O que esperar da inflação e dos juros em 2025? - CDL POA

O que esperar da inflação e dos juros em 2025?

O ano de 2024 ficou marcado não somente pela reaceleração da inflação como pela retomada da trajetória ascendente da Taxa SELIC. Nesse sentido, cabe discutir as razões estruturais do movimento e elencar fatores importantes para a projeção de ambas as variáveis.

Conforme as previsões do Relatório FOCUS, o IPCA deve fechar 2024 em cerca de 5,0%. Diversas causas atuaram para que o número ultrapassasse o de 2023 (4,62%). Em primeiro lugar, a expansão do PIB em 2024 (de aproximadamente +3,5%) será maior no confronto com 2023 (+3,2%). O principal vetor do crescimento foi o consumo das famílias em virtude: (1) da continuidade da diminuição da taxa de desemprego para a mínima histórica de 6,2%; (2) do papel do governo federal em incentivar a demanda através, por exemplo, da correção real do Salário Mínimo, que acaba por influenciar nos benefícios previdenciários; (3) das concessões robustas de crédito.

Em segundo, as secas de diferentes partes do território nacional afetaram determinados produtos da agropecuária, como as carnes. Em terceiro, a conjunção entre o Dólar forte em nível global, a exacerbação de riscos fiscais domésticos e as dúvidas quanto à autonomia do Banco Central no processo de troca do comando da instituição a partir de 2025 contribuiu para a depreciação da taxa de câmbio que, desde abril, excede 20%.

Já para 2025, nosso prognóstico é de um IPCA de 5,1%. Mesmo com o desaquecimento aguardado para o PIB, julgamos que o mercado de trabalho permanecerá apertado, ou seja, com taxa de desocupação baixa, o que propicia ganhos expressivos dos rendimentos. O IPCA superior em 2024 também gerará um efeito de inércia por conta dos mecanismos que promovem reajustes automáticos de alguns preços e salários via contratos. Por fim, as consequências da subida da moeda americana em relação ao Real ocorrem de maneira defasada, lembrando que tivemos uma disparada recente que, por ora, não tende a ser revertida de forma relevante.

Em função da deterioração do IPCA corrente como de suas expectativas, o COPOM decidiu em setembro não só reiniciar o ciclo de elevação da Taxa SELIC (+0,25 ponto percentual) como intensificá-lo em novembro (+0,50 ponto percentual) e dezembro (+1,0 ponto percentual). Além disso, o Comitê sinalizou duas majorações adicionais de 1,00 ponto percentual nos dois próximos encontros realizados no começo de 2025, até para conferir credibilidade na transição da presidência do Banco Central.

No entanto, diante do tom duro apresentado na ata da última reunião, entendemos que os 14,25% ao ano resultantes representam um piso para a Taxa SELIC, de tal sorte que é razoável imaginar 15,25% ao ano em meados do ano que vem. Ademais, o espaço para eventuais cortes ainda em 2025 é bastante limitado. Em um cenário pessimista, o Executivo dobra a sua aposta e aumenta o grau de estímulo à economia (com desonerações de impostos / incremento de despesas) e/ou interfere nas escolhas do COPOM. Por sua vez, na ponta positiva, temos um um controle efetivo dos dispêndios públicos com impactos benignos sobre o câmbio, inflação e juros, o que nos parece uma possibilidade remota no momento.

Data

19 dezembro 2024

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