Qual o impacto econômico da estiagem no Rio Grande do Sul?

A FARSUL divulgou recentemente suas estimativas atualizadas para o nível de atividade gaúcho em 2022. De acordo com o prognóstico da entidade, espera-se que o PIB caia 8,0% em comparação com 2021: caso se confirme, teremos a recessão mais intensa já verificada em toda a série histórica desde 1948.

A razão fundamental desse resultado tão ruim é fruto de uma tempestade perfeita. Em primeiro lugar, dados da CONAB mostram que o recuo projetado para a produtividade da safra de grãos 21/22 é de 36,29%, maior do que nos anos marcados pelo clima desfavorável. Porém, o efeito é inferior se acumularmos o biênio 03/04 e 04/05.

A abertura das informações evidencia que os prejuízos da seca concentram-se principalmente na soja – carro-chefe do nosso setor primário. Culturas como o milho, arroz e feijão também devem encolher.

Outro fator que contribui negativamente diz respeito ao forte aumento dos custos. Conforme o índice específico da FARSUL, houve alta de 51,39% em 2021: recorde anual para o levantamento iniciado em 2011. Embora tenha desacelerado para 40,11% na janela de 12 meses até fevereiro, o patamar permanece elevado. A desorganização das cadeias globais de insumos e suprimentos determinada pelas medidas de distanciamento social em larga escala, combinada com a depreciação da taxa de câmbio ao longo da pandemia, foram responsáveis pelo fenômeno. Nas últimas semanas, o cenário ganhou novo elemento de preocupação, em virtude da pressão gerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia sobre as cotações das commodities e dos fertilizantes.

As perdas computadas do ponto de vista do valor adicionado (faturamento subtraídas as despesas) são de R$ 31,7 bilhões para a agropecuária. No entanto, sabemos que o ramo apresenta encadeamentos com a indústria e os serviços, de modo que o rombo em ambos soma R$ 78 bilhões. Por sua vez, a queda de arrecadação de impostos indiretos é de R$ 5,9 bilhões. Portanto, o montante alcança R$ 115,7 bilhões.

Em suma, os números retratam a gravidade da conjuntura vivenciada pelo RS. Acreditamos, por fim, que os estragos não estarão restritos somente a 2022, pois limitarão a capacidade financeira dos agentes envolvidos enquanto persistir a necessidade de quitação das dívidas contraídas no passado.

Data

12 abril 2022

Compartilhe