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ABRIL, 2021
Notícias
Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

PIB: o prognóstico para 2021 caiu de +3,17% para +3,08% nos últimos sete dias. Entre os dados de atividade divulgados recentemente, destaque para duas leituras duramente afetadas pela piora do quadro sanitário e pelo recrudescimento das ações de distanciamento social em diversas localidades em março. Em primeiro lugar, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto teve a maior retração em nove meses, sinalizando para o encolhimento do setor privado, que engloba a indústria e os serviços. Em segundo, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) encontra-se agora no menor nível desde agosto do ano passado, denotando fraqueza no cenário prospectivo para a geração de postos de trabalho.
As medidas de apoio do governo federal e de alguns estados mitigarão, apenas em parte, as restrições ao funcionamento dos negócios, de modo que a injeção de recursos será bem aquém da constatada em 2020. Entendemos que a reversão da tendência de declínio do crescimento calculado para 2021 decorre do arrefecimento da pandemia, que ajudará na viabilização de ganhos de confiança dos agentes.
Preços e Taxa SELIC: o cômputo para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo em 2021 subiu de +4,81% para +4,85%. Enquanto a estatística oficial em março (+0,93%) veio praticamente em linha com as expectativas, notamos evidências embrionárias de desaceleração aos produtores. No caso dos juros, houve correção do patamar esperado para o encerramento de 2021 (de 5,00% para 5,25% ao ano). Hoje, o mercado aguarda a seguinte trajetória: aumento de 0,75 ponto percentual (p.p.) em maio, acompanhado por três elevações de 0,50 cada em junho, agosto e setembro. Por fim, haverá um novo incremento, de 0,25, em uma das duas reuniões do COPOM programadas entre outubro e dezembro.
Fiscal e câmbio: o imbróglio envolvendo o orçamento da União em 2021 permanece sendo o grande gargalo nacional no curtíssimo prazo. Durante o tempo em que o problema não é encaminhado, dificilmente observaremos apreciações fortes do Real em comparação com o Dólar. Vale atentar também para a evolução dos títulos da dívida americana de 10 anos, cujos rendimentos atuam como um importante balizador do fluxo de capitais internacionais.
Comentários acerca do panorama – FMI
A entidade crê que o produto no Brasil amplifique +3,7% em 2021, número 0,1 ponto percentual superior à previsão efetuada em janeiro. Já o mundo registrará expansão de +6,0% em 2021, e de +4,4% em 2022, acima do antevisto há três meses (+5,5% e 4,2%, respectivamente). A magnitude dos estímulos, especialmente oriundos dos Estados Unidos, exerceu contribuição indispensável nessa retificação.
Na avaliação do órgão, três elementos serão fundamentais para explicar o atraso de certas nações no que se refere à velocidade de recuperação: (1) dependência do turismo; (2) capacidade inferior de atendimento de saúde; e (3) dívida pública significativa. Além disso, regiões onde a vacinação está avançada apresentarão o processo mais rápido de retomada.
Atividade do setor privado no Brasil sofre a maior queda dos últimos nove meses em março
O Índice de Gerentes de Compras (PMI), criado pela IHS Markit, é fruto de uma sondagem qualitativa realizada junto a centenas de companhias instaladas no território nacional. Seu intuito é fornecer um termômetro a respeito do comportamento da economia. De acordo com a metodologia adotada, os 50 pontos representam a neutralidade. Logo, valores superiores denotam expansão contra o intervalo imediatamente anterior, e vice-versa. O objeto de análise do presente relatório é o PMI Consolidado da Produção, que conjuga a indústria e os serviços, incluindo aqueles prestados para os consumidores (sem o varejo).
A observação de março alcançou 45,1 pontos, na série com ajuste sazonal. Ou seja, houve redução ante fevereiro, em magnitude bem mais acentuada do que as duas leituras precedentes (48,9 e 49,6, respectivamente). Entendemos que o resultado está alinhado com o sentimento dos empresários aferido pela FGV, que mostrou forte deterioração no período por conta do agravamento do quadro relacionado à COVID-19 e das limitações adicionais ao funcionamento dos negócios em inúmeras localidades.

Avaliação dos componentes do PMI:
- Novos pedidos: diminuição;
- Emprego: contração (maior desde agosto de 2020);
- Custo dos insumos: recorde;
- Preço de venda: alta acelerada, ainda que inferior a do mês passado;
- Confiança: piora, de tal sorte que o patamar é o menor em nove meses.
A situação financeira das firmas é caracterizada pela majoração das matérias-primas / suprimentos, combinada com escassez de procura. Em circunstâncias como essa, opta-se pela compressão das margens de lucro para fins de preservação da competitividade. Todavia, o recrudescimento dos desequilíbrios entre despesas e receitas determina o fechamento dos estabelecimentos, provocando o declínio da massa de salários.
IPCA sobe 0,93% em março de 2021
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil avançou +0,93% em março. Trata-se de um ritmo de crescimento inédito para o mês desde 2015 (+1,32%), superando também a mediana entre 1999 e 2020 (+0,47%), ao longo do Regime de Metas para a Inflação. Vale ressaltar que a estatística oficial do IBGE veio um pouco aquém do consenso do Relatório FOCUS, do Banco Central (+0,95%) e praticamente em linha com as 5 instituições mais assertivas nas suas projeções (+0,92%).
Dos nove grandes recortes investigados, seis apresentaram majoração. A principal influência, responsável por 82,8% da escalada do indicador, foi “transportes” (3,81%), variação recorde na história do Plano Real para o intervalo de tempo analisado. A combinação entre a mudança na cotação do petróleo (+5,6%) e a depreciação cambial (+4,2%) no período resultou numa expansão de 10%, que se aproxima da alteração registrada nos combustíveis (+11,2%). Entendemos que o aumento do barril só não foi maior em função da interrupção momentânea do tráfego no Canal de Suez provocada pelo encalhamento de um navio. Estima-se que o fluxo diário naquele espaço alcance 12% do comércio mundial. Por sua vez, a “habitação” subiu (+0,81%).
De abril de 2020 até março de 2021, o IPCA atingiu +6,10% – patamar não verificado desde dezembro de 2016 (+6,29%) –. A leitura, sendo assim, ultrapassou a tolerância máxima de 5,25% definida como objetivo para o presente ano.

O IPCA da Região Metropolitana de Porto Alegre excedeu a média nacional em março (+0,95%). Foi a nono maior número entre as 16 localidades averiguadas pelo IBGE. Nos últimos 12 meses, a variação na RM de POA totalizou +6,36%.