Quais as causas da turbulência nos mercados internacionais? - CDL POA

Quais as causas da turbulência nos mercados internacionais?

O dia 05 de agosto de 2024 ficou marcado pelo movimento de depreciação de uma série de ativos financeiros ao redor do mundo. Nesse sentido, o S&P 500 e a Nasdaq, dois dos principais termômetros das ações dos Estados Unidos, caíram 3,0%. No Japão, o declínio da bolsa de valores (Nikkei) totalizou 12,4%: recuo inédito desde 1987.

Ao menos duas razões podem ajudar na explicação do fenômeno. A primeira diz respeito à percepção quanto ao ingresso da economia americana em uma possível recessão. Conforme o payroll de julho, não só a criação líquida de vagas com carteira assinada (+114 mil) veio inferior ao consenso entre os analistas (+175 mil) como também a taxa de desemprego avançou de 4,1% para 4,3%, contrariando a projeção de manutenção. Por sua vez, empresas do ramo de tecnologia dos EUA apresentaram seus respectivos balanços para o intervalo entre abril e junho, trazendo perspectivas desafiadoras para os lucros futuros.

Já o segundo motivo passa pela majoração dos juros no Japão da faixa entre 0 a 0,1% para 0,25% ao ano, ou seja, nível recorde desde 2008. Aqui, especificamente, é importante entender o contexto histórico. Durante muito tempo, o país asiático conviveu com riscos deflacionários, provocados por uma diminuta propensão ao consumo. Além de fatores culturais, a própria demografia, com baixa taxa de natalidade e alta expectativa de vida, faz com que a taxa de poupança das famílias seja expressiva.

Depois do choque inflacionário global ocasionado pela pandemia, diversos bancos centrais elevaram suas taxas de juros. Como resultado, o diferencial existente dos EUA para o Japão, que manteve uma política monetária bastante frouxa, ampliou – o Iene chegou a atingir seu mínimo em comparação com o Dólar desde 1986 por conta da discrepância entre as remunerações ofertadas pelas aplicações. No entanto, a combinação entre pressões dos salários dos trabalhadores e o encarecimento dos importados suscitou o aumento dos juros pelo Japão.

Consequentemente, o Iene ganhou terreno contra o Dólar, gerando como efeito colateral as vendas de posições de investimentos em larga escala. Cabe ressaltar que a moeda japonesa costuma ser usada para realizar o chamado “carry trade”: a contratação de recursos baratos visando a alocação em nações que ofereçam retorno superior, incluindo os EUA. Portanto, somado ao impacto para o custo de captação, as operações que utilizaram o referido expediente sofreram prejuízos, pois para uma mesma taxa de juros, o Dólar desvalorizou, afetando a rentabilidade.

Houve alguma estabilização ontem nos mercados após o tombo. A despeito dos indicadores supracitados inegavelmente ruins, temos outros que seguem corroborando com a trajetória de crescimento do PIB americano. De acordo com o prognóstico oficial do FED de Atlanta para o terceiro trimestre de 2024, constantemente programado para incorporar estatísticas setoriais atualizadas, o produto esperado subiu de +2,5% para +2,9% (taxas anualizadas em relação ao período imediatamente anterior com ajuste sazonal) recentemente. Logo, apesar da persistência de certas ameaças, como questões geopolíticas envolvendo conflitos bélicos e comerciais, acreditamos que a queda do PIB dos Estados Unidos, por ora, não está contemplada no nosso cenário-base, fato que contribui para negociações.

 

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    Data

    08 agosto 2024

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