A evolução dos dados referentes à COVID-19 aponta para uma melhora considerável do quadro sanitário do Brasil recentemente. Embora existam incertezas sobre o futuro, envolvendo as novas variantes, a expectativa é de que restrições continuem diminuindo. Diante desse contexto, a Fundação Getúlio Vargas investigou, junto a centenas de cidadãos espalhados no território nacional, a tendência para os gastos entre diferentes tipos de alocação de recursos.
De acordo com os resultados da sondagem conduzida no mês de junho, a procura por “serviços prestados às famílias e turismo” deverá aumentar em ritmo proporcionalmente superior do que “roupas, saúde e cuidados pessoais” (45,6% e 36,1%, respectivamente), principalmente nas faixas de renda elevadas. Entendemos que a justificativa para o fenômeno passa pela natureza das medidas de distanciamento social, que geraram uma demanda reprimida no setor terciário, fundamentalmente nas subcategorias para as quais há grande interação humana, como alojamento, alimentação, salões de beleza, entre outras.

Com relação ao segundo grupo, cremos que a predominância da estabilidade (52,9%) é determinada por higiene, cosméticos, perfumaria e farmacêuticos: números complementares evidenciam que as vendas do segmento, conforme o levantamento do IBGE para maio, excederam em 10,8% o patamar verificado antes da imposição das quarentenas, ou seja, em fevereiro de 2020. Por sua vez, vemos que a perspectiva para artigos de vestuário é positiva, essencialmente por conta da base de comparação deprimida.
Além disso, os entrevistados estão mais propensos a viajar e frequentar lugares como shopping centers, bares, restaurantes, hotéis, pousadas e praia. Parcela significativa, no entanto, adotaria cautela, o que mostra a importância dos estabelecimentos em garantir condições adequadas para as compras. O fluxo, apesar de não ser decisivo, ainda apresenta relevância para explicar a dinâmica do faturamento em muitos negócios.

As estatísticas, em suma, demonstram algum otimismo para os próximos meses, favorecendo a retomada do crescimento e, consequentemente, do emprego e dos salários.
*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA
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