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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

Projeções para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)
Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (23/08/2024) *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

O principal destaque da edição passa pela subida notável do prognóstico do PIB em 2024 (de 2,23% para 2,43%), apesar da agenda relativamente fraca de indicadores de atividade. De acordo com a série histórica diária, a mudança ocorreu em boa medida na sexta-feira (23), quando Jerome Powell (Presidente do Federal Reserve, o BC dos EUA), em discurso no famoso seminário de Jackson Hole, sacramentou o início do ciclo de queda dos juros americanos em setembro. Logo, ainda que sem sinalizar o tamanho do corte, os agentes que enviam suas previsões ao BC provavelmente interpretaram que a maior clareza no que se refere ao movimento é benigna para o Brasil, reverberando positivamente nas decisões de consumo e investimentos.

Acreditamos que as pressões de demanda decorrentes da intensificação do crescimento do produto pesaram para o ajuste do índice oficial de inflação (de 4,22% para 4,25%) em 2024. Já o acréscimo no IPCA esperado para 2025 (de 3,91% para 3,93%) pode guardar conexão com a repercussão das falas de Roberto Campos Neto. Em primeiro lugar, o mandatário do BC disse em entrevista que não se lembra de comentários a respeito da elevação da Taxa SELIC. Além disso, mesmo que o mercado esteja antecipando um aumento, é importante ter calma e cautela em momentos de volatilidade. Por fim, afirmou que existe divergência na avaliação dos membros do COPOM quanto ao balanço dos riscos de alta e de baixa dos preços. O tom mais suave no tocante à condução da política monetária possivelmente contribuiu para o fenômeno.

A melhora do panorama internacional (a despeito de questões geopolíticas que seguem no radar), a acomodação da taxa de câmbio (valor atual é inferior em comparação com a premissa utilizada no exercício preditivo do BC, que parte de R$ 5,55) e a interrupção, ao menos por ora, do processo de aceleração contínua do IPCA aguardado para 2025 ao longo das últimas semanas são elementos que nos fazem crer na manutenção do balizador do custo de crédito em 10,50% ao ano em setembro, embora o cenário de majoração definitivamente precise ser levado em consideração.

Avaliação do Índice do Banco Central (IBC) – junho de 2024

Definição: o IBC é um termômetro do nível de atividade criado através da agregação de dados setoriais.

Informações para o Brasil:

→ Jun-24 / Mai-24 (com ajuste sazonal): +1,37%;

• Estatística superou, e muito, o consenso entre os especialistas sondados pelo Broadcast+ (+0,50%);

• Os indicadores do IBGE mostraram expansão de +4,1% para a indústria, de +1,7% para os outros serviços e de +0,4% para o comércio ampliado;

• Houve revisão para cima dos números de fevereiro (de +0,46% para +0,51%), março (de -0,25% para +0,15%) e abril (de +0,25% para +0,41%);

Quais as implicações? Tanto o IBC quanto o Monitor do PIB, da FGV, exibiram avanço de +1,1% no 2ºT/24 em relação ao 1ºT/24. Hoje, a mediana das estimativas dos analistas para o respectivo período encontra-se em +0,9%. Cremos, portanto, que a variação é consistente com nossa expectativa de majoração de +2,3% em 2024, embora o viés existente seja de alta. Nesse sentido, entendemos que o consumo das famílias continuará sendo a mola propulsora do crescimento, fruto da dinâmica positiva do emprego, dos impulsos fiscais e da resiliência do mercado de crédito. Contudo, acreditamos em uma desaceleração no segundo semestre, até pela base de comparação bastante elevada.

E o Rio Grande do Sul?

→ Jun-24 / Mai-24*: +7,5%;

• Terceiro maior incremento da série histórica, iniciada em janeiro de 2003;

• Aumento sucede o tombo de -8,2% (leitura preliminar acusava -9,0%) determinado pelas enchentes no território gaúcho;

• Patamar ainda segue 1,3% abaixo do constatado em abril, ou seja, previamente às inundações;

→ Os resultados por segmentos apresentaram dicotomia;

• O parque fabril (+34,9%) praticamente devolveu toda a queda do intervalo imediatamente anterior (-26,3%);

• Por sua vez, o varejo (+13,9%) mais do que compensou a retração precedente (-6,9%);

• Já os demais serviços encolheram -14,5%, depois de permanecerem estáveis (-0,1%);

→ De uma maneira geral, junho foi caracterizado pelo reforço de liquidez disponível aos agentes econômicos via: (1) antecipação do pagamento de benefícios sociais; (2) injeção de dinheiro novo proveniente de diferentes esferas governamentais; (3) postergação de certas obrigações financeiras contraídas junto aos bancos públicos e privados.

Índice do Banco Central (IBC)
(Var. % em relação ao período anterior)
Fonte: Banco Central. *Com ajuste sazonal. | Elaboração: AE/CDL POA.

Panorama econômico e perspectivas para os juros dos Estados Unidos

O presente documento visa traçar uma breve análise da conjuntura americana e de suas repercussões para o futuro da taxa básica de juros (fed funds) dos EUA.

Inflação:

→ Tanto o CPI quanto o PCE (índice preferido do Federal Reserve, Banco Central dos EUA) apresentam dinâmica benigna;

• Os núcleos (recortes que procuram excluir itens tipicamente voláteis, como alimentos e energia) continuam se aproximando da meta de 2,0%;

Mercado de trabalho:

→ Somado ao crescimento da taxa de desocupação (de 4,1% para 4,3% na passagem de junho para julho, ou seja, acima da expectativa de estabilidade), o quadro relativo aos postos formais de trabalho (payroll) ganhou um novo componente;

• A revisão anunciada recentemente mostrou que o número de vagas líquidas criadas nos últimos 12 meses até março de 2024 diminuiu em 818 mil;

• Portanto, em vez da média mensal de 246 mil no período, a geração foi inferior: 178 mil;

• Embora pujante, também é verdade que o aquecimento era menor do que o imaginado anteriormente;

Quais as implicações para os juros?

→ Os resultados, aliados ao discurso do Presidente do FED, Jerome Powell, em sua participação no tradicional seminário de Jackson Hole, são consistentes com o começo do ciclo de queda de 0,25 ponto percentual já a partir da reunião do FOMC de setembro;

• De acordo com o mandatário, sua “confiança em torno da convergência dos preços rumo ao objetivo de 2,0% aumentou. É chegada a hora para ajustar a política monetária”;

→ Nosso prognóstico embute dois cortes adicionais de igual magnitude em novembro e dezembro, além da sustentação de declínios graduais em 2025;

• A intensidade das reduções poderá ser alterada, de modo que o principal condicionante para um aprofundamento diz respeito à eventual deterioração do emprego, conforme sinalizado pelo Powell;

Por que o movimento inicial não deve ser de -0,50 ponto percentual?

→ O exercício preditivo do FED de Atlanta, que incorpora distintos indicadores setoriais à medida em são lançados, estima que o PIB dos EUA no terceiro trimestre subirá +2,0% (ritmo anualizado) em comparação com o segundo, na série corrigida pela sazonalidade;

• As evidências disponíveis por ora não sugerem recessão;

Considerações finais: a notícia é positiva para o Brasil, pois ajuda a elevar o diferencial de juros para os EUA e, consequentemente, a atratividade dos investimentos financeiros locais (mantidos todos os demais fatores relevantes constantes). Logo, a concretização do referido cenário é importante para evitar uma piora da trajetória da Taxa SELIC ao longo dos próximos meses, ainda que possa não ser suficiente pelo peso das questões domésticas.

 

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    Data

    28 agosto 2024

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