A taxa de desemprego do Brasil caiu aos menores patamares da série histórica, iniciada em 2012. O percentual de 6,4% da população que está buscando trabalho e não consegue é considerado muito baixo, mesmo em países desenvolvidos. Os da zona do euro, por exemplo, registraram mínima recorde em setembro de 6,3%, segundo divulgou ontem a agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. Aqui e no resto do mundo, números decrescentes de desocupação são sinais claros de aquecimento da economia.
O emprego funciona como um motor da economia. Quando mais pessoas estão empregadas, mais gente está recebendo salários e mais dinheiro circula no mercado. Aqueles que estavam endividados conseguem, gradualmente, regularizar suas contas e obter crédito. Por outro lado, os que não têm dívidas podem investir em produtos e serviços.
Esse aumento no consumo tem um efeito cascata: com a demanda crescendo, indústria e varejo se sentem motivados a contratar mais funcionários, expandindo suas operações. Isso cria um cenário favorável em que o emprego gera consumo e, consequentemente, mais emprego ainda. Portanto, a redução da taxa de desemprego não é apenas um dado estatístico. É um reflexo de uma economia em ascensão, que, se mantida, pode trazer benefícios significativos para a sociedade como um todo.
Rendimentos tendem a aumentar
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre) Oscar Frank, observa que a massa de salários é responsável por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), que é toda a riqueza produzida por um país. Corroborando com este dado, ontem a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, acrescentou que parte significativa dos rendimentos salariais é concentrada em consumo das próprias atividades econômicas, que demandam mais trabalhadores, trazendo melhora sistemática dos indicadores e conjuntura econômica favorável, o que impacta no resultado do PIB brasileiro. “Essa expansão da ocupação acaba envolvendo diversos segmentos”, declara.
Frank destaca que os rendimentos tendem a aumentar quando as taxas de desemprego estão baixas, pois existe um acirramento da disputa por mão de obra por parte das empresas.
“Pela lei da oferta e da demanda, quanto mais escassa é uma determinada mercadoria, maior é seu preço. No caso do mercado de trabalho, a consequência é o aumento dos rendimentos, cujo crescimento ao longo dos últimos meses vem superando a inflação”, explica Oscar Frank.
Para ele, diversos fatores estão relacionados à dinâmica da taxa de desocupação, incluindo “a extensão da teia de seguridade trabalhista e social, o estágio do ciclo econômico (expansão, desaceleração, recessão ou retomada), a estrutura demográfica, entre outras questões”.
Dessa forma, ainda segundo Frank, o trabalho é um fator de produção essencial na criação dos bens e serviços. É por esse motivo que os analistas acompanham tão de perto o emprego e suas variáveis em função da sua importância não só para caracterizar a atual situação econômica como para tentar antever o futuro.
Fonte: Correio do Povo / Economia Simples