Qual o impacto da COVID-19 sobre a inflação? - CDL POA

Qual o impacto da COVID-19 sobre a inflação?

Qual o impacto da COVID-19 sobre a inflação?

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NOVEMBRO, 2020

Notícias

A pandemia determinou mudanças nos hábitos de consumo. Em função das medidas de isolamento social, as famílias promoveram uma realocação significativa das despesas. A MCM Consultoria, diante desse quadro, realizou um exercício interessante para saber como as alterações repercutiram no poder de compra da moeda, de forma não captada pelos índices de preços.

É necessário lembrar que o indicador oficial de inflação (IPCA) é construído com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. Ali, temos a ideia de como um cidadão representativo gasta seus rendimentos entre nove segmentações. Contudo, os pesos dos grupos referem-se ao biênio de 2017-2018, ou seja, não espelham, da maneira mais acurada, o padrão atual.

No tocante à metodologia, os autores discutem que uma das alternativas para contemplar o objetivo seria usar o Índice Cielo de Vendas do Varejo Ampliado (ICVA), que monitora as transações nas máquinas de cartão de crédito / débito da companhia. No entanto, as agregações por setores são diferentes dos parâmetros do IBGE, inviabilizando o emprego. Outra proposta envolve as estatísticas das Contas Nacionais Trimestrais. Todavia, a frequência das informações (três em três meses) atua como um limitante.

Consequentemente, os analistas entenderam que a opção mais adequada diz respeito à utilização dos dados  americanos, mais especificamente o “Personal Consumer Expenditures – PCE”. Além do paradigma semelhante e da periodicidade a cada trinta dias, o movimento de fechamento dos negócios (segunda quinzena de março) e a retomada gradual das atividades (junho) ocorreu do mesmo modo em ambos os territórios. Embora a aproximação não seja perfeita, existem similaridades entre os Estados Unidos e a dinâmica brasileira.

A alimentação no domicílio, habitação e artigos de residência ganharam importância relativa desde a imposição das quarentenas, fruto do aumento do tempo das pessoas nos respectivos lares. Por sua vez, alimentação fora de casa, transportes e vestuário (ainda que esse último recorte tenha retornado aos patamares normais) perderam espaço: nos dois primeiros casos pela queda da mobilidade; já o terceiro compreende mercadorias não essenciais, cujo desembolso pode ser adiado sem grandes danos ao bem-estar.

Os cálculos mostram que a nova métrica (IPCA-PCE) superou o IPCA no acumulado entre janeiro e setembro de 2020: 1,96% contra 1,34%. Acreditamos que o resultado traz implicações para os gestores da política econômica, principalmente o Banco Central, responsável, entre diversas atribuições, por estabelecer a taxa básica de juros (SELIC). Porém, é fundamental notar que o cenário presente reflete um choque transitório, e que, paulatinamente, o descolamento deve ser neutralizado.

Do ponto de vista da renda, a variável apresentada pela MCM permanece aquém do INPC: balizador da correção do salário mínimo. Portanto, não cremos em prejuízos à capacidade de aquisição de bens e serviços, especialmente da população pobre.

*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

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Data

24 novembro 2020

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