Resiliência e criatividade devem impulsionar vendas
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DEZEMBRO, 2020
Notícias
O ano de 2021 deve ser de recuperação para empresas de varejo e serviços, na visão de lojistas e dirigentes de entidades representativas do comércio. Novos canais de venda e as novas formas de relacionamento com o consumidor, já estabelecidas em 2020, poderão contribuir para que o setor cresça, retomando gradualmente aos patamares de 2019.
Acelerando o ritmo iniciado em meio à pandemia de Covid-19, a atuação das empresas via redes sociais (Facebook e Instagram) e WhatsApp deve se intensificar no ano que vem. “As ações neste sentido não irão retroceder no pós-Covid, pelo contrário, devem permanecer e aumentar”, avalia o presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski.
Segundo ele, o cenário de melhorias começa a partir da chegada da vacina contra o coronavírus. “O varejo segue sua tendência histórica de se reinventar e, aos poucos, as ‘melancias’ se ajeitam, mas vai ser em outra ‘carroça’ – neste caso, os novos canais de venda. Galbinski destaca que muitos lojistas gaúchos que precisaram usar destas ferramentas na pandemia obtiveram resultados satisfatórios, e já incorporaram para o futuro as redes sociais e o uso do Whatsapp nos negócios.
“Estamos realizando muitas vendas com hora marcada, por videochamada”, confirma a líder de loja da Pampili do Shopping Iguatemi, Aracheine Molarinho Fagundes. “Muita gente deixou de frequentar o comércio presencialmente e hoje prefere comprar no conforto de casa.” E segue: “acredito que 2021 será um ano de transformação, com o desafio de nos conectarmos cada vez mais com os clientes.”
Na visão da gerente geral do Iguatemi, Nailê Santos, iniciativas como esta estão entre as tendências que “vieram para ficar” no mercado de shopping centers. “Acreditamos que cada vez mais o consumidor buscará novos serviços que tragam ainda mais segurança e comodidade”, justifica ela. “Nosso foco para 2021 seguirá em inovação, experiência e novas ferramentas tecnológicas, que agreguem ainda mais facilidade e valor aos nossos clientes.”
“Muitas empresas estão migrando para o digital e procurando espaços físicos menores e híbridos, que permitem a interação com o cliente mas também reduzem custos e estoque”, reforça o presidente da AGV. Outra novidade que chegou em 2020 e deve permanecer no pós-pandemia são “os braços de revendedores”.
“A tendência é que pessoas passem a consumir dentro dos seus condomínios de casas e prédios”, explica o proprietário da loja de roupas femininas Ishtar, Carlos Klein. Atualmente, ele administra três lojas em shoppings, e montou um esquema “bem estruturado” de revendas. O lojista explica que esta foi uma das formas que a empresa encontrou de ampliar as opções de vendas, sem precisar lotar estoques, uma vez que tudo funciona sobre encomenda neste formato.
Mercado de trabalho seguirá apresentando dificuldades
Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, muito do cenário econômico de 2021 será ditado pela Covid-19, considerando as novas ondas da pandemia e a vacinação. Segundo o dirigente, as medidas de quarentena devem interferir nos negócios. “O ano de 2020 foi atípico para todos, especialmente para os representados pela Fecomércio-RS”, avalia.
Para o comércio, a projeção é de 2,5% e dos serviços de 3,5%. A inflação medida pelo IPCA deve ser de 4,0%, e os juros devem chegar a 3,75%. Também se estima que o câmbio chegue a R$ 5,00 ao final de 2021. Para a Fecomércio-RS, o mercado de trabalho continua com sérias dificuldades, que só deverão ficar totalmente evidentes em 2021.
E-commerce continuará crescendo no pós-pandemia
“Será um ano muito desafiador no sentido de encontrar o produto e serviço certo que vai causar interesse ao consumidor”, explica o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Irio Piva. “Mas, com tudo que está acontecendo, as empresas aprenderam muito e irão estar preparadas, com novas formas de atendimento e comercialização pela internet, que irão além do e-commerce.”
Piva avalia que, por conta de facilitar a pesquisa do cliente, as ferramentas online geram um índice de conversão de vendas maior. “Mesmo que se dirija a uma loja física, a pessoa já chega decidida.” Ele pondera que as empresas deverão valorizar os talentos nas lojas.
Fonte: Jornal do Comércio – Edição impressa em 18 de dezembro de 2020.