Após ajustes feitos no mês de abril, a geração de empregos com carteira assinada avançou pelo sexto mês seguido no Estado
Incentivado pela sazonalidade do comércio no final do ano e pela retomada dos serviços, em outubro, o saldo líquido entre as contratações e demissões foi de 19.478 vagas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem, pelo governo federal. No acumulado do ano, o número de postos de trabalho é 139,8 mil.
As vagas líquidas no comércio (6,5 mil) e nos serviços (5,9 mil) ajudaram a alavancar os dados. Os demais grupos – indústria (4,8 mil), construção (1,1 mil) e agropecuária (973) – também ficaram no campo positivo.
No país, o movimento indica saldo de 253.083 empregos com carteira em outubro, em ritmo menor do que o de setembro, quando foram geradas 312.066 vagas.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, constata que o Rio Grande do Sul tem performance acima da média nacional, com alta disseminada em todos os grandes setores. Segundo ela, diferentemente do ano passado, em 2021, as contratações líquidas não são mais efeito da reposição de perdas provocadas pela pandemia, e sim avanço da força de trabalho formal.
– O Caged nos mostra resultados diferentes. Enquanto o Brasil perde tração na geração de postos formais, aqui há uma aceleração. É difícil saber se é uma tendência, mas no país fica claro que é algo em linha com o que acontece com a atividade econômica, que vem em desaceleração – argumenta.
Dúvida
Para o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, é muito cedo para cravar retomada definitiva do aquecimento no mercado de trabalho. Segundo ele, isso acontece porque a real situação é medida por dois termômetros: o Caged e a Pnad-Continua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, diferentemente do primeiro, também captura os níveis de informalidade na economia:
– Pelo novo Caged, superamos o patamar anterior à pandemia, em 2019. Só que, pela Pnad, ainda não. Acredito que temos um longo caminho a ser percorrido até conseguirmos reinserir os trabalhadores que deixaram o mercado formal. Não é possível afirmar que estamos em contexto marcado por reaquecimento do mercado de trabalho.
Ontem, o IBGE informou que a taxa de desemprego no terceiro trimestre ficou em 12,6%. No trimestre encerrado em agosto, estava em 13,2%. Já o rendimento real habitual ficou em R$ 2.459, queda de 4% relativa ao último trimestre e de 11,1% em relação ao terceiro trimestre de 2020.
Pela frente, Frank observa novos desafios. Pressões generalizadas de custos, como energia, combustíveis, insumos e suprimentos, trarão efeitos negativos futuros ao mercado de trabalho. Na equação, ele inclui os juros em elevação, as dificuldades logísticas e o enfraquecimento do poder de compra dos salários como variáveis que não garantem a continuidade da manutenção da estabilidade de emprego e renda para muitas pessoas.
Fonte: Jornal Zero Hora – Edição impressa em 1 de dezembro de 2021.