O Rio Grande do Sul registrou a quarta maior renda domiciliar per capita do país no ano passado. O valor ficou em R$ 2.304 por mês, enquanto no Brasil alcançou R$ 1.893, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, o RS havia registrado a terceira maior renda do país. No ano passado, porém, além do Distrito Federal (R$ 3.357) e de São Paulo (R$ 2.492), o Rio de Janeiro (R$ 2.367) ficou à frente (veja ao lado).
O valor é calculado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e considera todas as fontes de renda, seja salário ou, por exemplo, Bolsa Família. O rendimento domiciliar per capita é a divisão dos rendimentos domiciliares (em termos nominais, ou seja, sem o desconto da inflação), pelo total dos moradores.
Segundo o coordenador da pesquisa do IBGE no RS, Walter Rodrigues, além do crescimento expressivo do Rio de Janeiro, de quase R$ 400, o RS registrou expansão menor na comparação com o ano anterior. Enquanto em 2022 a renda no Estado avançou R$ 300, em 2023 o aumento foi de R$ 217.
– Nos rendimentos do trabalho, em termos nominais, o Brasil teve acréscimo de R$ 330 no rendimento médio mensal nominal do trabalho e o RS teve acréscimo de R$ 248. Então, pela ótica do trabalho, nós ficamos abaixo do acréscimo do rendimento nominal nacional. Enquanto isso, o Rio de Janeiro teve acréscimo de R$ 457 – observou Rodrigues.
Um dos motivos para esse aumento menor no rendimento do trabalho, diz Rodrigues, pode ter sido a queda do número de pessoas ocupadas no grupamento que envolve administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que possui rendimentos altos.
Apesar da perda de posição no ranking e do crescimento menor do que o registrado no ano anterior, o resultado da renda domiciliar per capita do RS em 2023 é visto como positivo pelo economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank.
Expectativas
Segundo ele, o valor superou expectativas, considerando as adversidades econômicas recentes.
– Em razão de tudo o que aconteceu aqui no nosso Estado, dessas duas estiagens extremamente graves e também desse excesso de chuvas, eu não vejo um resultado ruim. Eu esperaria que a gente, inclusive, tivesse dados piores mas o Estado teve essa capacidade, essa resiliência, de gerar esses números que estão sendo apresentados pelo IBGE – observou ele.
Norte e Nordeste têm valores mais baixos
Segundo o economista e professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, Gilberto Braga, o resultado do Distrito Federal é explicado pelo grande contingente de servidores públicos que vivem na capital federal.
– Nas demais cidades, a gente vê um peso relativo bastante grande do salário mínimo, que ainda é utilizado como principal referência de remuneração. Mas quando você pensa em funcionalismo público, os cargos concursados tendem a partir já de um valor superior ao mínimo. Isso puxa a média do Distrito Federal para cima, ficando maior do que as demais cidades pesquisadas da Pnad – explica o economista.
Na outra ponta do ranking, aparece o Maranhão, onde o rendimento mensal ficou em R$ 945 – foi o único Estado em que o valor não chegou a R$ 1 mil.
As regiões Norte e Nordeste concentraram todos os menores rendimentos do país em 2023.
Em apenas oito Estados, o valor foi superior a R$ 2 mil, incluindo os três da Região Sul e mais São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal.
O rendimento médio do Brasil, de R$ 1.893, aumentou R$ 268 em relação a 2022, o que significa uma alta de 16,5%.
Fonte: Zero Hora