Mudança pode vir com aprovação do arcabouço e antecipação do 13º, apontam dirigentes do comércio e de serviços
A aprovação do novo arcabouço fiscal pode ajudar na revisão da taxa básica Selic e novos recursos, como o décimo terceiro salário de aposentados e pensionistas do INSS, podem movimentar o varejo, com redução de dívidas, sinaliza o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva. “Avançando nas medidas, já ajuda o varejo. Decisões podem levar os consumidores a retomar compras”, avalia o dirigente, que comanda esta semana a Feira Brasileira do Varejo, em Porto Alegre. Eduardo Oltramari, coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), um segmento que vem mostrando elevações e recompondo vendas pós-pandemia, avalia que há ainda muita incerteza e que o “mercado está mais contemplativo”. “Muito difícil fazer qualquer previsão sobre o momento independentemente das decisões econômicas”, comenta Oltramari, que também é superintendente do Shopping Total, na Capital.
Para o gestor, as notícias sobre o cenário econômico e a insegurança jurídica geram reflexos que acabam afetando o fluxo do varejo, associa. O cenário impede que o consumidor dimensione o que vai acontecer, por exemplo. “Os shoppings também sofrem”, diz Oltramari. “Se for reabilitada a segurança jurídica e redimensionada a perspectiva de uma agenda positiva factível, o comércio se revitaliza. O segundo semestre sempre é melhor”, projeta o dirigente da Abrasce. Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS, é mais cauteloso sobre melhorias, mas diz que “não perde a esperança”. “Há um temor de carga tributária maior com o novo arcabouço fiscal e muitas coisas que travam e geram insegurança política”, observa Bohn. Para o dirigente, as empresas vivem um clima de incerteza sobre o futuro devido ao ambiente de polarização política e aos juros em patamar elevado. “A taxa pode baixar no último trimestre do ano, com pouco efeito no curto prazo. Não temos um cenário muito bom para este ano”, resume o presidente da Fecomércio-RS.
Bohn destaca a recente aprovação de um programa de refinanciamento de dívidas para pequenas empresas de serviços e turismo, “que não tinham voltado com toda força no pós-pandemia”. O segmento de supermercados, que no Estado vem tendo crescimento mas sente impacto da inflação na rentabilidade, tenta segurar repasses de tributação que recai nas empresas do setor que antes incidiam na indústria e que exige ainda adaptação, diz Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
“Não vemos motivos de aumento de renda e euforia”, avalia Longo, sobre os últimos meses do ano. O presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, aposta em um segundo semestre melhor que o primeiro, que “assustou as pessoas, com o governo que demorou a definir medidas”. “Passado o susto, as pessoas devem voltar a comprar”, aposta o presidente da CDL-POA. Piva indica que não tem ocorrido repasse de aumentos, como em áreas de materiais de construção, que foi uma constante no pós-pandemia. “O segundo semestre vai ser melhor, mas não vai ser aquela explosão”, opina.