IPCA sobe +0,36% em julho

IPCA sobe +0,36% em julho

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AGOSTO, 2020

Notícias

O índice oficial de inflação do Brasil avançou +0,36% em julho, configurando a maior alta para o mês desde 2016 (+0,52%). De acordo com o Relatório FOCUS, do Banco Central, a estatística do IBGE equiparou-se à expectativa do mercado.

O resultado também veio abaixo da média histórica entre 1999 e 2019, durante o Regime de Metas (+0,49%). Aliado à variação dos preços em junho (+0,26%), temos, hoje, praticamente o nível antecedente às duas deflações em abril (-0,31%) e maio (-0,38%).

Na análise por grupamentos, dois recortes foram relevantes: transportes (+0,78%) e habitação (+0,80%), responsáveis por 77,8% de todo o incremento do IPCA. No primeiro caso, destaque para os combustíveis (+3,12%), muito por conta da recuperação da cotação do barril de petróleo, motivada pela reabertura das atividades em escala global. No segundo, a contribuição principal decorreu de energia elétrica.

Embora com o maior aumento, os artigos de residência (+0,90%) exerceram pequena influência sobre o agregado, dado o seu peso diminuto. Entre os produtos investigados, televisão, som e informática (+2,87%) e eletrodomésticos e equipamentos (+1,01%) apresentaram expansões consideráveis. Acreditamos que a liquidez injetada pelos programas de manutenção de renda do governo federal, como o coronavoucher, podem ter ajudado.

Por sua vez, despesas e cuidados pessoais (-0,11%, menor valor de todo Plano Real), vestuário (-0,52%) e a estabilidade de alimentos e bebidas (0,01%) impediram que a aceleração fosse mais expressiva.           

No acumulado em 12 meses, o IPCA alcançou +2,31%. A leitura continua aquém do piso da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional em 2020, de +2,5%.

Ao todo 54,4% dos itens pesquisados tornaram-se mais caros em julho, superando as proporções verificadas em 2017, 2018 e 2019. Essa métrica, chamada de índice de difusão, demonstra o quão resiliente é o processo inflacionário.

Abertura dos dados: A próxima tabela discrimina os grupos que integram o IPCA em junho e julho de 2020.

Transportes (+0,78%): gasolina (+3,42%), óleo diesel (+4,21%), etanol (+0,72%) e gás veicular (+0,56%) pressionaram os combustíveis. Da mesma forma, o metrô encareceu (+0,94%), fruto da correção de +8,70% no serviço no Rio de Janeiro. Por outro lado, transporte por aplicativo (-8,17%) e passagem aérea (-4,21%) tiveram quedas.

Habitação (+0,80%): o acréscimo da energia elétrica (+2,59%) foi determinado por reajustes em diversas praças, incluindo São Paulo, Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba.

Alimentação e bebidas (+0,01%): apesar da alimentação no domicílio ter subido (+0,14%), em função do comportamento das carnes (+3,68%), do leite longa vida (+3,79%), do arroz (+2,20%) e das frutas (+1,09%), a alimentação fora do domicílio recuou -0,29%, diante da retração do lanche (-0,86%) e da refeição (-0,06%).

IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre

O IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre sofreu elevação de +0,37% em julho, quase em linha com a média nacional (+0,36%). Foi o sétimo menor patamar entre os 16 localidades averiguadas pelo IBGE. Já nos últimos 12 meses, a inflação na RM de POA somou +1,41%: 0,9 ponto percentual inferior a do BR (+2,31%).

INPC – Brasil

O INPC, usado, entre outros objetivos, para balizar correções salariais, encerrou julho com +0,44% de crescimento, totalizando +2,69% na janela de 12 meses.

Diferenças entre o IPCA e o IGP-M

O confronto dos dois indicadores evidencia um descolamento significativo entre ambos recentemente. Vale lembrar que o IGP-M é composto, em grande parte (60%), pela dinâmica do atacado, enquanto 30% cabe aos consumidores, e 10% à construção civil.

Duas hipóteses auxiliam na explicação desse fenômeno: em primeiro lugar, a interferência do Dólar nos custos com matérias primas e bens finais importados. Além disso, a recessão causou o fechamento parcial ou definitivo de muitas empresas, o que desorganizou cadeias econômicas e, naturalmente, trouxe restrições no acesso aos insumos.

O que esperar para o futuro?

As projeções de 31/07/20 do Relatório FOCUS, do Banco Central, acusam que o IPCA em 2020 deve atingir +1,63%, e +3,00% em 2021. Cremos em retomada lenta dos preços, na medida em que a enorme capacidade ociosa for paulatinamente preenchida.

*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA

 

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Data

12 agosto 2020

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