Estudo da CDL POA ‘Em meio à pandemia’ revela o comportamento de empresários e consumidores


Estudo da CDL POA ‘Em meio à pandemia’ revela o comportamento de empresários e consumidores 

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JULHO, 2020

Notícias

A CDL Porto Alegre lança o estudo ‘Em meio à pandemia’, desenvolvido para entender os impactos da Covid-19 na vida dos porto-alegrenses, aferindo as alterações e intenções de comportamento de consumo durante a pandemia. O levantamento, realizado pela Vitamina Pesquisa, apresenta as interferências da crise do coronavírus nas tendências de mercado previstas para 2020, os hábitos sociais que vieram para ficar e insights aos negócios para transporem os novos desafios e tornarem-se ainda mais relevantes.

As análises compõem duas etapas de pesquisa: qualitativa, com empresários locais, e quantitativa, com mais de trezentos consumidores locais. Os casos incluem pessoas dos gêneros feminino e masculino, com idade entre 18 e 69 anos, das classes sociais A, B, C e D, distribuídos conforme a população do município de Porto Alegre. Os maiores percentuais contemplam, para a escolaridade, ensino superior completo ou incompleto (48%) e ensino médio completo ou incompleto (35%); para a idade, de 35 a 49 anos (36%) e de 25 a 34 anos (25%); para o gênero, feminino (56%); para a atividade profissional, funcionário de empresa privada (32%) e profissional liberal ou empresário (21%); para o estado civil, solteiro (45%); e para a classe social, C (52%) e B (28%). O estudo prevê margem de erro de quatro pontos percentuais para mais e para menos.

Cenário

A CDL POA desbravou o entendimento das pessoas na Capital gaúcha sobre o termo “novo normal”. Seria possível fazer esta referência ao momento atual? A pesquisa mostra que, cruzando os hábitos mais recorrentes no cotidiano das pessoas hoje, com as 10 tendências mais significativas do mercado mundial, aferidas pela Euromonitor International e estudadas pela Entidade em 2020, é possível perceber que não houve mudanças abruptas no comportamento e, sim, na intensidade em que esses movimentos estão sendo vividos. São eles: uso de inteligência artificial, maior consumo de conteúdo em menor tempo, mais liberdade de locomoção, adesão aos movimentos de inclusão social, necessidade de autocuidado, casas multifuncionais, experiências personalizadas, valorização de produtos locais, reuso associado à sustentabilidade, preocupação com o meio ambiente.

Todas essas tendências passam a coexistir e a ganhar força acelerada, sendo reunidas no centro do universo particular de cada indivíduo: sua casa. A pandemia reforçou o papel do lar e certificou que esse é o lugar mais seguro do mundo para as pessoas hoje. Nesse sentido, os entrevistados foram levados a refletir sobre o que o varejo pode proporcionar ao consumidor, em substituição às experiências de compra na loja física. “Uma coisa que tenho aprendido no isolamento é o quanto perco tempo com meus deslocamentos, e como está sendo bom aproveitar esse tempo de um jeito diferente”, diz um participante da pesquisa.

Na visão dos empresários

Uma linha do tempo foi traçada para organizar as ações e os sentimentos dos empresários no período do isolamento social e do consequente fechamento das atividades comerciais em Porto Alegre. Logo no início da pandemia, eles relatam que foi necessário entender o contexto para que as ações relacionadas a vendas não fossem inapropriadas.

O segundo momento foi de priorização dos processos digitais. Muitas empresas já haviam iniciado a digitalização de seus projetos, mas a velocidade das mudanças no mercado as fizeram acelerar essas iniciativas, principalmente para viabilizar o fluxo de caixa. A Covid-19 serviu como um catalisador para as ações online e como um agente capaz de tirar os empresários da zona de conforto, onde a primazia da loja física se sobrepunha ao digital.

O terceiro passo foi estruturar estratégias de comercialização. Muitos negócios passaram a direcionar as ações de venda para produtos que dialogavam com a pandemia: máscaras, produtos para trabalhar no home office, materiais de higiene, entre outros. No entanto, poucos foram os entrevistados que trabalharam o propósito da marca durante o período.

Com o entendimento sobre a gravidade da situação, empreendedores também reuniram esforços para assegurar a integridade física dos colaboradores e, também, priorizar a permanência das equipes para não haver demissões.

A pandemia para os consumidores

Estão claras para as pessoas as consequências físicas, emocionais e financeiras estabelecidas com a chegada do novo coronavírus. Muitos entrevistados relatam estarem ainda mais preocupados com sua saúde mental e suas finanças, já que mais de 80% responderam ter passado por algum tipo de interferência monetária durante a pandemia. Segundo o estudo, cerca de 41% dos consumidores tiveram médio impacto na renda durante a pandemia, 28% tiveram alto, 18% não tiveram e 13% tiveram baixo. Isso a maioria dos respondentes estão com a renda mantida – 38% estão trabalhando presencialmente, mesmo com a rotina alterada, e 26% estão trabalhando de casa. A parcela de ociosos corresponde a 36% – já que 19% não estão trabalhando, em decorrência da pandemia, e 17% não trabalham.

Esses impactos puderam ser sentidos com maior ou menor intensidade também em decorrência de uma organização financeira mais eficiente. Dentre os casos aferidos, 65% não tinham reserva financeira para atravessar a crise, 22% tinham, mas não precisaram usar, e 13% tinham e utilizaram. As pessoas que relatam ausência de impacto na renda são majoritariamente pertencentes à classe A, especialmente funcionários de empresas privadas, funcionários públicos e aposentados.

