A CDL Porto Alegre divulgou o Indicador de Inadimplência do mês de setembro. De acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista – a maior disponível para o Rio Grande do Sul –, o percentual de pessoas físicas com algum tipo de limitação em crédito, cheque ou protesto somou 29,5% no Rio Grande do Sul e 31,8% em Porto Alegre em setembro de 2022. Os percentuais, mais uma vez, superaram a média nacional (29,1%) e atingiram seus recordes desde fevereiro.
Indicador de Inadimplência da CDL Porto Alegre
(Em %)Fonte: Boa Vista SCPC / CDL POA | Elaboração: AE/CDL POA.
Estimativas da CDL Porto Alegre sinalizam que a população adulta (acima de 18 anos) negativada alcança 2,642 milhões no Rio Grande do Sul e 370,8 mil em Porto Alegre. De agosto para setembro, 17,9 mil gaúchos passaram a integrar o grupo, sendo 2,3 mil porto-alegrenses. Em relação aos outros estados da Federação, o Rio Grande do Sul figura na 15ª posição entre os mais inadimplentes.
Indicador de Inadimplência da CDL Porto Alegre – por Unidades da Federação
(Em % – set/22)
Fonte: Boa Vista SCPC.
Elaboração: AE/CDL POA.
Análise Econômica
De acordo com o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, os prognósticos apontam para a desaceleração do crescimento do PIB a partir do movimento iniciado em agosto. Segundo ele: “Convém lembrar que a recuperação consistente do mercado de trabalho – e, mais recentemente, da massa de salários corrigida pela inflação –, assim como o fortalecimento das transferências oriundas do governo não foram suficientes para conter as altas do nosso índice”. Frank aponta, ainda, que o endividamento das famílias brasileiras em relação à renda gerada nos últimos 12 meses (53,1%) e os respectivos comprometimentos dos seus orçamentos com o serviço da dívida (28,6%) estão em patamares elevado conforme o Banco Central. “Tal fato funciona como um impeditivo para a melhora dos balanços financeiros dos consumidores”, ressalta.
Frank pontua, ainda, que, além disso, os agentes econômicos vêm reduzindo a poupança acumulada desde o começo da pandemia, formada a partir do (1) Auxílio Emergencial em 2020 e 2021; (2) do comportamento previdente em um cenário incerto, responsável pela queda dos gastos; e (3) da carência concedida pelos bancos no ápice do distanciamento social e da crise. O encolhimento do referido colchão de liquidez, portanto, é igualmente desfavorável.
Sobre a tendência da inadimplência para os próximos meses, o economista-chefe conclui: “Os exercícios elaborados pelo Sicredi evidenciam que a política monetária impacta de forma defasada sobre os débitos em atraso, de modo que o efeito ocorre majoritariamente de três a quatro trimestres após as deliberações do COPOM. Ou seja, mesmo com a estabilidade projetada para os juros até maio de 2023, a inadimplência provavelmente continuará subindo, refletindo ainda o ciclo de aumento da Taxa SELIC conduzido pelo Comitê até pouco tempo”.
O Indicador de Inadimplência da CDL POA é elaborado pelo Núcleo Econômico da Entidade e mede mensalmente a inadimplência dos consumidores do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre. O levantamento teve início em fevereiro de 2022 e mostra a parcela de pessoas físicas com algum tipo de restrição a crédito, cheque ou protesto.
Metodologia
O indicador mede a parcela de pessoas físicas com algum grau de restrição em crédito, cheque ou protesto inscritas na base de informações do Sistema Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Boa Vista Serviços, independentemente do prazo de atraso. Todas os dados dizem respeito ao último dia útil de cada mês. O cômputo do número absoluto de adultos nessa condição é feito mediante a utilização de estimativas do IBGE para a população acima de 18 anos.