consenso claro: o varejo vencedor será aquele que dominar a arte de equilibrar tecnologia avançada com autenticidade humana. Os cases apresentados provaram que a IA mais sofisticada só tem valor quando amplifica – nunca substitui – a conexão emocional com o cliente.
Como Felipe Calbucci sintetizou: “Algoritmos otimizam processos, mas são histórias compartilhadas que constroem impérios”.
Os três pilares emergentes são irrefutáveis: inteligência artificial como alicerce operacional, relacionamentos genuínos como diferencial competitivo, e experiências fluidas que dissolvem as fronteiras entre canais. O dado mais revelador? Empresas que dominam essa tríade crescem 47% mais rápido que a média do mercado. O desafio para 2025 não é tecnológico, mas cultural: como manter a escala digital sem perder a alma humana que transforma clientes em embaixadores. A resposta, como mostraram todos os palestrantes, está em colocar pessoas no centro da inovação.