O que esperar da taxa de câmbio em 2024? - CDL POA

O que esperar da taxa de câmbio em 2024?

O comportamento do Dólar é relevante para o comércio varejista nacional, pois diversos produtos são diretamente trazidos em sua versão final ou apresentam componentes utilizados em sua fabricação que vêm do exterior. Além disso, quanto menor a cotação, mantidas as demais variáveis constantes, maior a propensão à aquisição em virtude do seu barateamento, o que altera as condições de concorrência. Após a diminuição de 7,2% em 2023, qual o cenário para a taxa de câmbio em 2024?

A referida valorização em 2023 contou com o resultado da balança comercial: recorde de US$ 98,8 bilhões. O aumento no confronto com 2022 (US$ 61,5 bilhões) decorreu da elevação de 1,7% das exportações e da queda de 11,7% das importações. Em 2024, a perspectiva é de desaceleração do saldo, ainda que o número (US$ 75 bilhões) ocupe a segunda colocação de toda a série histórica, conforme as previsões de mercado do Relatório FOCUS de 12/01/24. Por um lado, as vendas externas devem permanecer praticamente estáveis, com grande parcela de colaboração do petróleo, embora o fenômeno El Niño atue para prejudicar a safra de grãos. Já as compras vindas de fora subirão 11,9%, a partir da retomada antevista para a indústria graças à continuidade do ciclo de redução da Taxa SELIC.

Por sua vez, as incertezas fiscais jogam contra nossa moeda. O expansionismo considerável dos gastos públicos em 2023 sem a contrapartida adequada em termos de arrecadação pode criar preocupações adicionais a respeito da trajetória da dívida como proporção do PIB. Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que a receita primária líquida do governo federal para 2024 (19,2%) está muito acima dos outros anos, ou seja, há indícios de superestimação. Ademais, a metodologia de cálculo dos impactos dos ganhos de caixa programados para 2024 (R$ 168 bilhões) não teve seu detalhamento divulgado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Da mesma forma, não se verifica base factual no tocante à viabilidade do corte de despesas de R$ 12,5 bilhões no INSS. 

Também é necessário observar a postura dos bancos centrais daqui e, principalmente, dos Estados Unidos, com destaque para o diferencial entre a Taxa SELIC e sua equivalência americana (fed funds). Patamares superiores favorecem a atração de divisas e, consequentemente, a apreciação do Real. Portanto, surpresas de alta com relação à atividade econômica / inflação no Brasil e de baixa nos EUA provavelmente suscitarão respostas mais duras e brandas, respectivamente, pelas autoridades monetárias de cada país. Logo, os capitais internacionais tendem a migrar para cá. O raciocínio análogo inverso é igualmente válido.

Julgamos que o balanço de riscos para a taxa de câmbio é neutro por ora. Hoje, o consenso entre os analistas do Relatório FOCUS para o término de dezembro, de R$ 4,95, nos parece um prognóstico razoável. 

 

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    Data

    19 janeiro 2024

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