Grande Porto Alegre registra menor inflação entre regiões do país em novembro

IPCA desacelera, mas, em 12 meses, ainda supera teto da inflação

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacele-rou em novembro, para 0,39%, após elevação de 0,56% em outubro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ocorre às vésperas da decisão do Banco Central sobre o nível da taxa básica de juro, a Selic – o comportamento do IPCA é um dos principais balizadores.

No período de 12 meses, o IPCA soma 4,87%, acima da meta do governo de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos. Também mostra aceleração, pois em 12 meses fechados em outubro estava em 4,76%. E é o maior acumulado desde setembro de 2023. De janeiro a novembro, o índice sobe 4,29%.

“Caso o IPCA seja superior a 0,20% em dezembro, o IPCA ficará acima da meta (da inflação)”, calcula o gerente do Sistema Nacional de índices de Preços ao Consumidor do IBGE, André Almeida, em comunicado.

O custo da alimentação foi o que mais pressionou o IPCA em novembro, com alta de 1,55%, o que representou 0,33 ponto percentual da inflação total no mês. O maior impacto veio das carnes, que aumentaram 8,02%. Além da proteína animal, as passagens aéreas também exerceram tensão sobre o índice, com avanço de 22,65%.

– (A alta das carnes) Tem a ver com o ciclo da pecuária, que conta com oferta menor de carne, tem a ver com o aumento do volume de exportação e também com a própria demanda doméstica. Agente está com desemprego de 6%, e isso significa que você tem um crescimento da massa de salário e do poder de compra. Proteína é uma coisa que as famílias demandam muito. Se elas têm mais renda disponível, vão consumir mais, isso também ajuda a pressionar os preços afirma o economista André Braz, coordenador do índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

No caso da passagem aérea, Almeida avalia que o aumento tem influência sazonal dessa época do ano. “A proximidade do final de ano e os diversos feriados do mês podem ter contribuído para essa alta”, explicou o gerente, em nota.

Olhando os grupos que apresentaram queda em novembro, o destaque fica por conta de habitação (-1,53%). Esse resultado foi puxado pelo subitem energia elétrica residencial, que caiu 6,27% em novembro diante da vigência da bandeira tarifária amarela a partir de 1° de novembro. Braz afirma que a energia elétrica “foi uma âncora importante”. Se não fosse esse recuo, o país amargaria inflação ainda mais alta no mês de novembro.

Região Metropolitana
Já a Grande Porto Alegre registrou a menor variação no IPCA entre os locais pesquisados, com alta de 0,03%. Em outubro, havia subido 0,16%.

O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que os movimentos distintos da inflação na Região Metropolitana e no país podem ser explicados em parte pelo impacto menos intenso do clima em alguns ramos da agropecuária do Rio Grande do Sul. Por mais que o Estado tenha sido afetado severamente pela inundação de maio, o evento não teve efeito generalizado sobre o campo. No entanto, outras regiões do país sofreram com a falta de chuva ao longo do ano, segundo Frank.

No ano, o IPCA na Grande Porto Alegre sobe 3,05%, e em 12 meses, 3,49%.

Muitos fatores pressionando o aumento do juro básico

Após o aumento de 0,5 ponto percentual em novembro, que colocou a Selic em 11,25% ao ano, a tendência é de aceleração na elevação da taxa, segundo especialistas. Na mais recente edição do boletim Focus, pesquisa que reúne analistas de mercado, a taxa básica deve subir hoje 0,75 ponto percentual, fechando o ano em 12%.

No entanto, alguns analistas e entidades apostam em uma alta que pode chegar a um ponto percentual.

Entre os motivos estão aumento dos riscos fiscais após pacote de corte de gastos que não empolgou, inflação persistente, dólar em alta e economia aquecida.

– O pacote fiscal anunciado de redução de gastos foi muito tímido, decepcionou, veio junto com o anúncio da isenção de imposto de renda, que dá uma renúncia fiscal de R$ 35 bilhões, ainda que haja compensação do outro lado com aumento de imposto para quem ganhar acima de R$ 50 mil. Ou seja, no final das contas, a grande sinalização do governo foi a de que o pacote não vai ajudar a equilibrar a relação dívida-PIB, que é o principal ponto – analisa o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Além disso, com a inflação dando sinais de resistência e aceleração, o Banco Central tende a ser mais agressivo na elevação do juro.

Outro sinal que preocupa o BC é a resiliência do mercado de trabalho. A taxa de desemprego do país recuou para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mercado de trabalho aquecido costuma incluir mais pessoas no rol de consumidores, o que aumenta a demanda, pressionando a inflação de serviços, que segue no radar do BC.

E o dólar subiu para a casa dos R$ 6 e estacionou nesse patamar. Como a moeda americana pressiona a inflação, também é um dos fatores de risco.

A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos também aumenta a incerteza sobre o futuro do juro norte-americano. Juro alto em economias mais fortes e estáveis, como é o caso dos EUA, atrai investidores para esses países.

Fonte: Zero Hora

Data

11 dezembro 2024

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