O que está acontecendo com os juros do Tesouro americano e como isso afeta o BR? - CDL POA

O que está acontecendo com os juros do Tesouro americano e como isso afeta o BR?

Os rendimentos dos títulos da dívida do governo dos Estados Unidos (treasuries) de 10 anos mantiveram sua forte tendência de alta nas últimas semanas, chegando a romper, recentemente, a barreira de 4,8% ao ano. Trata-se do pico já registrado desde 2007.

O retorno desse tipo de aplicação é visto como livre de risco, ou seja, apresenta repercussões sobre o grau de atratividade de diferentes ativos, como o Real. Portanto, caso o primeiro aumente, tudo o mais constante, os capitais localizados no Brasil podem migrar, causando desvalorização da nossa moeda. Cabe lembrar que a taxa de câmbio é um dos fatores levados em consideração pelo COPOM para a condução da política monetária no Brasil. Entre os motivos que justificam a trajetória ascendente estão:

1) Higher for longer: a reavaliação, por parte dos investidores, de que os juros de curto prazo estabelecidos pelo Federal Reserve (BC dos EUA) permaneçam elevados por tempo superior ao imaginado anteriormente. A revisão se deve em função da resiliência do nível de atividade, com destaque para a robustez da ocupação: taxa de desemprego diminuta (3,8%) e gerações consistentes de vagas formais, o que alimenta a inflação, principalmente nos serviços;

2) Retirada gradual da liquidez utilizada para dar suporte à retomada após a eclosão da pandemia;

3) Encarecimento da cotação do barril de petróleo, sobretudo pela restrição à oferta provocada por polos relevantes, como Rússia e Arábia Saudita;

4) Desafios relacionados às contas públicas, responsáveis, inclusive, pelo rebaixamento do rating soberano (de AAA, maior nota na classificação, para AA+) pela agência internacional Fitch. A conjunção entre cortes de impostos, contratações de novas despesas, choques econômicos negativos e questões estruturais, relativas ao envelhecimento da população, pesaram.

Entendemos que o movimento será devolvido parcialmente nos próximos meses, na medida em que houver definições sobre: (a) o término do atual ciclo de subida dos juros nos EUA; (b) algum reequilíbrio do mercado de petróleo; e (3) o encaminhamento do orçamento para 2024 pelo Congresso.

No entanto, a continuidade da normalização é limitada pelas amplas incertezas fiscais. Logo, acreditamos que as treasuries seguirão pressionadas por extenso período, o que impacta desfavoravelmente sobre a capacidade de reduzir juros de forma mais agressiva no Brasil.

 

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    Data

    09 outubro 2023

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