Para além de uma queda real na renda das famílias, o impacto no comportamento de consumo é um fenômeno coletivo que afeta inclusive aqueles que tiveram renda preservada. A crise altera o sistema de consumo direta ou indiretamente à medida que, mesmo em uma família onde não houve alteração de renda, seu ciclo de amigos ou familiares podem ter sido afetados e isso acaba tendo influência no consumo de forma geral.

Mudança de comportamento

Quando perguntadas sobre alteração da rotina e adesão a novas práticas diárias, as pessoas citaram: exercício físico e compras online (33% cada); home office (21%); culinária (14%); não houve mudanças (11%); cursos (4%); meditação, jardinagem e cultos religiosos (2% cada); leitura, afazeres domésticos, atividades com filhos, compra do local e filmes/séries (somatório de 28%).

Alguns exemplos de hábitos modificados com o isolamento estimularam a compra de produtos. É o que afirmam 42% dos entrevistados que fizeram investimentos em roupas para home office e compra de itens para novos hobbies ou entretenimento. Vale ressaltar que os consumidores, de alguma forma, se permitiram fazer mais compras por prazer, apesar do encolhimento da renda. Isso porque realocaram alguns gastos que estão suspensos, tais como: gasolina, atividades extras dos filhos, etc.

Compra do local

A adesão ao movimento que prioriza a compra de produtos de pequenos comerciantes e produtores locais ganhou força na pandemia e tem maior envolvimento entre as mulheres: a cada 10 pessoas que participam desse círculo virtuoso, 6 são do sexo feminino. Ao todo, 63% dos entrevistados conhecem e aderiram à iniciativa, 35% conhecem e não aderiram, e 2% não conhecem.

Vendas online

Para aqueles que passaram a adquirir produtos por meio de sites e aplicativos de celular, os itens mais escolhidos foram do setor de vestuário (19%), seguidos de supermercado (17%), farmácia (16%), eletrônicos (13%), presentes (10%) e outros – comidas, livros, jogos, pet shops (somando 28%). Um percentual considerável de entrevistados já realizava todas as compras online, mesmo antes da Covid-19 (20%), e há também os que continuaram sem comprar qualquer produto por meio digital (29%). Com novos adeptos em todas as categorias, a classe C é a mais presente na migração para o digital. Já os casados são o maior grupo na adesão às compras online de supermercado, e os solteiros são o maior percentual entre os que já faziam tudo pela internet.

Os dados apresentados indicam que essas mudanças de hábitos de compra tendem a permanecer para maior parte dos itens adquiridos. A exceção fica na categoria ‘supermercado’ que tende a retomar o consumo presencial. Veja entre os itens adquiridos na pandemia, quais continuarão sendo consumidos prioritariamente de forma online pelos consumidores: vestuário e farmácia (17%), eletrônicos (14%), presentes (9%).

Isolamento social

Há mais de 90 dias em quarentena, as pessoas têm oscilado entre o sentimento de saudade da vida antiga e a relativa adaptação à nova realidade. Para 61% das pessoas do estudo, ficar em casa está sendo um grande desafio e a consequência é o sentimento de saudade de estar na rua, inclusive para as compras. O grupo que afirma sair apenas para o essencial representa 73% da população (maioria composta por pessoas acima de 50 anos); já os que têm flexibilizado suas saídas, mesmo que eventualmente, para outras atividades, chegam a 20% (maior parte entre 18 e 34 anos); aqueles que estão em isolamento total chegam a 5% (número maior de mulheres); e os que estão com a rotina normal são 2%.

E quando o assunto é a vontade de voltar às compras, a maioria dos entrevistados diz que sente muita falta, mas que tem receio (54%). Já 32% afirmam estar sentindo menos falta do que imaginavam. Outros 10% asseguram estar totalmente adaptados às restrições comerciais. E 4% se descrevem muito saudosos em relação ao hábito de comprar e relatam ter ido às lojas quando houve a retomada do comércio.

Vida em retomada

Todos querem saber: quando termina o isolamento social? Há quem esteja fazendo lista de atividades futuras, os que cuidam do dia a dia para um retorno saudável e seguro, e os que estão tirando boas lições deste período para viver melhor e evoluir. O estudo mostra que certas mudanças vieram para ficar, como hábitos de higiene, compras online, consumo reduzido e mais consciente, leitura, contenção de gastos, home office, apoio aos pequenos comerciantes, exercício físico, valorização da família, entre outros. Mas há, também, aqueles que não pretendem manter nenhuma mudança adquirida. Será mesmo possível passar incólume ao coronavírus?

Novos e genuínos sentimentos surgem como prioridade máxima para este futuro retorno do cotidiano: sair com amigos, visitar familiares, fazer churrasco, viajar, ir para festas, distribuir abraços, praticar atividade física, voltar a trabalhar, tomar ar puro. São centenas de desejos e infinitos caminhos possíveis para a retomada neste momento de transformação, onde todos os setores da sociedade, inclusive o comércio e o varejo, serão impactados.

Sai na frente quem souber ouvir o mercado e desenvolver soluções simples e ágeis para suprir as lacunas deixadas pela pandemia. Exemplos de empresas locais, de micro, pequeno, médio e grande portes, que conseguiram manter suas atividades em meio à crise não faltam. Confira o estudo completo da CDL POA e o projeto Recrie o Varejo, também desenvolvido pela Entidade, e saiba mais sobre diversos empreendedores que estão enfrentando esses desafios e ainda fortalecendo seus negócios.

 

 

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A CDL Porto Alegre reafirma seu compromisso em acolher as necessidades dos varejistas, auxiliando-os a transpor os entraves da disseminação do coronavírus. A Entidade tem a convicção de que a unidade do setor fará grande diferença neste momento tão delicado e de apreensão para todos. Com a atenção e a disponibilidade de cada empresário, para fazer a sua parte, o setor sairá ainda mais forte desta crise.

 

Data

13 julho 2020

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