A tentativa de contenção da COVID-19 por meio da imposição de medidas de distanciamento entre as pessoas provocou grandes mudanças na economia doméstica. Claramente, o efeito resultante foi bastante heterogêneo, considerando os tipos de bens (essenciais X não essenciais), o grau de dependência de cada setor com relação à necessidade de interação humana e o tamanho dos empreendimentos. De todo modo, boa parte das firmas foi negativamente afetada, com prejuízos significativos no tocante à ocupação.
De acordo com o levantamento da FGV, houve um empobrecimento relevante da população nacional nos últimos meses. A base escolhida compara agosto de 2020, onde vigiam políticas da União de sustentação à demanda, e março de 2021, período marcado pela deterioração do quadro sanitário, restrições adicionais ao funcionamento dos negócios e queda da atuação estatal como elemento de amparo à procura. No entanto, vale lembrar, as consequências do auxílio emergencial e das ações de preservação dos vínculos trabalhistas estão presentes até hoje, evitando uma situação pior. As estatísticas mostram que as camadas mais altas (A, B e C) encolheram, enquanto as inferiores (D e E) aumentaram sua extensão.

Por sua vez, a Tendências Consultoria projeta que a massa de rendimentos em 2021 deve subir nas castas elevadas, e diminuir para os carentes.

Os ricos, por exemplo, podem alocar uma fração de suas poupanças para se proteger da perda sistemática do poder de compra da moeda, com títulos atrelados à inflação. Além disso, esse subconjunto, via de regra, também apresenta perspectivas superiores de empregabilidade por conta dos níveis de escolaridade, o que serve para atenuar a probabilidade de baixa da renda ao longo da vida.
Recessões costumam agravar a distribuição de recursos. Logo, reformas que sirvam para ampliar nosso crescimento potencial são o melhor caminho para que possamos reduzir a magnitude do problema em discussão.
*Conteúdo exclusivo – Oscar Frank, economista-chefe da CDL POA
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