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05
OUTUBRO, 2020
Notícias
Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

As expectativas para o PIB do Brasil em 2020 sofreram uma pequena alteração. Agora, o consenso de mercado espera queda de -5,02%, e não mais de -5,04%. Ao longo dos últimos três meses, conforme a tabela acima, o tombo aguardado para a atividade econômica nacional exibiu uma “despiora” de 1,57 ponto percentual. Em termos monetários, o montante equivale a R$ 113,9 bilhões em bens e serviços medidos a preços do ano passado.
O grande responsável por essa mudança foi a indústria. Cremos que alguns subnichos vêm se recuperando de maneira consistente, entre os quais: (i) segmento imobiliário; (ii) artigos de primeira ordem e, recentemente, os itens duráveis; (iii) recortes exportadores, beneficiados pela retomada global e pela injeção de caixa proporcionada pelo Real desvalorizado, que aumenta a rentabilidade das vendas externas. Já o avanço nos serviços foi menos expressivo. Enquanto o comércio apresenta uma dinâmica mais positiva, fruto das ações de preservação dos rendimentos dos trabalhadores e da ocupação, bem como do uso de canais digitais, muitas categorias do setor terciário lidam com restrições que impedem seu pleno funcionamento, dada sua dependência de interação pessoal.

No que se refere ao IPCA computado para 2020, houve aceleração pela oitava semana seguida: de +2,05% para +2,12%. Entendemos que a correção foi motivada após a revelação do IGP-M de setembro, que subiu +4,34%, influenciado pelo atacado (+5,92%). A depreciação cambial, a desorganização de várias cadeias produtivas e a alta na cotação internacional das commodities são componentes que ajudam a explicar tal fenômeno. Apesar das pressões em certos grupamentos para os consumidores, notadamente alimentos e combustíveis, não vemos ameaças de descontrole inflacionário no curto e médio prazos. Essa visão está embasada na ampla ociosidade existente de mão de obra e maquinário, além do comportamento dos serviços.
Por outro lado, o risco capital, que tem impactado desfavoravelmente as negociações envolvendo câmbio e juros, diz respeito à sustentabilidade das contas públicas. Quanto maiores as dúvidas dos agentes sobre a consolidação do ajuste fiscal – em um cenário que combina excesso de oferta de títulos para suprir as necessidades do governo e baixa demanda em função da remuneração –, maior será o prêmio exigido, especialmente em períodos extensos. Consequentemente, o tempo de permanência da Taxa SELIC em patamares excepcionalmente diminutos pode cair, dificultando o crescimento da renda e do emprego.
Análise do CAGED – agosto de 2020
Panorama nacional: o Brasil criou 249,4 mil postos com carteira assinada em agosto. Trata-se do maior número já registrado para o período desde 2010 (+357,8 mil). O dado suplantou as expectativas dos especialistas consultados pela Reuters, que apostavam em 122,4 mil.
As contratações aceleraram pelo quarto mês consecutivo, porém ainda estão 143 mil abaixo do verificado em 2019. A dinâmica dessa variável é condizente a trajetória exibida por diferentes indicadores de atividade econômica, entre os quais o Índice do Banco Central (IBC) – aproximação do PIB.

Por sua vez, os desligamentos persistem bem aquém da média mensal entre 2004 e 2019. Os patamares atuais, por exemplo, encontram correspondência com 2006. Esses resultados só foram possíveis em função das políticas de preservação da mão de obra e das demais ações voltadas para as empresas, incluindo a oferta de crédito.

Panorama estadual: o Rio Grande do Sul gerou, em termos líquidos, 7.228 vagas em agosto: maior saldo desde 2013 (+7.752). Entretanto, frente às outras Unidades da Federação, alcançamos apenas a 11ª colocação no ranking absoluto. Já em relação ao tamanho do estoque de trabalhadores de cada localidade, a condição é pior: antepenúltima posição (elevação de +0,30% sobre julho).

As informações por categoria mostram que a construção (+1.201), comércio (+2.203) e a indústria geral (+3.639) explicam quase que a totalidade do RS.

Especificamente sobre o varejo, foram 1.483 vagas, com destaques positivos para:
- Farmacêuticos (+396); ferragens, madeira e material de construção (+379); minimercados, mercearias e armazéns (+212).
Os recuos preponderantes ocorreram em:
- Livros, jornais, revistas e papelaria (-52); combustíveis para veículos automotores (-23).
Acumulado do ano: entre janeiro e agosto o Brasil fechou -849,4 mil de postos celetistas. Desse montante, 10,4% (-88.592) coube ao Rio Grande do Sul, percentual bem superior à participação gaúcha no PIB nacional em 2019 (6,6%) e do emprego formal no primeiro mês do presente ano (6,5%). Cabe ressaltar que, somados aos impactos da pandemia, temos enormes prejuízos nas safras de grãos de milho e de soja.
Na discriminação por ramos, os serviços exerceram influência relevante (-38,8 mil). Na sequência vieram o comércio (-33,6 mil), indústria (-14,6 mil), construção (-1,7 mil) e agropecuária (+0,1 mil).
Considerações finais: cremos que novos vínculos formais continuarão a ser gerados, pelo menos, até o fim de 2020, em linha com o prosseguimento da reabertura de mais empreendimentos. Todavia, o ritmo de crescimento, provavelmente, sofrerá alguma diminuição, fruto da redução da parcela do auxílio emergencial a partir de setembro, bem como do início do pagamento dos impostos federais diferidos por parte das firmas.
Acreditamos, entre os aspectos benignos, que as medidas de salvaguarda de empregos do Decreto 10.470 (antiga MP 936) serão postergadas até dezembro, pois existe espaço no orçamento para sua execução.
A situação ainda é de muita incerteza, principalmente por conta do quadro sanitário e da capacidade de sustentação da retomada sem todo o suporte fiscal do governo.