O que as novas projeções do FMI sinalizam para o futuro da economia? - CDL POA

O que as novas projeções do FMI sinalizam para o futuro da economia?

O FMI divulgou recentemente suas expectativas atualizadas para diversas variáveis econômicas. Além de úteis para a construção de cenários, as análises constituem ferramentas importantes para robustecer a tomada de decisão das famílias e das empresas.

Em primeiro lugar, o Fundo destaca a resiliência do nível de atividade global. A despeito das ações postas em marcha para diminuir a perda do poder de compra das moedas através do encarecimento do custo do crédito, tanto o emprego quanto a renda apresentam bom desempenho. O uso de medidas fiscais, a utilização das poupanças acumuladas pelos agentes ao longo da pandemia e o aumento da força de trabalho como proporção do total de pessoas aptas a ofertarem sua mão de obra são algumas das razões explicativas do fenômeno.

Embora tenha sido revisado para cima em 0,3 ponto percentual no confronto com o exercício preditivo de outubro de 2023 e +0,1 ponto percentual ante janeiro, o PIB mundial previsto para 2024 (+3,2%) permanecerá aquém da média histórica pré-COVID entre 2000 e 2019 (+3,8% ao ano). Os juros elevados, a fragmentação geopolítica, a tendência de acomodação do suporte governamental via incremento dos dispêndios e/ou redução de impostos e o menor avanço da produtividade fundamentam o prognóstico.

O FMI reconheceu que o balanço dos riscos para o futuro encontra-se neutro. Entre os vetores negativos estão: (1) choques desfavoráveis sobre as commodities determinados por guerras / sanções comerciais; (2) possível crise no ramo imobiliário chinês; (3) ajuste nas contas públicas com potencial de deteriorar a confiança e afetar os gastos dos consumidores, os investimentos e as contratações. Por sua vez, os elementos capazes de provocar surpresas positivas dizem respeito: (1) ao recuo mais rápido do que o aguardado dos preços; (2) à política fiscal mais frouxa do que a presumida, alavancando o crescimento no curto prazo; (3) às consequências da aplicação da Inteligência Artificial e da adoção de reformas.

No que se refere ao Brasil, a estimativa para o PIB em 2024 subiu de +1,7% para +2,2%. Ainda assim, o número é inferior em comparação com 2023 (+2,9%). Por um lado, os juros reais (Taxa SELIC corrigida pelo IPCA projetado para os próximos 12 meses), de 6,97% ao ano, superam o patamar neutro computado pelo Banco Central (4,5% ao ano), ou seja, atuam para frear a produção. Por outro lado, a parcela de contribuição da agropecuária cairá em relação a 2023. Enquanto a supersafra de grãos motivou a expansão de +15,1% do setor primário em 2023, os especialistas sondados pelo Relatório FOCUS anteveem retração de -1,15% para 2024, na esteira dos impactos do El Niño. Ademais, o FMI também cita o processo de consolidação fiscal. No entanto, convém lembrar que o documento foi lançado antes do anúncio da flexibilização das metas a serem perseguidas pela União a partir de 2025.

Já a inflação global desacelerará de 6,8% em 2023 para 5,9% em 2024. Ao contrário do ano passado, em que a moderação ocorreu por causa dos alimentos e da energia, os núcleos, que excluem ambos os componentes, devem colaborar com a maior parte do movimento declinante. Somados aos efeitos do aperto da política monetária, o arrefecimento da ocupação e a transmissão do barateamento da energia para os demais grupos de bens e serviços sustentam essa visão.

Na nossa avaliação, apesar do quadro melhor do que o esperado, diferentes incertezas seguem permeando o horizonte prospectivo. Acreditamos que o atraso no início do corte dos juros básicos (fed funds) nos Estados Unidos, os conflitos no Oriente Médio e no Leste europeu, bem como os desafios envolvendo o equilíbrio entre receitas e despesas da União são os principais focos de atenção hoje.

 

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    Data

    22 abril 2024

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