Pista do principal terminal aéreo do Rio Grande do Sul ficou 75% submersa na enchente de maio. Capacidade na fase inicial será para até 128 pousos e decolagens por dia. Expectativa é por ganhos logísticos e econômicos ao Estado
– A pista do aeroporto Salgado Filho será tocada novamente pelo trem de pouso de um avião comercial na manhã de hoje, após 171 dias em que o terminal ficou inoperante por conta dos efeitos da enchente. A reabertura do maior terminal aéreo do Rio Grande do Sul alimenta a expectativa por desembaraço logístico e retomada econômica.
O local, que ficou 75% submerso durante a inundação de maio, começa a receber fluxo de aviões com passageiros a partir das 8h10min. Nesse horário, pousará um avião da Azul com capacidade para transportar 174 pessoas.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que a retomada dos voos reativa setores como turismo, hotelaria e bares e restaurantes:
– Naturalmente, quando a gente tem essa circulação, essa movimentação mais intensa de pessoas, é natural que nós tenhamos a possibilidade de alavancarmos a nossa renda, de gerarmos mais esse crescimento.
Levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) em julho apontou que a interrupção do Salgado Filho deve gerar uma queda de aproximadamente R$ 580 milhões (cerca de US$ 107 milhões) nas exportações e importações que utilizariam a estrutura em 2024.
O presidente da Fiergs, Claudio Bier, afirma que a volta do terminal ajuda a destravar a indústria e a economia como um todo. Com maior número de voos, aumenta o fluxo de negócios, segundo o dirigente. Além disso, é uma sinalização importante para a retomada das exportações:
– Hoje, estamos com uma dificuldade, estamos exportando por outros Estados. Com esse movimento todo ficando aqui, gera mais emprego e mais renda aqui no nosso Estado.
Os voos vão aumentar gradativamente. Hoje, serão 71 pousos e decolagens. Daqui a duas semanas, serão 122. Antes da inundação, a média diária de voos era de 140 a 160.
O presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura (Câmara Log), Paulo Menzel, afirma que é necessária uma reorganização para retomar patamares de operação parecidos com o período pré-enchente:
– O próprio usuário, tanto de passageiros quanto de carga, precisa de novo se reorganizar. Assim como ele se reorganizou para procurar outras opções quando o Salgado Filho fechou, precisamos efetivamente agora dar tempo para que o usuário se reorganize também e possa voltar a usar a pleno o aeroporto.
Como vai funcionar
Saiba como será a operação do aeroporto a partir de agora
Horário de funcionamento
Nesta primeira etapa de reabertura, os voos serão realizados entre 8h e 22h. Após esse horário e durante a madrugada, as equipes seguirão com trabalhos de reparo da pista, visando ao próximo passo da retomada, que ocorre em dezembro. No entanto, o terminal funcionará durante 24 horas.
Frequência de voos
No primeiro dia, serão 71 voos (pousos e decolagens), transportando cerca de 9 mil passageiros. No dia 28 de outubro, esse número sobe para 98 – com aproximadamente 15 mil passageiros. Já no dia 4 de novembro, o número de operações salta para 122, comportando cerca de 16 mil usuários.
Embarque e desembarque
O check-in e o despacho de bagagens seguirá na área internacional, no piso 2. O acesso mais próximo será pela porta 5.
O embarque será realizado no local de voos domésticos, no terceiro piso. Já o desembarque volta ao local oficial, no primeiro piso.
Os horários para esses procedimentos voltarão a ficar sob responsabilidade das companhias aéreas a partir de hoje.
A Fraport recomenda que os passageiros cheguem com uma antecedência de duas horas. Na prática, os horários voltam a patamares parecidos com os de antes da inundação.
A Latam também orienta que os passageiros de voos domésticos se apresentem no aeroporto com duas horas de antecedência à decolagem.
A Gol destaca que o atendimento volta a ocorrer “normalmente como era antes da enchente”. O check-in será sempre encerrado uma hora antes da decolagem e o processo será aberto três horas antes do voo.
A Azul também informa que o trâmite “volta aos padrões normais de check-in e embarque”. O check-in fica disponível a partir de três horas antes do voo e se encerra uma hora antes da partida nos balcões de atendimento nos voos nacionais.
As companhias também oferecem o check-in online, que facilita o processo.
Estacionamentos
Além do sistema de uso do meio-fio via tarifa por tempo, os quatro estacionamentos do terminal (edifícios-garagem 2 e 3 e os dois descobertos) estarão funcionando.
Serviços e estabelecimentos comerciais
Na parte de operações comerciais, 70% dos lojistas que operavam antes da enchente já estão prontos para retomar. Além disso, esses serviços terão incremento nas próximas semanas, segundo a Fraport.
Área de pista
A operação ocorrerá em 1.730 metros de pista no formato parcial. Essa extensão é uma parcela dos 3.200 metros originais. No pátio 1, seis dos 16 pontos de embarque vão operar.
O Salgado Filho terá condições de atender até 128 operações diárias nessa primeira etapa. Hoje, em média, a Base Aérea de Canoas recebe 22 operações por dia. Antes da enchente, o aeroporto de Porto Alegre recebia em média entre 140 e 160 operações diariamente.
Fonte: Zero Hora / Em Foco / Anderson Aires
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