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Destaques Econômicos CDL POA

Relatório FOCUS: as últimas previsões para a economia brasileira

 

Previsões para o Brasil*
(Unidades: descritas na tabela)


Fonte: Banco Central do Brasil / Relatório FOCUS (23/09/2022). *Mediana. | Elaboração: AE/CDL POA.

As grandes mudanças verificadas nos últimos sete dias dizem respeito aos prognósticos dos índices de inflação para 2022. Em primeiro lugar, a projeção para o IPCA caiu de +6,00% para +5,88%. Acreditamos que parcela relevante dos agentes de mercado incorporou os cortes anunciados pela Petrobrás para o diesel (-5,7%) e o gás de cozinha (-6,0%) recentemente. Ambos são consistentes com o recuo da cotação do barril de petróleo, diante dos temores de que tenhamos uma desaceleração mais forte do que a esperada para o nível de atividade global.

Já a estimativa para o IGP-M registrou decréscimo de +9,01% para +8,30%, com a onda de correções deflagrada depois da divulgação da segunda prévia para o mês de setembro (-0,91%), conforme a FGV. Novamente o comportamento das commodities no atacado apresentou contribuição decisiva para a deflação, em linha com a possível queda da demanda mundial.

Comentários acerca do panorama – COPOM

Cenário internacional: expectativas para o produto seguem em trajetória declinante. Além disso, a perda do poder de compra das moedas tem suscitado aumentos sistemáticos dos juros nos países desenvolvidos.

Quadro doméstico: termômetros setoriais permanecem acusando expansão da economia desde o encontro de agosto do Comitê. Por sua vez, apesar do arrefecimento em itens voláteis, como energia e alimentos, e dos impactos da diminuição dos impostos, os preços continuam elevados. 

De acordo com as simulações conduzidas pelo BC, haverá convergência lenta para as respectivas metas para o IPCA ao longo dos próximos períodos. Todavia, a incerteza nos números supera a usual.

Exercício preditivo para o IPCA do Banco Central
(Unidades: descritas na tabela)


Fonte: Banco Central | Elaboração: AE/CDL POA.

Balanço dos riscos para o IPCA:

Vetores altistas: (1) eventual resiliência inflacionária no exterior; (2) dúvidas quanto à sustentabilidade das contas públicas nacionais, o que afetaria desfavoravelmente os ativos, como o valor do Real em comparação com o Dólar; (3) menor ociosidade do que a imaginada, em especial no emprego.

Fatores de baixa: (1) barateamento adicional dos artigos básicos; (2) preservação da política de redução tributária após a virada do ano-calendário; (3) tração inferior à antecipada para o crescimento do PIB.

Por ora, a estratégia envolve a manutenção da Taxa SELIC no patamar de 13,75% ao ano. No entanto, o COPOM não fechou as portas para majorações suplementares em caso de deterioração das perspectivas.

 

PIB do 2º trimestre de 2022 do Rio Grande do Sul: avaliação dos dados

Visão geral: o produto no RS encolheu -3,5% entre abril e junho de 2022 em relação aos três meses imediatamente anteriores, depois do ajuste sazonal. Além disso, a leitura referente ao período entre janeiro e março foi revisada para baixo: de -3,8% para -5,1%.

Novamente o resultado foi afetado pela agropecuária (-38,3%), ainda como reflexo da gravíssima seca que atingiu a safra de verão de grãos. Essa foi a estiagem que causou o maior estrago para o setor primário em toda a série histórica, com queda acumulada de 57,5% no primeiro semestre em comparação com a mesma janela de 2021.

No que tange ao parque fabril, houve incremento de 3,0%. O ramo ligado à “eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana”, com elevação de +18,4%, foi beneficiado pela normalização do regime de chuvas. Ademais, a construção civil registrou a sexta alta consecutiva (+4,3%), algo que provavelmente está atrelado à execução de obras de infraestrutura em ciclo eleitoral e à resposta defasada das edificações às taxas de juros mantidas em patamares deprimidos até 2021. Por sua vez, embora a transformação (+1,7%) tenha apagado o recuo precedente (-1,1%), a categoria segue com dificuldades para gerar ganhos sustentados, dada sua suscetibilidade ao encarecimento do custo do crédito e à desorganização das cadeias de insumos / suprimentos internacionais.

