Estado tem menor nível de ocupação da série histórica

Estado tem menor nível de ocupação da série histórica

29

JANEIRO, 2021

Notícias

A pandemia encolheu a quantidade de vagas de trabalho no Rio Grande do Sul. O nível de gaúchos ocupados, com ou sem carteira assinada, no terceiro trimestre de 2020, caiu para o menor percentual de uma série histórica iniciada em 2012.

A informação aparece no Boletim de Trabalho do RS, divulgado ontem pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE). Vinculado à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão, o DEE elaborou o estudo com base em dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No terceiro trimestre de 2020, o número de gaúchos com alguma atividade remunerada caiu para 4,97 milhões. Com isso, o nível de ocupação baixou para 51,5%, o menor da série. Na prática, o percentual mede o número de profissionais que têm algum tipo de trabalho em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar (14 anos ou mais), estimado em 9,65 milhões. No segundo trimestre do ano passado, o nível estava em 53,1%. Antes da pandemia, no terceiro trimestre de 2019, era maior, de 58,3%. À época, o Estado tinha 5,57 milhões de ocupados.

Ou seja, no intervalo de um ano, o grupo perdeu 596 mil pessoas. O número supera a população de Caxias do Sul (517,5 mil), segundo maior município gaúcho. Um dos responsáveis pelo estudo, o pesquisador Raul Bastos, do DEE, afirma que, além da pandemia, a estiagem no primeiro semestre de 2020 também causou reflexos negativos no mercado de trabalho.

– A economia gaúcha teve recuperação parcial no terceiro trimestre do ano passado, mas não foi suficiente para impedir a queda em alguns indicadores de emprego – frisa o pesquisador.

O boletim aponta ainda que, entre julho e setembro de 2020, os profissionais empregados ou em busca ativa de ocupação no Estado representaram 57,5% das pessoas em idade de trabalhar. Esse indicador é conhecido como taxa de participação na força de trabalho (TPFT). A marca também foi a menor da série histórica.

Em outras palavras, a TPFT pode ser entendida como a soma de ocupados e desempregados (5,54 milhões) em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar (9,65 milhões). Uma pessoa está desocupada quando não tem trabalho, mas tenta conseguir um.

– A taxa de participação pode ser interpretada como indicador de atratividade do mercado de trabalho. Quanto mais atrativo, mais as pessoas tendem a ficar interessadas em participar dele. A taxa no menor nível da série evidencia as dificuldades da pandemia combinada à estiagem – pontua Oscar Frank, economista-chefe da CDL Porto Alegre.

No terceiro trimestre do ano passado, a taxa de desemprego no Estado foi de 10,3%. É a maior de toda a série histórica, representando 574 mil pessoas.

O número de desempregados poderia ter sido ainda maior sem a criação de programas de estímulo à economia. Entre eles, está o auxílio emergencial, voltado para camadas como a dos informais. O benefício, lembra Bastos, protegeu a renda e permitiu que trabalhadores ficassem mais tempo em casa, sem pressão por buscar oportunidades em meio ao período de escassez de vagas e riscos sanitários.

Expansão

Além dos dados do IBGE, o boletim do DEE também analisou números específicos do setor formal. Esses detalhes integram a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), disponibilizada pelo Ministério da Economia.

Em 2019, ano com os dados mais recentes à disposição, o Rio Grande do Sul registrou expansão no trabalho formal. Ao final do período, o Estado teve saldo de criação de 57.194 postos com carteira assinada. Com isso, o total de empregos formais chegou a 2,96 milhões – primeira alta depois de quatro anos consecutivos de baixa ou estagnação.

Segundo o levantamento, o avanço está atrelado, em parte, a modalidades “menos protegidas”, estabelecidas ou alteradas na reforma trabalhista de 2017, em detrimento de “vínculos mais tradicionais”.

Vacinação é fundamental

Analistas frisam que a melhora no mercado de trabalho depende da retomada da economia como um todo. Neste início de 2021, a vacinação contra a covid-19 é considerada fundamental.

– No primeiro trimestre, a situação ainda vai ser complicada, com o fim de programas para sustentação de demanda e emprego. Nos demais, devemos ter recuperação lenta e gradual da economia – projeta Oscar Frank, economista- chefe da CDL Porto Alegre.

Márliton dos Santos Sabino, 27 anos, resolveu utilizar o período de crise para focar em um negócio próprio. Em abril de 2020, depois de ser demitido do setor calçadista, o morador de São Leopoldo, no Vale do Sinos, decidiu direcionar sua atenção para a venda de roupas fitness. Sua marca, que comercializa produtos com lojas e consumidores finais, já existia desde janeiro de 2018, mas hoje é a grande aposta do empreendedor.

Ele relata que o plano é seguir investindo. Uma das metas para 2021 é aperfeiçoar a venda de produtos por e-commerce. Hoje, a maior parte dos clientes fica em Porto Alegre e no Vale do Sinos.

– A experiência tem sido bem interessante. É isso que quero para minha carreira – conta Sabino.

 

Fonte: Jornal Zero Hora

Data

29 janeiro 2021

Compartilhe