Novas restrições atingem Interior e capital gaúcha
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JUNHO, 2020
Notícias
Serra, Uruguaiana, Santa Maria e Santo Ângelo são áreas de risco.
O crescimento nas ocupações de leitos de UTI por pacientes com Covid-19 levou as autoridades do Estado e da Capital a reverem estratégias e ampliarem as ações de restrições, especialmente com foco no funcionamento de estabelecimentos do comércio e do setor de serviços. Na quinta semana de aplicação do sistema de distanciamento, o governador Eduardo Leite anunciou que a cor vermelha volta a figurar no mapa gaúcho nas quatro grandes regiões de Caxias do Sul, Santa Maria, Uruguaiana e Santo Ângelo.
A cor vermelha indica alto risco na pandemia do novo coronavírus. O anúncio feito no sábado ainda trouxe uma novidade: regiões com bandeira vermelha permanecerão por duas semanas com esse status até que possam migrar para as cores laranja ou amarelo. Nesta bandeira, somente estabelecimentos que vendem itens essenciais podem estar abertos, mantendo 50% dos trabalhadores de seu quadro. Os demais locais de comércio devem ficar fechados. Restaurantes e lancherias ficam proibidos de receber clientes no local, mas podem atender em sistema de tele-entrega, drive-thru e pegue e leve (take away). Nos shopping centers, é permitido o acesso apenas a serviços essenciais, como farmácias, lavanderias e supermercados, que podem operar com apenas 25% dos funcionários. As demais operações devem permanecer fechadas, sem circulação de pessoas.
As aulas devem ser mantidas de forma remota. Cursos livres, cujo funcionamento seria permitido, com respeito às medidas sanitárias, a partir do dia 15 de junho, devem permanecer fechados, assim como escolas de educação infantil e ensinos Fundamental e Médio, e universidades. Academias, missas e serviços religiosos, clubes sociais e esportivos (mesmo que com atendimento individual), e serviços de higiene pessoal, como cabeleireiro e barbeiro, por exemplo, passam a ser totalmente vedados. Na sexta-feira, o prefeito Nelson Marchezan Júnior já indicava a necessidade de arrocho nas liberações, a fim de conter a disseminação da doença na Capital. Devido ao aumento de pessoas com Covid-19 em UTIs – no sábado eram 72 pacientes, alta de mais de 60% frente a uma semana –, a prefeitura determinou o fechamento e novas restrições a estabelecimentos a partir desta segunda-feira. “Não é decisão por falta de capacidade atual (UTIs), mas uma trava de segurança para reduzir a velocidade de crescimento da demanda por leitos”, explicou. “Não estamos buscando culpados, suspendendo atividades porque um ou outro setor é o culpado”, assegurou Marchezan.
A notícia de que as portas do comércio fechariam novamente levou empresários do setor do varejo a uma intensa agenda de encontros com o Executivo municipal. A intenção era fazer com que a prefeitura encontrasse alternativas de contenção do fluxo e aglomeração de pessoas nas ruas de Porto Alegre. “Sugerimos fechar o comércio aos domingos e reduzir os horários de funcionamento, em vez de fechar totalmente as portas”, destacou o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse. “Estamos decepcionados com a falta de crescimento da capacidade hospitalar em Porto Alegre”, critica o presidente da Associação Gaúcha de Varejo (AGV), Sergio Galbinski. “Em Santa Cruz do Sul, em março, já tinha um hospital de campanha”, compara. O dirigente opina que – além de aumentar o número de leitos de atendimento da saúde no município – nos últimos 60 dias, a prefeitura deveria ter feito campanha de educação de hábitos de higiene junto à população. “As pessoas estão se agrupando, fazendo festas e rodas de chimarrão e quem paga é o comércio”, dispara.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva, afirma compactuar do mesmo sentimento de decepção. “É preocupante esse anúncio do prefeito Marchezan. Fomos pegos de surpresa.” Piva destaca que os shopping centers da Capital estão trabalhando com metade da capacidade normal, e cumprindo todos os protocolos (uso de máscaras e álcool gel, controle de fluxo e distanciamento de pessoas, distanciamento entre mesas nas áreas de alimentação, entre outros). O dirigente afirma que a prefeitura “tem que fiscalizar parques e praças onde, de fato, há aglomeração de pessoas” e defende que o município deveria disponibilizar um número de ônibus suficientes para atender a população.
Kruse observa que, desde 20 de maio, a retomada do varejo foi lenta, com negócios faturando menos do que a metade em relação ao mesmo período do ano anterior. “É constrangedor ver o que está ocorrendo. Muitos lojistas (entre 7% e 8%) já não conseguiram retomar as atividades no final do mês passado. Caso o decreto suspenda o funcionamento do comércio, o número de empresas que irão fechar de vez pode dobrar.”
Fonte: Jornal do Comércio – Edição impressa em 15 de junho de 2020 / Foto: Omar de Oliveira/FotoArena/Estadão Conteúdo
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A CDL Porto Alegre reafirma seu compromisso em acolher as necessidades dos varejistas, auxiliando-os a transpor os entraves da disseminação do coronavírus. A Entidade tem a convicção de que a unidade do setor fará grande diferença neste momento tão delicado e de apreensão para todos. Com a atenção e a disponibilidade de cada empresário, para fazer a sua parte, o setor sairá ainda mais forte desta crise.