No tocante aos serviços, o crescimento de +1,6% foi puxado pelo comércio (+6,9%). É bem verdade que o intervalo coincide com o início dos efeitos do Programa Renda e Oportunidade do governo federal, incluindo a liberação parcial dos saques do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas, assim como a continuidade da recuperação do mercado de trabalho. No entanto, a estatística contempla, em conjunto com outros levantamentos, o desempenho mensal da pesquisa do IBGE (PMC). E o mencionado termômetro, no nosso entendimento, não evidencia a realidade do varejo. Já os transportes (-1,8%), apesar do impulso deflagrado pela intensificação do e-commerce, sofreram com o impacto do problema no campo. Por último, os “outros serviços” (+2,4%), que também abarcam a parte de alojamento e alimentação, apresentaram avanço consistente, fruto da melhora do quadro sanitário e da volta de diversas atividades presenciais.

É importante destacar que os números não capturaram a redução de tributação em determinados bens e serviços considerados essenciais nem o fortalecimento das transferências via Auxílio Brasil / complementação dos rendimentos de caminhoneiros e taxistas.

PIB do Rio Grande do Sul
(Var.%)

Fonte: DEE. *Série com ajuste sazonal. | Elaboração: AE/CDL POA.

COPOM interrompe o ciclo de alta da Taxa SELIC

Observação: relatório escrito antes da decisão.

BREVE ANÁLISE DO PANORAMA:

Conjuntura externa: perspectivas seguem desafiadoras. Por um lado, Estados Unidos e Zona do Euro ainda terão de ampliar consideravelmente o custo do crédito para evitar deteriorações mais significativas do poder de compra de suas moedas. Por outro, diversos países no Velho Continente também sofrem com os efeitos da paralisação no fornecimento do gás russo, enquanto a China lida com problemas no ramo imobiliário e com a tentativa de controlar a COVID-19 através de medidas de restrição à mobilidade. Por fim, a deliberação de hoje do FED (BC dos EUA) não trouxe surpresas. Porém, a trajetória aguardada pelos membros no tocante aos juros americanos até o encerramento do atual ciclo piorou.

Quadro doméstico: as projeções para o IPCA em 2022 e 2023 apresentaram quedas expressivas desde a reunião do COPOM de agosto – de 7,14% para 6,00% e de 5,33% para 5,01%, respectivamente, conforme as estimativas de mercado do Relatório FOCUS. No primeiro caso, o corte da tributação sobre bens e serviços essenciais e o alívio verificado nos alimentos e nos manufaturados tem contribuído para tanto. Já o segundo, provavelmente, embute o impacto da redução da indexação. Vale destacar igualmente o arrefecimento dos indicadores que capturam a dinâmica no atacado, influenciada por algumas commodities, como o barril de petróleo. A tendência, portanto, é de que o comportamento benigno no curto prazo para o produtor tenha reflexo positivo para as famílias.

O crescimento do PIB continuou robusto entre abril e junho. Além disso, as evidências apontam para avanço consistente em julho, em linha com a divulgação do Índice do Banco Central (IBC) – +1,2% sobre junho. Por sua vez, o emprego permanece vigoroso, repercutindo favoravelmente na massa de salários real. No entanto, os termômetros preliminares relativos ao desempenho no mês de agosto acusam desaceleração (PMI). De toda a forma, entendemos que a atividade econômica e a ocupação fomentam pressões de demanda sobre o IPCA.

QUAL É A NOSSA APOSTA?

Acreditamos na tese de manutenção (13,75% ao ano) com probabilidade de 70%. Não descartamos, porém, um incremento adicional de 0,25 ponto percentual (30%).

Para a política monetária, a variável relevante diz respeito aos juros reais. Independentemente do cômputo utilizado, os patamares subiram nos últimos 45 dias, de acordo com as estatísticas do Relatório FOCUS. Ou seja, o Banco Central elevará o grau de aperto mesmo com a conservação da Taxa SELIC em 13,75%.

Taxa de juros real ex-post: (SELIC – inflação efetiva):

– 03/ago: 13,75% ao ano – 11,9% (IPCA acumulado nos últimos 12 meses até jun/22) = +1,7%;

– 16/set: 13,75% ao ano – 8,73% (IPCA acumulado nos últimos 12 meses até ago/22) = +4,6%;

Taxa de juros real ex-ante: (SELIC – expectativas suavizadas do IPCA para os próximos 12 meses):

– 03/ago: 13,75% ao ano – 5,64%= +7,7%;

– 16/set: 13,75% ao ano – 5,04%= +8,3%;

Data

26 setembro 2022

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